“Como podemos nós, pátria de emigração, ser egoístas com os dramas que são dos outros?”

“Como podemos nós, pátria de emigração, ser egoístas com os dramas que são dos outros?”


Chefe de Estado defende ida do Lula ao Parlamento no 25 de Abril e deixa elogios à democracia e recados ao Chega.


O Presidente da República começou a seu discurso por saudar os capitães de Abril, deixando em seguida uma palavra dedicada aos "preferiam que o 25 de Abril não tivesse existido". "A esses há que dizer que o tempo não volta para trás".

No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa fez também questão de dizer que é legítimo que haja quem olhe para o 25 de Abril como um ideal "imperfeito" e "frustrante", pois os "sonhos" e "aspirações" de muitos não se realizaram.

E pegou nessa divergência para sublinhar os méritos da democracia. "Em ditadura, ou se está pela ditadura ou se combate a ditadura", no caso da democracia é sempre possível criar "caminhos diversos".

"Esse pluralismo é crucial. Faz parte da essência da democracia e, em ditadura, nunca haveria", acrescentou, sublinhando que o povo é o "efetivo garante da estabilidade".

O chefe de Estado comentou ainda a polémica da ida de Lula da Silva ao Parlamento na data em que se assinala o 25 de Abril. "Faz todo sentido o encontro de hoje", disse. "O 25 de Abril começou por existir por causa da descolonização" e que o Brasil "foi pioneiro" desse processo, logo em 1822. 

Ainda sobre a descolonização, adiantou: "Temos de assumir o que fizemos. Pedir desculpa não chega".

A terminar, o chefe de Estado evocou as suas ligações familiares ao Brasil, lembrando que o seu avô emigrou, no séc.XIX, em busca de uma situação melhor à de então no Minho. Marcelo defende que Portugal tem de ser solidário com os imigrantes que recebe. "Como podemos nós, pátria de emigração, ser egoístas com os dramas que são dos outros?", questionou.

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