Enquanto o Governo continua a assobiar para o ar com toda a polémica, o Presidente da_República tem incendiado as hostes com afirmações que põem em causa o Governo, as câmaras municipais envolvidas – Lisboa, Loures e Oeiras – e a Igreja, conseguindo ainda o feito de pôr o cardeal-patriarca de Lisboa contra o bispo auxiliar responsável pela Jornada Mundial da Juventude, D. Américo Aguiar. Marcelo_Rebelo de Sousa queixou-se dos gastos excessivos com o palco-altar e o Patriarcado de Lisboa não gostou do que ouviu e disse à SIC-Notícias que o Presidente, à semelhança de outras entidades envolvidas, «esteve sempre a par dos gastos». Marcelo não se ficou e voltou à carga, dizendo que só na semana passada é que soube da dimensão do referido palco.
Sempre frenético, Marcelo acabaria por dizer ao Expresso que quer que o palco-altar e o do Parque Eduardo VII, onde se irá realizar a missa de abertura – em que são esperados cerca de 200 mil pessoas –, a cerimónia de boas-vindas ao Papa Francisco e a Via-Sacra, com 700 mil pessoas presentes. Resultado das investidas do Presidente, D. Américo Aguiar, o responsável da JMJ, deu uma conferência de imprensa onde disse que se iria reunir com o presidente da Câmara de Lisboa e com os responsáveis da Mota-Engil para tentarem reduzir os custos da obra, suprimindo o supérfluo. O yoyo entre Presidente, bispos e Câmara continuou, com Marcelo Rebelo de Sousa a reagir às declarações de D. Américo Aguiar dizendo que este tinha desmentido o Patriarcado e que se mostrou disponível para ver onde se pode cortar nos custos. «Está tudo esclarecido», disse o Presidente, isto numa tarde alucinante de comunicados e entrevistas sucessivas.
Por sua vez, Carlos Moedas, numa intervenção determinada, ainda D. Américo Aguiar não tinha terminado a sua conferência de imprensa, explicou o que está em causa, falou na grandiosidade do evento, repetindo que é um grande investimento para a cidade e para o país e que as prováveis alterações terão que ter em conta a eficácia da JMJ. E falou dos custos que o Governo irá suportar com o sistema das torres técnicas e das casas de banho, de mais de oito milhões de euros, como se sabe, bem superior ao custo do palco-altar. Moedas não perdeu a oportunidade de devolver a Sá Fernandes, o representante do Governo, as críticas sobre os custos excessivos.
No entanto, fonte de Belém garantiu ao Nascer do SOL que o Presidente está «perplexo» com o «timing da polémica», e que, além de uma «guerra política, o que está verdadeiramente por detrás deste barulho todo é uma certa inimizade com a Igreja, ainda mais numa altura em que a questão da Eutanásia está no Tribunal Constitucional».