A Páscoa é para muitos sinónimo de férias ou fim de semana prolongado e o turismo nacional tem bons motivos para sorrir. A procura cresceu e as reservas estão praticamente ao nível de 2019 – se não melhores –, aquele que foi considerado o melhor ano para a atividade turística nacional. De norte a sul do país, as entidades turísticas estão otimistas.
Lisboa
Para a região de Lisboa não há dúvidas: as perspetivas para o período da Páscoa são «bastante positivas». Quem o diz é Vítor Costa,
presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa que explica ao Nascer do SOL que estas perspetivas têm como base a «a evolução verificada nos últimos tempos, designadamente, nos primeiros meses de 2023». O responsável acrescenta que esperam «crescer em termos quantitativos, isto é, em número de turistas e de dormidas e, também, em termos qualitativos, ou seja, em termos da riqueza gerada pelo turismo», destacando que os dados dos primeiros meses de 2023 «permitem esperar uma subida bem superior a 10% relativamente a 2019, o último ano antes da pandemia».
No que diz respeito às taxas de ocupação, as indicações dadas pelos associados permitem esperar uma taxa de ocupação à volta dos 90% para este período.
Já quanto aos mercados mais esperados, Vítor Costa explica que «tradicionalmente o mercado espanhol é muito forte no período da Páscoa. Por essa razão e pelo comportamento desde o início do ano cremos que esta tendência se verificará novamente». Mas há ainda destaque para os mercados americano, francês e brasileiro que «também estão com bastante força».
Questionado sobre se é seguro dizer que esta Páscoa será melhor que a de 2019, o presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa não tem dúvidas: «Tudo indica que sim. Esperamos superar em cerca de 10%».
Algarve
A Páscoa traz boas perspetivas também para o Algarve, região do país onde as taxas de ocupação estão em alta, principalmente porque esta época é antecedida pelo grande prémio do Moto GP. «Estamos já antes da Páscoa a ter uma afluência que acompanha também a recuperação que temos vindo a verificar durante o inverno», diz ao nosso jornal João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, lembrando que foi feito um esforço promocional em conjunto com a ANA Aeroportos e o Turismo de Portugal e «desde outubro que temos um recorde de passageiros desembarcados no aeroporto de Faro, o que dá sinal da recuperação grande dos mercados externos em especial dos mercados tradicionais».
Lembrando que este ano a Páscoa é mais cedo do que nos últimos dois anos, João Fernandes acredita que esse fator «vem reforçar e antecipar o arranque da chamada época alta». «Estamos com um verão Iata [período de maior fluxo de passageiros nos aeroportos] que começa agora a 26 de março com mais 18 novas operações aéreas, mais 335 mil lugares durante o verão Iata, entre final de março e outubro».
Feitas as contas, as perspetivas são as melhores: «A Páscoa vem neste contexto com reservas já a um nível muito elevado. São esperadas taxas de ocupação por quarto, em abril, superiores às registas em 2019, próximas já de 70%, o que para abril é muito alto. E, durante a Páscoa, a taxa de ocupação andará, no fim de semana da Páscoa, por volta dos 90%». É, na opinião do responsável, «um valor muito elevado, sendo naturalmente um período de grande afluência ao Algarve, em especial pelo mercado nacional, mas também a visita de espanhóis, esta realidade está a ser acompanhada de uma procura também igualmente elevada por britânicos, franceses, espanhóis, irlandeses, alemães, holandeses».
Por isso é claro que esta Páscoa «já será melhor que 2019», diz o responsável, acrescentando que «no ano passado a Páscoa foi em meados de abril mas no primeiro trimestre nós ainda tivemos grandes perdas face a 2019» e que «a verdade é que este ano claramente com as reservas que temos já em carteira, vamos estar acima de abril de 2022 e, à partida, acima de abril de 2019», um indicador positivo que já vem a registar-se desde março.
Por isso, João Fernandes defende que estes valores são «um sinal de que a recuperação que assistimos em 2022 continua o seu caminho também em 2023 com resultados incríveis».
