O nome de família faz parte do nosso acervo patrimonial ostentado, sobretudo se tiver sido preservado como marca positiva de posicionamento e passagem pela vida. É um ativo que pode ser fustigado ou valorizado pelas ações e omissões dos respetivos indivíduos e núcleos familiares, mas, mesmo na sua singularidade ou raridade pode estar sujeito a erosões por terceiros, indiferentes aos valores e aos princípios. Há quem conviva bem com o delapidar desse património e com o seu envolvimento em polémicas e casos públicos, além das calhandrices correntes de rua ou das comunidades.
O nome pode ser distintivo ou comum, este mais imune às dinâmicas da sociedade e dos media, porque imerso no mar de cidadãos com o mesmo apelido.
O meu pai forjou o nome de família, oriundo da Aldeia Nova de São, agora vila, no concelho de Serpa, como um ativo a ser preservado de qualquer desvio comportamental individual ou familiar, privado ou público.
O trabalho honesto, absorvente e competente, com valores e princípios, com compromisso para a concretização dos projetos, com espaço para a amizade, a solidariedade e algum tempo para a família são parte desse património que sempre quis e quero honrar.
É um património que procurei preservar no desempenho de funções públicas, abandonadas há quase uma década, e são inspiração para a afirmação de um pensamento livre, crítico e de grande preocupação com a Democracia e o País.
Os Galambas são originários do Baixo Alentejo, depois há variantes em Ourém, na Figueira da Foz e noutras paragens, mas os originais são do Alentejo, com orgulho, apesar de muito marcados pelo abandono do território original para a procura de melhores condições de vida nos arredores de Lisboa.
Não se trata de pedigree, mas de separar águas num momento em que o conspurco do nome ganhou inevitáveis projeções na vida concreta de quem transporta com seriedade, honra e senso o apelido Galamba, com a único aspeto positivo a ser o deixar de ter de soletrar o G-a-l-a-m-b-a, sempre que alguém o tinha de escrever.
Não há nenhuma ligação familiar ou identificação com o perfil de posicionamento público e político do protagonista visado. Aliás, neste universo político e partidário em que protagonistas que surgem como cometas ou estrelas cadentes, sem condições básicas para o exercício de funções públicas, sem senso e com toda a presunção do mundo, já nada é de estranhar, nem a transumância de protagonistas de miséria para os gabinetes do poder.
Quem não fez o caminho das pedras da construção democrática ao longo de quase meio século de Democracia, com derrotas e vitórias, poder e oposição, dificuldades e facilidades, com facilidade se engaja em projetos do poder pelo poder, focados nos ganhos pessoais e orientados pela sobrevivência política terá sempre dificuldade em perceber a ética republicana, a centralidade do bem comum, o sentido de serviço público e que o poder é um exercício efémero, escrutinado e sujeito à crítica.
Quem desvaloriza as disfunções lesivas do ambiente social, que tolhem as perceções em relação à política e aos políticos, desprestigiam as instituições, destroem a confiança e implodem os laços de compromisso da vida em comunidade contribuem por omissão para minar os pilares da Democracia. São promotores ativos dos fenómenos radicais, populistas e extremistas, com uma estratégia política totalmente errada em relação ao CHEGA, porque apenas assente no confronto em vez de atacar as causas que estão na base da afirmação política. Fazer a primeira sem a segunda é um disparate político que contribuirá para a pulverização da representação parlamentar ou para a existência de uma alternativa de governo à direita, à luz da doutrina parlamentar de António Costa, já em vigência nos Açores.
É por tudo isto miserável a simplificação da titularização mediática do protagonista político e do universo gravitacional, das ações às pessoas que escolhe para fazer parte das equipas, a que temos assistido nas últimas semanas. É Galamba, mas tem nome próprio.
Com um apelido comum é inócuo, com um nome diferenciador é ter uma árvore que conspurca a floresta dos Galambas, onde existem diversos espécimes, alguns autóctones, a par de exemplares invasores, intrusivos e nocivos.
Portanto, não sejam preguiçosos, conjuguem lá o nome próprio com o apelido, porque há mais Galambas na terra e há gente com quem não nos queremos nem podemos confundir. Depois de oficialmente declarado o fim da emergência global da covid-19 era só o que faltava um contágio de conspurco de património herdado dos meu falecidos pai e mãe, preservado por eles em vida e mantido intacto em mais de 24 anos de intervenção pública, com 16 de ação política em funções públicas.
Tal como os chapéus, Galambas, há alguns seus palermas! Sejam rigorosos!
NOTAS FINAIS
PORTUGAL, WE HAVE A PROBLEM! A ligeireza com que pilares da justiça, dos serviços de informação e do Estado de Direito se vergam ao poder político em funções é da maior preocupação democrática porque é gerador de desconfiança e incerteza no funcionamento das instituições. Os fins não podem justificar todos os meios, numa República decente.
A DESMONTAGEM DA LINHA DA AUTO-EUROPA. O embeiço da recandidatura presidencial de Marcelo na Autoeuropa terá chegado mais ou menos ao fim. Um pouco de mais foco no país, nas pessoas, na necessidade de concretizar e na preservação das instituições democráticas e não se perdia mesmo nada. Nas famílias, os filhos, por vezes, têm coisas destas. No Estado deveria ser diferente.
OS FRETES IGNORANTES DE MIGUEL PRATA ROQUE. Despojado da governação, surge agora como argumentador das causas governativas nos media, entre a jorna e a candidatura a alguma coisa. Na semana passada, comparou a reação de Marcelo ao posicionamento do PS num orçamento de Estado de ter chamado e elaborado o memorando da Troika. Para douto da academia é demasiada ignorância para desconhecer o que significava um compromisso escrito e assinado por outros, que condicionavam, em nome do país, os seguintes.