As autoridades de Hong Kong cancelaram o visto de trabalho do cientista chinês condenado à prisão por criar os primeiros bebés geneticamente modificados do mundo.
Os funcionários da imigração acreditam que o investigador adulterou o formulário de candidatura, segundo a emissora pública RTHK.
O cientista chinês He Jiankui, libertado em abril do ano passado após cumprir uma pena de três anos, disse, na terça-feira, que o visto tinha sido aprovado através de um programa local de recrutamento de talentos e estava à procura de colaboradores para uma investigação sobre terapia genética para doenças raras.
Porém, ao final do dia de terça-feira, as autoridades comunicaram o cancelamento do visto uma pessoa que "forneceu pormenores falsos" na candidatura, garantindo ainda a abertura de uma investigação, mas sem avançar qualquer identificação.
O investigador, ficou conhecido internacionalmente em 2018, depois de afirmar ter criado com êxito bebés geneticamente modificados para resistir ao VIH, acrescentando que pretendia realizar uma investigação de modificação de genes em Hong Kong, utilizando inteligência artificial.
Da experiência de He, realizada com recurso à técnica de edição genética CRISPR/Cas9, nasceram três bebés: em 2018, duas gémeas chamadas Lulu e Nana, e em 2019 outra chamada Amy.
O caso levou as autoridades chinesas a rever os regulamentos sobre alteração genética em seres humanos, passando a exigir aprovação para pesquisas clínicas nesse campo ou em outras "tecnologias biomédicas de alto risco".
O Governo chinês publicou também novas diretrizes para reformar os processos de revisão ética em áreas como ciências da vida, medicina ou inteligência artificial.