Começo este artigo por fazer uma declaração de intenções, bastante para referir que desde jovem, muito jovem, nutro genuína admiração por Cavaco Silva, e que me sinto completa e abertamente à vontade para o elogiar, quanto mais não seja porque não tive até ao momento o gosto de o conhecer, falar consigo por qualquer casualidade, ou simplesmente coincidir com a sua presença em qualquer fórum.
Declaração de intenções feita, Cavaco Silva voltou a falar, e se me permitem a metáfora, a tenda do verdadeiro circo em que se transformou o PS voltou a tremer. Trapezistas a tremer no arame para um lado, ursos velhos e viciados a rugir para o outro, barafunda total.
Doa a quem doer, e ao Partido Socialista, dói que se farta, quando Cavaco fala, é vê-los todos que nem avestruzes a espanafrar pela savana fora.
Claro que Cavaco, como todos os políticos, terá tido altos e baixos na sua carreira, mas que aqueles que foram os pontos mais altos do país nestes últimos 50 anos coincidiram praticamente todos com os períodos em que governava, meus amigos, aí, escusam de inventar manigâncias contra ele que não dá hipótese.
Torna-se por isso absolutamente cómico, e digo cómico para não dizer triste, daquela tristeza de meter dó, ouvir tudo quanto o Partido Socialista, através de vários dirigentes que não só ninguém sabe quem são no presente como por coisa nenhuma serão lembrados no futuro, tem vindo dizer sobre o antigo Chefe de Estado.
Até porque, diga-se em abono da verdade, desta feita Cavaco Silva nem disse nada de especial, apenas vocalizou o obvio, e vocalizando o obvio, apenas disse aquilo que todos os portugueses sentem sobre a governação do país, leia-se, que não é nenhuma.
Olhem, Cavaco foi tão claro, mas tão claro, que até me parecia o André Ventura!
Aquilo que o PS considera serem afrontas discursivas e de tom nas palavras de Cavaco Silva, e que múltiplos comentadores e pseudo opinadores tanto se esforçam agora em catalogar como sendo excessos de linguagem, não são excessos de linguagem coisa nenhuma. São a mais linear, básica, simples e simultaneamente tão pura e verdadeira avaliação da miséria em que António Costa e os seus governos colocaram Portugal.
Para terminar, apenas mais uma nota:
Cavaco fez muitíssimo bem em aclarar que o PSD não tem obrigação nenhuma em anunciar previamente qual a sua estratégia de coligações. Primeiro porque o PS, como se comprovou pela geringonça, também não anuncia as suas, e em segundo, e mais importante, porque a haver uma coligação, não é a almoçar com a Iniciativa Liberal que o PSD pode ambicionar governar.
Esperemos que o PSD esteja à altura das suas responsabilidades.
O Chega estará com toda a certeza à altura das suas!
Assessor jurídico do Chega no Parlamento