Em 1935/40, dizem os estudiosos das questões sociais, que 80% da população de Portugal Continental era analfabeta e lembramo-nos da reforma do Prof. Manuel Rodrigues, Ministro da Justiça do Dr. Salazar ter operado uma Reforma nos Tribunais já que os Juízes estavam assoberbados com trabalho, pois os funcionários judiciais tinham o 2º ano de liceu e de Direito percebiam zero. Assim, o Doutor Manuel Rodrigues criou o lugar de Chefe de Secretaria Judicial nos Tribunais Cíveis, para licenciados em Direito (5º ano) com 26 anos de idade e o ordenado equiparado a Coronel. A medida foi um êxito até, anos mais tarde, terem acrescentado a Tesouraria pois esqueceram que os licenciados em Direito são de Letras e de Matemática “estamos conversados”. Enfim, sempre houve homens “com visão” acima da média e por isso, ainda hoje, passados 40 anos da sua morte, ainda são recordados.
Não vale a pena bater mais na velha questão do valor da Educação num país que queira crescer e desenvolver-se, já que um atrasado mental pode crescer (1.80m) em tamanho mas nunca se desenvolverá por que lhe falta o essencial e por isso o seu Q.I. muitas vezes não passa da classificação de idiota, muito abaixo dos 100 usuais. Diz quem sabe que Portugal, em matéria de Educação está na cauda da Europa, pensamos que não se trata de falta de recursos, mas por certas prioridades mal avaliadas como o “CCB” e o “Palácio da Caixa Geral de Depósitos”, que suplantou os palácios do Iraque. Sem um Ensino Secundário bem estruturado, com professores bem preparados, e com pedagógicas, não é possível vingar na Universidade. Não é suficiente, nem aconselhável Empinar, o que é necessário é entender a matéria e discorrer sobre a mesma e saber fundamentá-la e, se possível, desenvolver a capacidade de síntese. É isso que se pede hoje aos professores do Ensino Secundário (Liceu) que deviam ter uma preparação adequada, entrosada com a Universidade, serem mais bem remunerados, não andarem com a casa às costas e, acima de tudo, com o benefício de uma espécie de “Lei dos Cônjuges” para evitar separar famílias, o que destrói o ambiente familiar e tira toda a possibilidade da criação de um ambiente familiar propício à serenidade e toda e qualquer ausência de angústia, stress traumático e pouca concentração no trabalho. Sem estas medidas, e outras, não é possível defender uma Educação Nacional, com nível, e apostar no Ensino, como uma prioridade fundamental para o desenvolvimento do País.
A articulação entre os vários graus de Ensino é fundamental. Não é possível os diversos graus viverem de costas voltadas, uns para os outros, e dizerem que estão empenhados na mesma luta. Não compreendemos como o Ensino Universitário não aproveita esta altura, com o que se está a passar no Ensino Secundário, para propor medidas conjuntas tendo em vista melhorar a imprescindível colaboração entre todos os graus de Ensino, única forma de haver uma articulação entre todos os graus, com trocas de ideias e de experiências, sem complexos de superioridade ou de inferioridade, pois todos devem colaborar no objectivo final, único, que é o Ensino, que quanto a nós, só deve depender de um único Ministério da Educação.
Os “ghettos” são sempre de evitar, pois dessa forma perde-se a ideia de conjunto sendo mais fácil manipular uma classe inteira que maniatada e com o receio de perder verbas para os seus projectos. Em 1964, fomos pelo Decreto-Lei 45784 nomeados Professor Efectivo da, hoje, Faculdade de Motricidade Humana, Faculdade com uma agilidade de pensamento, fruto, talvez, do equilíbrio entre a parte física (corpo) e a mente, “mens sana in corpore sano” (Juvenal). Quem pensa que quer ajudar o Ensino e o Ministério da Educação tem que ter uma mente aberta a novas ideias. A Educação precisa de uma visão prospectiva e não de ideias retrógradas e reductoras da personalidade dos docentes. A revolução que o Ensino precisa é de ideias generosas, inclusivas, aonde todas as pessoas, de boa fé, tenham lugar. Não se pode tratar esta questão como se fosse só da responsabilidade do “P. S.”, não, ela é da responsabilidade do País e de todos os Portugueses.