Seleções. Jovens portugueses à conquista da Europa

Seleções. Jovens portugueses à conquista da Europa


Portugal vai estar presente na fase final de três campeonatos da Europa com diferentes gerações de jogadores com o objetivo de vencer. Vai ser um verão cheio de futebol jovem e de muita qualidade.


Um percurso de sucesso abriu às seleções de Sub-21, Sub-19 e Sub-17 as portas de três fases finais de europeus no mesmo ano, algo que só a Itália e Espanha conseguem igualar. Este apuramento vem confirmar a excelência do trabalho realizado pelos clubes nos escalões de formação, e em especial dos treinadores, da sua sabedoria, da metodologia do treino, do sistema de jogo e da utilização de novas tecnologias de observação e investigação. Esse trabalho tem depois seguimento com a chamada dos jovens às seleções nacionais onde adquirem novas experiências. É com a envolvência de todos que o futebol jovem tem conseguido excelentes resultados. Recorde-se que, em 2022, a UEFA considerou as seleções nacionais jovens as melhores a nível europeu nos últimos três anos, tendo a FPF recebido o troféu Maurice Burlaz.

Nos últimos anos verificou-se uma mudança na forma como os jogadores são selecionados, no modo de treinar e na própria organização de jogo. Depois, o enorme talento, a vontade em jogar com qualidade e a determinação para valorizar Portugal foram determinantes para as três seleções conseguirem excelentes resultados a nível europeu. 
A formação é o caminho para o sucesso desportivo e financeiro, isso está bem evidente nos últimos títulos conquistados pelo FC Porto com Diogo Costa, Fábio Vieira, Vitinha e Fábio Silva, e Sporting, com João Palhinha, João Mário, Nuno Mendes e Gonçalo Inácio. Com tanto talento, não admira que Portugal seja dos países que exporta mais jogadores jovens. Segundo os últimos dados do Observatório do Futebol CIES, a Premier League é a competição onde há mais portugueses a jogar (17), seguida pelos campeonatos de França (12), Polónia e Turquia (11) e Itália (9). O mesmo estudo indica que há também jogadores a atuar na Austrália (2), Arábia Suadita (1), Brasil (1) e Estados Unidos (1).

No que diz respeito ao retorno financeiro, os principais clubes ganharam muito dinheiro com a venda de jogadores da formação nos últimos anos, sendo um factor decisivo para a sua sustentabilidade. O Benfica foi o clube que mais lucrou nos últimos cinco anos com as transferências de jogadores ‘made in Seixal’. A equipa encarnada surge em primeiro lugar no estudo divulgado pelo Observatório do Futebol com um lucro de 370 milhões de euros, o Sporting ocupa o quinto posto com um resultado positivo de 268 milhões de euros, o FC Porto é oitavo classificado com 178 milhões e o Braga surge na nona posição com um lucro de 142 milhões.

O campeonato que falta O europeu de Sub-21 realiza-se na Geórgia e Roménia em junho e julho. Portugal vai ter como adversários a Geórgia, os Países Baixos e a Bélgica, e quer vencer a única competição que falta na sala de troféus da FPF. Já disputou três finais e perdeu-as todas, a última frente à Alemanha (0-1) em 2021. A seleção deste ano está mais madura, joga melhor e concluiu a fase de qualificação sem derrotas. A equipa de Rui Jorge mostrou grande solidez defensiva, sofreu apenas três golos em dez jogos, e mostrou grande poder ofensivo com 41 golos marcados. Portugal foi o melhor ataque entre as 52 seleções, destacando-se as expressivas vitórias frente ao Liechtenstein (11-0 e 9-0).

O selecionador utilizou 35 jogadores no apuramento, com uma média de idades de 20,9 anos. A nível individual, destacou-se Gonçalo Ramos como o melhor marcador, com 12 golos. O FC Porto foi o clube que cedeu mais jogadores à seleção (7).

Depois de ter feito uma qualificação irrepreensível, a seleção é apontada como uma das favoritas a vencer o europeu, contudo Rui Jorge não pensa assim. “Não tenho a mesma visão das coisas em relação a um eventual favoritismo de Portugal. É certo que conseguimos bons resultados e, se formos por aí, não tenho como negar, mas para mim o mais importante é o que fazemos para nos mantermos neste lugar”, disse o selecionador nacional. E acrescentou: “O que me importa é a forma como nos apresentamos porque os jogadores nunca estão como nós queremos. Estamos sempre à procura da perfeição e de deixar uma boa imagem do futebol português. Temos um grupo com muita qualidade e vamos trabalhar para conseguir corresponder às expectativas dos portugueses”.

Reconquista Ao vencer todos os jogoda da Ronda de Elite, a seleção de Sub-19 garantiu o apuramento para o europeu que tem lugar em Malta, no mês de julho. Estão apuradas a Grécia, Islândia, Itália, Malta, Noruega, Polónia e Espanha, o sorteio da fase final realiza-se a 19 de abril, mas uma certeza existe: Portugal quer repetir o triunfo alcançado em 2018, na fantástica final frente à Itália (4-3), onde jogaram Florentino, Jota e Trincão. Já antes, Luís Figo e Bernardo Silva tinham dado nas vistas nesta competição.

Foram utilizados 20 jogadores em toda a qualificação, com uma média de idades de 18,7 anos. Hugo Félix foi o melhor marcador, com três golos. O Sporting foi o clube mais representado na seleção, com 11 atletas. O selecionador Joaquim Milheiro mostrou-se satisfeito por ter ganho os três jogos da fase de qualificação, com sete golos marcados, e frisou: “A seleção joga com qualidade e com uma intensidade elevada. Sinto que tenho uma verdadeira equipa, com uma alma e disponibilidade fantásticas”. Sobre o europeu, teve um discurso otimista: “Na fase de Elite estivemos brilhantes, mas queremos mais e espero apresentar um elevado rendimento em Malta. Somos exigentes connosco próprios para acrescentar sempre algo. O que temos de fazer é manter níveis de concentração elevados e ter desempenhos de elevado rendimento”, explicou. Portugal e Inglaterra são as seleções com mais jogos disputados em fases finais (45), mas a seleção nacional tem o recorde negativo de golos sofridos (62).

Na categoria mais jovem, os Sub-17 garantiram também um lugar na fase final do europeu, a disputar na Hungria, entre maio e junho. A seleção vai defrontar a França, Alemanha e Escócia, as duas primeiras classificadas passam à fase seguinte. Na Ronda de Elite, Portugal e França foram as únicas a vencer todos os jogos, o que mostra o potencial dos jovens portugueses. O selecionador nacional, Filipe Ramos, utilizou 28 jogadores em que a média de idade era de 16,9 anos. Nuno Patrício foi o melhor marcador com quatro golos e o Benfica a equipa que cedeu mais jogadores (7).

O selecionador não teve dúvidas em afirmar “fomos a melhor equipa da qualificação. Estamos extremamente satisfeitos pela maneira como trabalhamos. Os jogadores foram fantásticos e merecem ir ao Europeu”, e lembrou os clubes “trabalham com os jogadores muito mais tempo do que nós e fazem um trabalho de qualidade”.