1. A coisa revestiu-se de frieza e requintes de queda programada, sem retorno possível tal qual o ano agora deposto …
A saída do governo daquele ministro que pôs areia demais na camioneta que lhe foi atribuída, não foi outra coisa que uma jogada inesperada mas bem urdida do primeiro-ministro António Costa.
Mostra o que vales, dir-te-ei quem és …
Nuno Santos desafiava o mundo e testava António Costa diariamente com aquele ar de benzido pelos deuses …
A sua proposta para a localização do aeroporto de Lisboa, nascida de uma espécie de noite de pesadelos extravagantes, tornada pública sem pré-aviso ao PM, ultrapassou todos os máximos toleráveis.
E o ofendido não esqueceu.
Ávido de dar nas vistas na TAP, empresa meramente instrumental para ambições públicas estranhas à própria realidade empresarial, pseudo-salvador das garras do capitalismo, não foi capaz de avaliar uma indemnização de meio milhão em ambiente Loboutin, na mesma semana em que seguia a esmola de 240€ para algumas famílias pobres.
Estava chegada a hora e António Costa, não hesitou em defenestrar o ministro sem pestanejar, limpando o stock de queixas e melindres acumulados durante este governo.
A rua como destino de políticos governamentais, foi a imagem empalidecente destes dias, uma espécie de série negra da filmoteca socialista.
Um país a viver do que resta de frestas da liberdade económica, que anuncia contas certas com Bruxelas e por cá, pratica o saque ao trabalho dos portugueses, através de carga fiscal a roçar a extorsão.
Razão para a pérola de Jorge Marrão, que aqui se reproduz com a devida vénia, lida algures que sintetiza de forma exímia o desequilíbrio social deste regime.
“A única coisa que aprenderam com a troika foi que não se pode viver com contas erradas.
Convenceram os parceiros extremistas de esquerda e as redes de interesse que os défices tinham de acabar, elevando a tributação sem precedentes para equilibrar as contas, satisfazer os viciados em despesa pública e os implacáveis credores externos.
Renderam-se ao capitalismo externo, e combatem o interno, obrigando as empresas a um endividamento sem precedentes.
Estas contas certas são, em parte, a revelação do erro desta geração: que o engrandecimento do Estado é indissociável e traz prosperidade e justiça social.
Se assim fosse, em Portugal estaríamos à porta do paraíso”.
2. E uma inauguração para amostra?
Lembro aquele dia do Prec em 1975, em que a esquerda prometia a subversão total e a Dra. Maria Barroso (mulher de Mário Soares) foi à televisão e disse directamente: “E um fadinho, porque não passa na televisão o fado português de que já temos tantas saudades?”.
Lembrei a cena ao reflectir sobre a ausência desde há muitos anos e com este governo, de qualquer inauguração de relevo com impacto nacional.
Nem um aqueduto quanto mais uma ponte; nem um arruamento de bairro quanto mais uma avenida circular; nem um prédio multifamiliar quanto mais um bairro; nada de nada; nem um quiosque, quanto mais uma nova fábrica “Auto-Europa”?
E porquê?
Porque não há investimento público e o privado, fazendo o que pode, é apenas tolerado por este poder político …
Em todo o seu esplendor, não havendo investimento, eis o resultado que nem durante a troika, foi alcançado …
Portugal irá pagar um preço elevado nos próximos anos.
Menos resposta do Estado quanto a serviços essenciais na saúde e educação, nas infraestruturas e equipamentos.
“E uma inauguraçãozinha?”, tal como se perguntou naquele tempo, já faz tempo …
Pede-se então ao governo: não há por aí nada para inaugurar depois de tantos milhões de fundos comunitários, de tantos envelopes financeiros e de outros tantos anúncios ?
Evidentemente não vale celebrar tachos, tachinhos, prebendas e meras deferências honorificas de natureza para-social.
Covilhã, janeiro 2023