Alentejo
No Alentejo, há muito que os números positivos no turismo têm sido uma realidade e esta Páscoa não será exceção. O presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, diz ao Nascer do SOL que esta época «está ao mesmo nível do ano passado e, nalgumas unidades, até está melhor», acreditando que será «muito boa» e que já «supera os níveis de 2019». «Fechámos 2022 como o melhor ano de sempre, embora, em termos de dormidas, com uma ligeira subida do mercado nacional e ainda não recuperámos completamente em termos de dormidas o mercado internacional, ainda nos falta recuperar à volta de 6%». No entanto, no que diz respeito aos proveitos, foi registado um acréscimo de 27%.
Vítor Silva revela que o aumento de procura para o Alentejo tem sido «muito grande e os preços também subiram significativamente e os proveitos também», uma tendência que se continua a manifestar este ano.
Voltando à Páscoa, os resultados finais só serão conhecidos depois. Ainda assim já se pode fazer previsões: «As informações que tenho é que as taxas de ocupação estão muito boas e, em muitos sítios, até melhores que em 2019. Sabemos que os preços aumentaram significativamente no Alentejo e estamos convencidos que a Páscoa vai ser muito boa para o nosso território», defende.
No que diz respeito aos mercados, além do nacional, o destaque vai para o espanhol «que é sempre muito forte nesta altura da Páscoa». Mas também o norte-americano, um mercado que tem crescido muito, o mercado dos Países Baixos e da Bélgica flamenga. «E já estamos a assistir a uma recuperação mais importante do mercado brasileiro embora ainda, como sabemos, ainda é uma dor de cabeça para Portugal».
Centro
Seguimos para o Centro do país onde as perspetivas também são animadoras. Pedro Machado, presidente da Entidade Regional Turismo do Centro, garante: «Temos excelentes perspetivas para o período da Páscoa, assim como para o resto do ano. Os indicadores e os dados de que já dispomos deixam antever que será um ano de excelentes resultados para o setor na região». O otimismo assenta nos dados preliminares do INE, relativos aos resultados de janeiro de 2023 do alojamento turístico no Centro de Portugal que já mostra valores acima de 2019. «Embora seja muito cedo para previsões, a verdade é que a subida notável da procura da região em janeiro tem todas as condições para se verificar no resto do ano, em particular no verão. Não há nenhum motivo objetivo para que tal não aconteça», prevê.
No que à Páscoa diz respeito, Pedro Machado lembra que o Turismo Centro de Portugal efetuou um inquérito a um universo de 444 unidades hoteleiras da região, tendo respondido 107. «Destes 107 hotéis, um total de 26 (ou seja, 24%) têm pelo menos uma noite lotada no fim de semana alargado da Páscoa, uma percentagem que presumivelmente irá aumentar com a proximidade da data e com as reservas de última hora», diz, acrescentando que os territórios que apresentam mais hotéis com pelo menos uma noite lotada são a Serra da Estrela, Aveiro e Fátima.
Em números, «a média atual de ocupação (dos 107) é de 54%, 55% e 33% para sexta-feira, sábado e domingo de Páscoa». Mas recorda que a maior parte dos dados foram recolhidos a um mês desse fim de semana, «pelo que é expectável que os valores atuais sejam bem mais elevados».
Em termos de mercados, tradicionalmente «o mercado espanhol é muito forte na região na altura da Páscoa. Certamente que continuará a ser o mais importante, logo a seguir ao mercado nacional. Contamos também com aumentos nos mercados de França, Brasil, Alemanha e EUA».
É possível então esperar uma Páscoa melhor que a de 2019? «Acreditamos que isso irá acontecer. O Centro de Portugal é cada vez mais uma primeira escolha por quem pretende passar férias, ou alguns dias, longe dos destinos mais massificados e a Páscoa é um período propício para isso», diz Pedro Machado.
Porto e Norte
Acima de 2019 estará também o Porto e Norte do país. Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte, diz ao nosso jornal que as «perspetivas são as melhores», uma vez que se espera a chegada de muitos turistas. A taxa de ocupação ronda os 85% a 95%.
A nível de mercados, os países mais esperados são Espanha, França e Estados Unidos. E os números não enganam: «Seguramente que teremos uma Páscoa melhor que em 2019, quer em termos de turistas, mas sobretudo em termos de receitas», antecipa Luís Pedro Martins.