Discurso de Marcelo no 10 de Junho com críticas ao Governo: “É preciso cortar os ramos mortos”

Discurso de Marcelo no 10 de Junho com críticas ao Governo: “É preciso cortar os ramos mortos”


Palavras do chefe de Estado serviram para elogiar o povo português, mas também para apontar, novamente, o dedo ao Governo de António Costa.


O Presidente da República sublinhou, este sábado, que Portugal tem de insistir na criação de riqueza e de igualdade. Num discurso em que salientou a influência externa do país, Marcelo Rebelo de Sousa deixou, como é habitual, recados ao Governo e não resistiu a enviar nova indireta sobre João Galamba, nas cerimónias do 10 de Junho, no Peso da Régua.

"Não podemos desistir nunca de criar mais riqueza, mais igualdade, mais coesão, distribuindo essa riqueza com mais justiça", afirmou o chefe de Estado, defendendo que só assim Portugal continuará a ter "projeção do mundo”.

"É de pasmar para tão pequeno território terrestre e tão reduzida população. Temos um peso no mundo muito muito maior, de longe, do que o nosso território terrestre", acrescentou, antes de deixar uma questão, que pode ser interpretada como um recado ao Governo.

"De que nos serve essa influência mundial, se, entre portas, sempre tivemos e temos problemas por resolver?". "Mais pobreza do que riqueza, mais desigualdade do que igualdade, mais razões para partir às vezes do que para ficar. Sejamos honestos para connosco mesmos, assim tem sido e continua a ser século após século", sublinhou.

O Presidente da República desejou um Portugal “mais forte e mais justo cá dentro” e faz vários paralelismos com o Douro, paisagem das cerimónias, que “será sempre o exemplo da persistência da luta diária” e como o seu vinho “continua a projetar Portugal no mundo”.

E continuando na analogia vitivinícola, lembrou que o país é capaz “do melhor vinho”, mas às vezes é preciso “cortar os ramos mortos, que atingem a árvore toda”.

Marcelo também não esqueceu a importância da imigração para o nosso país e do papel da emigração na visão externa de Portugal como referência, dando o exemplo do português ferido a tentar travar o homem que atacou várias crianças num parque infantil em Annecy, França.