O rendimento real das famílias per capita caiu pelo segundo trimestre consecutivo em Portugal de julho a outubro de 2022, segundo os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta quarta-feira.
Feitas as contas, Portugal foi o segundo país da OCDE no qual o rendimento real dos agregados familiares mais caiu entre o início da crise da pandemia e o terceiro trimestre de 2022. Assim, o rendimento real per capita no país caiu 4,14% entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2022.
A quebra do rendimento familiar real per capita das famílias portuguesas seguiu em contraciclo dos países que constituem a OCDE, onde este rendimento cresceu 0,2% no mesmo período.
Dos 21 países para os quais há dados disponíveis, nove registaram um aumento no rendimento familiar, enquanto doze registaram uma queda. Foi a Áustria a ter o maior aumento (10,1%), uma vez que “os pagamentos associados à reforma tributária ambiental do governo e à assistência ao custo de vida aumentaram” o rendimento familiar.
Das economias do G7 para as quais existem estimativas, França, Alemanha e Itália registaram crescimento no terceiro trimestre, com a França a conseguir o maior aumento: 0,8%. No entanto, o rendimento familiar real per capita caiu no Canadá e no Reino Unido, ficando estável nos Estados Unidos.
A OCDE diz que o rendimento familiar real per capita ultrapassou os níveis anteriores à pandemia de COVID-19 no terceiro trimestre de 2022 em todos os países da OCDE para os quais há dados disponíveis, exceto República Checa, Dinamarca, Finlândia, Portugal, Espanha e Reino Unido
E explica que “o resultado em Portugal e Espanha pode ser parcialmente explicado pela lenta recuperação do “excedente de exploração bruto e rendimento misto” das famílias desde os primeiros dias da pandemia. Este tipo de rendimento está geralmente associado ao trabalho por conta própria e, na maioria dos países, contribui com cerca de um quinto do rendimento disponível das famílias”.
Portugal e Espanha registaram grandes quedas neste indicador no primeiro semestre de 2020 e recuperaram lentamente a partir daí. “Em contraste, a maioria dos países da OCDE teve um crescimento robusto em excedente de exploração bruto e rendimento misto após a recessão inicial relacionada à pandemia”.