NFL. Rihanna e o ‘show’ de bola… oval

NFL. Rihanna e o ‘show’ de bola… oval


Cerca de um terço dos americanos vão estar em frente à televisão, no domingo, para ver o ouvir o Super Bowl na edição 57.  Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles vão dar um espetáculo que vale muitos milhões.


por João Sena

A final da liga de futebol americano (NFL) é o maior espetáculo desportivo dos Estados Unidos. Conhecida por Super Bowl, coloca frente a frente as duas melhores equipas da época, neste caso os Kansas City Chiefs e os Philadelphia Eagles. Vai ser uma hora de luta intensa para entrar na história desta competição e ganhar o respeito de milhões de americanos. Mas há mais: os 63.500 espetadores que vão encher o State Farm Stadium, no Arizona, vão poder ver e ouvir Rihanna no intervalo da partida. Em Portugal, este megavento pode ser acompanhado na Eleven Sports 1, a partir das 22h30, em sinal aberto.

O campeonato é disputado por 32 equipas divididas em duas conferências: NFC (National Football Conference) e AFC (American Football Conference). Os finalistas fizeram campanhas idênticas nas respetivas conferências (14 vitórias e três derrotas) e avançaram para os playoffs onde garantiram uma vaga no Super Bowl.

A equipa vencedora fica com a glória e com o troféu Vince Lombardi, um dos maiores treinadores da história do futebol americano. A NFL entrega ainda 150 anéis com diamantes comemorativos da final, e cabe à equipa vencedora decidir quem são os senhores dos anéis. Cada peça tem um custo estimado de cinco mil doláres (4700 euros) e como peça de coleção já foram vendidos anéis em leilão por 344 mil doláres (322 mil euros). A moda de entregar anéis aos vencedores é uma tradição antiga, bem ao estilo American Dream, que começou com o beisebol em 1920 e chegou ao futebol americano em 1950. Outro dado curioso é que desde o primeiro Super Bowl, os jogos são anunciados em números romanos: I – Los Angeles (1967); II – Miami (1968)… LVII – Phoenix (2023).

 

Jogo de ‘feras’

O futebol americano é uma derivação do râguebi e apareceu em 1867. Caracteriza-se por ser um jogo de contacto que assenta na velocidade e força dos jogadores, que tentam avançar com a bola no campo adversário com o objetivo de passar a linha de fundo. É um desporto de conquista de território muito tático e estratégico.

O principal objetivo é conseguir o touchdown, ou seja, chegar à linha de finalização (endzone) da equipa adversária com a posse de bola, ganhando seis pontos. A equipa tem ainda direito a um pontapé livre, que vale um ponto extra se a bola passar entre os postes, ou tentar entrar novamente na endzone e marcar dois pontos. Existe ainda o field goal, que consiste em fazer passar a bola entre os postes e vale três pontos. O safety é uma jogada menos frequente que consiste em derrubar o adversário ou colocá-lo fora de campo dentro da própria endzone e vale dois pontos. Cada partida tem 60 minutos, divididos em quatro períodos de 15 minutos. O intervalo maior tem 12 minutos e os outros dois minutos.

Cada equipa tem 11 elementos especializados nos movimentos de ataque e defesa. Como as substituições são ilimitadas, o treinador vai mudando os jogadores consoante o momento do jogo; quando tem a posse de bola coloca 11 atacantes, quando perde a bola muda para 11 defesas, é por isso que cada plantel é composto por 53 jogadores. A proteção dos jogadores é uma prioridade da NFL, onde o choque e as quedas são por vezes violentos. O equipamento dos atletas compreende capacete e proteção de ombros, peito, costelas, coxas, genitais e joelhos.

Os números da final do futebol americano são impressionantes. Em 2022, o Super Bowl foi visto no total por 112,3 milhões de telespetadores, só nos EUA foram 99,2 milhões. O mais espetacular é que 11,2 milhões de pessoas assistiram ao jogo e ao espetáculo no intervalo por streaming, tendo sido o programa mais visto de sempre através de serviços de internet, e não havia borlas.

Com estes números, é natural que as receitas sejam igualmente astronómicas. Há muitos anos que a publicidade na televisão é paga a preço de ouro, e o ano passado foram batidos recordes no preço da publicidade. Cada spot de 30 segundo custou aos anunciantes sete milhões de dólares (6,6 milhões de euros) e durante a partida foram exibidos 58 anúncios comerciais, o que daria qualquer coisa como 406 milhões de dólares (379,5 milhões de eutos), mas esse valor peca por defeito, pois houve anúncios que tiveram mais de 30 segundos. Enquanto as equipas jogavam, a NFL faturava e de que maneira. Importa reconhecer que os anúncios eram verdadeiros compêndios de marketing e, no dia seguinte, discutia-se qual tinha sido a melhor campanha.

