A Sociologia tenta interpretar, e explicar, os comportamentos humanos em sociedade, essa interação que depende de múltiplos fatores e diversas variáveis, umas por vezes evidentes, outras “cinzentas”, já que é difícil adivinhar as intenções de terceiros.
Foi evidente, na final do futebol profissional da Europa, a reação dos franceses. É que um amador, quando se bate, com coragem e lealdade, ganha com humildade, nunca com arrogância, e quando perde, fá-lo com altivez, porque fez o seu melhor.
Em Paris, a 10 de julho de 2016, os franceses provaram bem que são apenas “trabalhadores” da bola, que estão ali a lutar por dinheiro e algumas “benesses”, que a sociedade capitalista lhes proporciona, mas, por vezes, não se pode esperar deles altruísmo e comportamentos dignos e leais, já que não estão ali a praticar desporto, apenas a trabalhar para ganhar dinheiro. É um “circo”, tal qual o automobilismo ou o boxe. Altruísmo esperem sim, de soldados, de desportistas e de patriotas, que morrem, de facto, por altruísmo.
O que eles, franceses, estavam a fazer sentados no relvado era a lamentar os milhares de euros que tinham perdido e, quem sabe, “a legião de honra”, nada mais.
A Sociologia aprende muito com os “códigos” do futebol – profissional, ou melhor, com a indústria que é o futebol profissional. É interessante ver na segunda e terceira linhas, dos bastidores, certos indivíduos que vivem do trabalho e esforço dos outros, sempre à espera de beneficiar de qualquer coisa, e são sempre os mesmos há anos e anos.
São políticos profissionais e profissionais da política, que procuram, para eles, um pouco dos aplausos e da “ambiência” de festa e de vitória a que tentam, de qualquer maneira, associar-se para se fazerem lembrados e, sobre tudo, para ficarem na fotografia.
O dito “jornalismo desportivo” é que é responsável por esta confusão, ou melhor, quem escreve em jornais sobre futebol profissional, porque continuam a chamar “Desporto” ao trabalho destes pseudo-desportistas. Por que razão não chamam “desportistas do volante” aos taxistas de Lisboa, alguns verdadeiros ases do volante?… Pois sabemos a resposta, e eles também, a culpa é da Universidade deles que os desinformou, obviamente.
Mas os “jornalistas desportivos” precisavam de uma reciclagem académica, para ver se compreendem, de vez, que o futebol profissional não é desporto, é tão só o trabalho desses jogadores, que não sabem nem querem, ter outro trabalho.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente