Maria do Céu Antunes. Uma ministra com poderes limitados

Maria do Céu Antunes. Uma ministra com poderes limitados


O i sabe que a ministra da Agricultura não terá “caído” para não haver segunda baixa, depois de Pedro Nuno Santos.


A permanência da ministra da Agricultura no Governo poderá estar com os dias contados. Ao que o i apurou, Maria do Céu Antunes não tem carta branca para escolher o novo secretário de Estado, depois da polémica nomeação de Carla Alves, que esteve pouco mais de 24 horas no cargo, após ter sido revelado que tinha contas penhoradas. O nosso jornal sabe que ainda que a ministra não terá sido de imediato substituída porque seria a segunda baixa, a seguir a Pedro Nuno Santos – além dos secretários de Estado – o que penalizaria ainda mais a imagem de desgaste do Governo e depois de o Presidente da República ter garantido que não iria dissolver a Assembleia da República.

Em causa está um processo envolvendo o marido da ex-secretária de Estado, que se encontra em fase de instrução no Tribunal de Bragança. Américo Pereira, ex-presidente da Câmara de Vinhais, foi acusado dos crimes de prevaricação, participação económica em negócio e de corrupção ativa – os dois têm uma conta conjunta.

Ainda na sexta-feira, o Ministério da Agricultura e da Alimentação assegurou que “a ministra Maria do Céu Antunes não tinha conhecimento de qualquer envolvimento de Carla Alves em processos judiciais”. Mas no dia anterior tinha vindo em sua defesa que nada colocava em “causa a nomeação”.

Argumentos que não convencem o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) ao garantir ao i que Maria do Céu Antunes não tem condições políticas para continuar e que “esta instabilidade era tudo o que não era preciso quando em cima da mesa está a extinção das direções regionais e quando tem em mãos a responsabilidade de pagar 1 300 milhões em atraso aos agricultores. No entender de Luís Mira essa distribuição não “se faz num estalar de dedos. Desde 2018 que a CAP critica isso. Todos se indignam muito com a TAP e os três mil milhões, isso é metade da TAP. Este dinheiro vale menos?”, questiona. 

Há muito que o setor aponta o dedo à governante. Fontes ligadas a esta atividade já tinham criticado a nomeação do ex-presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa, para exercer funções de técnico. Tal como já tinha sido avançado pelo nosso jornal, ao fim do terceiro mandato à frente daquele município do distrito de Beja, o antigo autarca, eleito pelo Partido Socialista, estava no desemprego, auferindo o respetivo subsídio. A agravar está o facto de o técnico não estar a trabalhar na Praça do Comércio, em Lisboa, mas sim nas instalações dos serviços do Ministério em Beja.

A falta de experiência leva, de acordo com os mesmos, a que Jorge Rosa esteja a enviar emails para as Comunidade Intermunicipais a pedir para fazerem um levantamento de todos os temas que possam estar pendentes, ou que pretendam expor de novo, relacionados com agricultura, pescas ou alimentação. Uma situação que, segundo as mesmas fontes, está a desresponsabilizar o Ministério da sua função. “O que é que assistimos? Jorge Rosa envia emails para as CIMS e como não percebem nada enviam esse pedido para as autarquias e como estas não estão a par pedem às associações. Isto cria uma enorme confusão e atrasos”, salientam.

Também este domingo, Ana Gomes defendeu que a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, deve ser “demitida ou demitir-se” para encerrar o caso. “Se a palavra estabilidade tem sido o mantra do PS, os últimos acontecimentos mostram uma tremenda instabilidade. Treze demissões do Governo em nove meses é obra. Não me lembro que em Democracia tenhamos vivido qualquer coisa assim. Isto é bastante grave”, disse no seu espaço habitual da SIC.