Curiosamente, o futebol americano não interessa só aos homens: atualmente as mulheres representaram 46,8% do público.

A NFL tem uma extraordinária implantação nos Estados Unidos, mas em termos globais perde para o futebol, que se joga em todo o mundo. A final da Liga dos Campeões do ano passado teve uma audiência de 178 milhões de pessoas – foi o evento desportivo mais visto de sempre – superando o Super Bowl. Apesar disso, a final do campeonato americano é um interessante case study. Como nos diz Daniel Sá, diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), «é uma competição mítica enquanto produto desportivo e está a par da Liga dos Campeões de futebol. Há vários anos que há uma luta para saber quem é o mais rico e o mais visto a nível global». O especialista em marketing acrescenta: «São os dois eventos de clubes mais importantes no mundo. A Liga dos Campeões é vista a nível global, enquanto a NFL é muito relevante nos EUA, mas na Europa tem pouca visibilidade. Há muito mais gente a ver a final da Liga dos Campeões do que o Super Bowl». Mas existe um aspeto onde este último vence claramente: «A final americana ganha no espetáculo extra jogo, com múltiplas ações de marcas antes, durante e depois da partida. Na final europeia, toda a atenção está centrada no que se passa em campo durante os 90 minutos». Daniel Sá admite que será muito difícil transpor para a Europa a componente de espetáculo que os americanos tanto adoram. «Têm sido aplicadas algumas práticas de consumo de desporto semelhantes ao que acontece nos Estados Unidos, mas penso que se chegou ao limite para o gosto europeu. O consumo de desporto num estádio ou num pavilhão na América é um consumo de muitas horas, onde a pessoa vai bastante tempo antes para consumir tudo e mais alguma coisa. No caso europeu, somos mais comedidos, há boas ativações de marca, mas estamos muito longe do modelo hiper consumista do americano porque o consumidor europeu nao quer».

O Super Bowl é completamente diferente até no intervalo. Esse período é ocupado com uma super produção, e tem quase tanta importância quanto o jogo em si, o que é bastante estranho para o conceito europeu. Ninguém se lembra de como foi o intervalo da Liga dos Campeões, mas muita gente recorda os espetáculos musicais nos intervalos do Super Bowl.

O recurso à tecnologia vai mudar a forma como o consumidor europeu e americano vai viver o fenómeno desportivo no futuro. «A experiência de consumo que temos atualmente num estádio de futebol vai ser completamente diferente dentro de cinco ou dez anos. A tecnologia vai introduzir uma série de novidades capazes de proporcionar ao adepto uma experiência completamente diferente. Estamos a falar de inteligência artificial, da interação, do acesso a estatísticas e da possibilidade de ver repetições de vários ângulos utilizando a sua própria tecnologia. Vai poder igualmente comprar conteúdos do jogador e clube preferidos», adianta Daniel Sá.

 

Rihanna e o cinema

Muitos músicos aguardam ansiosamente a divulgação da estrela que vai atuar no intervalo do Super Bowl. Já passaram por esse palco nomes como Madonna, Bruno Mars, Beyonce, Bruce Springsteen, The Rolling Stones, Paul McCartney, entre muitos outros. Este ano, a escolha recaiu em Rihanna, é o regresso da cantora aos grandes palcos após um longo afastamento, o que está a criar enorme expectativa até porque é provável que apresente alguns temas do seu novo álbum, que será lançado em breve. «A performance da Rihanna no intervalo do Super Bowl vai ser das melhores de todos os tempos. Ela tem trabalhado muito em cada elemento do show. As músicas escolhidas são bastante compreensivas e tocam todas as fases de Rihanna, incluindo a que está a começar agora», disse ao The Sun um elemento ligado à cantora.

A partida que define o campeão de futebol americano serve também para apresentar algumas novidades do mundo da sétima arte. Nos dois intervalos mais curtos serão apresentados trailers dos principais lançamentos de Hollywood marcados para este ano. Estão confirmados os trailers de: The Flash; O Homem-Formiga e a Vespa; Velocidade Furiosa 10 e Transformers: O Despertar das Feras.