Alvin Toffler explicou que nenhum sistema de riqueza pode subsistir sem o suporte da sociedade e da sua cultura para o apoiar. Chamou à primeira vaga de riqueza (agricultura) sector primário, à segunda vaga de riqueza (indústria) sector secundário e chamou à terceira vaga de riqueza (serviços) sector terciário: servir, pensar, conhecer e experimentar. Nunca é demais repetir que cultura é o conjunto da língua, usos, costumes e tradições, e que mesmo entre os caucasoides tudo isto pode mudar quando se fala de nórdicos, alpinos, dináricos ou mediterrâneos. Só que quando nos referimos aos vários sectores: primário, secundário e terciário, há tendência para desvalorizar o trabalho braçal, embora a agricultura seja essencial para a sobrevivência do ser humano. É talvez por uma questão de Educação ou de preconceito, sem esquecer que, normalmente, quem discrimina, é quem é menos qualificado. O Homem, há dez mil anos, era agricultor, embora o primeiro agricultor tenha sido uma mulher, já que os homens tinham que guardar as mulheres que eram roubadas como fontes de mão de obra para o trabalho no campo (lavras). Curiosamente, em Geografia Política, nos anos 60, ensinava-se na Universidade que só 9% do território nacional era arável, o resto eram pedras. Em Espanha era tudo verde e quando precisavam de água era só fechar as comportas… . Pois, no tempo de Cavaco Silva o Estado pagou a cidadãos para deixarem de cultivar. E, hoje, de Espanha, importamos alimentos, e não só. A estratificação social começa a definir-se, no seio da família e depois na escola. Um Ministério da Educação inclusivo é o suporte da Democracia e da igualdade de oportunidades. Querer acabar com o sector primário para acabar com a estratificação social, é o mesmo que afirmar que a agricultura é uma actividade com pouca dignidade, o que é um absurdo. O Ministério da Educação tenta educar, mas ao mesmo tempo há organismos públicos que cavam um fosso entre o cidadão comum e os objectivos que este pretende atingir, perdendo determinação, ambição e conformando-se com um estatuto de segunda. Um agricultor pode também ser um aluno universitário. O que impressiona, a quem pensa é a maior parte dos políticos não terem tempo para pensar e, sobre tudo, não terem uma visão prospectiva da vida em sociedade e não estabelecerem metas e objectivos, num trabalho articulado com o Ministério da Educação. Não há actividades menores que outras quando se trata de questões essenciais à sobrevivência das pessoas. É possível tornar compatível o trabalho e o estudo desde que seja coordenado pelo Ministério da Educação, quer no plano regional, quer no plano nacional. Quem tem que dignificar uma actividade importante para o País, no plano educativo, é o Ministério da Educação, e é isso que ele pode e deve fazer, a bem da Educação e do País. A humildade é própria das pessoas que estudaram mais, que sabem mais do que a maioria, pois sabem hoje que ainda há muito para aprender. Compatibilizar o estudo com os vários sectores, sempre foi possível, mas se o Ministério da Educação estiver empenhado nisso, então será viável.
Sociólogo