Ataques cibernéticos, instabilidade política ou social e inflação: Conheça os principais riscos para as empresas

Ataques cibernéticos, instabilidade política ou social e inflação: Conheça os principais riscos para as empresas


O Top-5 dos riscos que o mundo vai enfrentar tem duas novas entradas este ano: a estagnação económica prolongada e a geopolitização de recursos estratégicos, revela a Marsh.


Numa altura em que os ataques cibernéticos têm sido cada vez mais uma realidade, este é o risco que mais preocupa as empresas portuguesas este ano. Esta é uma das principais conclusões do estudo ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos’, desenvolvido pela Marsh Portugal, que acrescenta que no que se refere aos riscos que o mundo vai enfrentar em 2023, o destaque vai para a inflação como risco mais relevante.

Feitas as contas, os 132 líderes empresariais que participaram no inquérito apontam como principal risco que o mundo vai enfrentar em 2023 a inflação (54%), que sobe de lugar uma vez que ocupava ‘apenas’ a quarta posição no top dos riscos esperados em 2022. E registou uma subida de nove pontos percentuais este ano.

Depois, a “falha de medidas de cibersegurança” (49%) ocupa o segundo lugar neste ranking, perdendo a liderança que registava no ano passado, e os “eventos climáticos extremos” (42%) consolidam-se na terceira posição. Mas o top-5 conta com dois novos riscos: a “estagnação económica prolongada” (29%), que ocupava o 15.º lugar das preocupações em 2022 e a “geopolitização de recursos estratégicos” (28%), que sobe uma posição face ao ano passado.

Mas, diz o estudo, focando apenas nos riscos que as empresas consideram que as vão afetar diretamente a nível nacional, os inquiridos colocam o risco “ataques cibernéticos” em primeiro lugar (46%). Segue-se a curta distância pela “instabilidade política ou social” (45%), que sobe uma posição face ao ano anterior. E o top-3 fecha com a “inflação”, um risco adicionado no estudo deste ano à lista de riscos económicos.

A “retenção de talentos” (35%) ocupa a quarta posição e a “falha na cadeia de fornecimento” (33%), risco que ocupava o primeiro lugar nos riscos mais esperados a nível nacional em 2022, fecha este top-5.

 

Cada vez mais investimento na criação de áreas de dedicadas à gestão de risco

Ao Nascer do SOL, Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal, defende que “começamos a ver cada vez mais as empresas a investirem na criação de áreas dedicadas à gestão de riscos de uma forma holística à organização”, acrescentando que “se há algo que podemos recomendar a todas as empresas é isso mesmo. Os nossos decisores, no seu dia a dia, já gerem risco sempre que tomam decisões, mas é muito importante o papel de uma área dedicada para conhecer quais os riscos, identificar e gerir os principais e mais críticos para o negócio e como se interligam, além de que é fundamental quantificar cada um deles”.

E deixa um exemplo: “No topo das preocupações das empresas portuguesas surgem os riscos no âmbito da cibersegurança, as empresas têm plena consciência de que estão expostas, só não sabendo quando pode ocorrer e – acrescento – quanto lhes pode custar. A nossa experiência na implementação de medidas de mitigação, quantificação e transferência têm ajudado muitas empresas a continuar a tirar partido das oportunidades que a tecnologia lhes traz, de forma mais controlada”, diz ao nosso jornal.

O estudo da Marsh revela também que 50% das empresas dão grande importância à prática da gestão de riscos e 34% consideram dar suficiente importância. Apenas 15% afirmam dar pouca importância a esta temática.

Já no que diz respeito ao valor orçamentado para a gestão de riscos verifica-se uma continuidade da tendência que já vem do ano passado: 39% dos inquiridos indicam que o valor aumentou em 2023; 42% afirmam que o valor estabilizou; 17% avançam não saber qual o valor orçamentado para a gestão de riscos nas suas empresas e 2% dizem que este valor diminuiu.

Fernando Chaves diz ainda que o estudo deste ano traz a novidade “sobre o estado da arte das nossas organizações relativamente ao ESG”. E explica que “não sendo um tema que tenha surgido nos últimos meses, os resultados das respostas obtidas, se por um lado revelam bons indicadores, por outro demonstram que há ainda muito caminho a percorrer por parte de muitas empresas – em especial as médias e pequenas –, em temas que não só são urgentes como impactantes no futuro, nomeadamente das próximas gerações”.

O responsável diz que, daqui a um ano, “seria muito bom ver que a percentagem de empresas que afirma ter uma performance elevada em matéria de ESG e Sustentabilidade aumentou consideravelmente”.

 

Cinco anos de mudanças

A verdade é que de ano para ano as preocupações das empresas vão mudando e, numa análise aos riscos esperados para o presente ano a nível global e fazendo a sua comparação com os quatro anos anteriores, foi revelada a permanência de riscos tecnológicos nas duas primeiras posições, “o que evidencia a importância atribuída pelos inquiridos ao tema da cibersegurança, reconhecendo a vulnerabilidade das organizações perante ataques cada vez mais sofisticados e intensos”.

A Marsh diz que outra realidade em evidência é a importância dada aos riscos económicos, com a inflação e a estagnação económica a subirem no top dos riscos a nível mundial, o que denota a preocupação dos inquiridos face ao desempenho económico em 2023.

Ao nível dos riscos ambientais, os eventos climáticos extremos ocupam o top-3 dos riscos mais esperados pelas empresas para o ano de 2023, posição que ocupa desde 2018, à exceção dos anos de 2021 e 2022. O posicionamento estável desta tipologia de riscos leva à conclusão que as empresas portuguesas têm uma noção clara do peso que os eventos climáticos extremos têm para a economia global, numa perspetiva de longo prazo, e a dificuldade em mitigar esse mesmo risco e os impactos relacionados no futuro próximo.