2023? Cuidado com o que desejam


A perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador no biénio de 2022/2023 será de -6,0%.


O fenómeno da inflação foi o facto económico mais marcante de 2022 e apresta-se para repetir a distinção em 2023.

Desde logo, o tremendo impacto na política monetária do Banco Central Europeu, a qual, como se tem visto e ver-se-á de modo ainda mais pungente, consiste num brutal encarecimento das condições de financiamento, facto que é inimigo do investimento e da sustentabilidade das contas públicas.  Esta circunstância repercute-se num grave aumento do serviço da dívida – as contraídas a taxa variável – ,  que são maioritárias, designadamente no universo da contração de empréstimos das famílias portuguesas.

Por outro lado, e 2023 não será diferente, os impostos arrecadados pelo Estado conduziram a mais um exemplo de voracidade fiscal, sem termo nem critério, pouco amigas das famílias e das empresas e extraordinariamente apelativas para um governo para quem cruzar os braços pode ser um brilharete. Nem nos anos de ajustamento da troika, e foram anos recheados de dificuldades, se verificou uma perda no poder de compra das famílias, proveniente de rendimentos do trabalho, como aquele que se verificou no ano passado.

Porém, há uma diferença e um contraste indiscutível: enquanto no ano transato estávamos a recuperar e com altas taxas de crescimento, nos anos da troika encontrávamo-nos em recessão profunda.

Até ao final do 3.º trimestre de 2022, último momento para o qual se dispõe de dados sobre remunerações:

A remuneração média por trabalhador conheceu um aumento nominal de 4,3%;

A inflação homóloga relevante era então de 9,1%, pelo que a perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador ia em -4,7%.

É praticamente certo que este processo de empobrecimento se vai prolongar por 2023.

O Governo prevê (OE2023) que a remuneração média por trabalhador aumente nominalmente 5,1% em 2023 e prevê ainda que a inflação fique nos 4%. Se se verificassem estes pressupostos, algum ganho de poder de compra se verificaria: exatamente 1,1%. Seria em qualquer caso insuficiente para se recuperar a perda de 2022.

Sucede que as previsões do Governo para 2023 não são corroboradas por outros previsores.

A Comissão Europeia prevê (previsões de outono, novembro) que a remuneração por trabalhador aumente 4,3% e que a inflação seja de 5,8%, o que corresponde a uma nova perda de poder de compra da remuneração de -1,4%.

Neste cenário, a perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador no biénio de 2022/2023 será de -6,0%.

 

Ex-deputado à Assembleia da República pelo PSD

2023? Cuidado com o que desejam


A perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador no biénio de 2022/2023 será de -6,0%.


O fenómeno da inflação foi o facto económico mais marcante de 2022 e apresta-se para repetir a distinção em 2023.

Desde logo, o tremendo impacto na política monetária do Banco Central Europeu, a qual, como se tem visto e ver-se-á de modo ainda mais pungente, consiste num brutal encarecimento das condições de financiamento, facto que é inimigo do investimento e da sustentabilidade das contas públicas.  Esta circunstância repercute-se num grave aumento do serviço da dívida – as contraídas a taxa variável – ,  que são maioritárias, designadamente no universo da contração de empréstimos das famílias portuguesas.

Por outro lado, e 2023 não será diferente, os impostos arrecadados pelo Estado conduziram a mais um exemplo de voracidade fiscal, sem termo nem critério, pouco amigas das famílias e das empresas e extraordinariamente apelativas para um governo para quem cruzar os braços pode ser um brilharete. Nem nos anos de ajustamento da troika, e foram anos recheados de dificuldades, se verificou uma perda no poder de compra das famílias, proveniente de rendimentos do trabalho, como aquele que se verificou no ano passado.

Porém, há uma diferença e um contraste indiscutível: enquanto no ano transato estávamos a recuperar e com altas taxas de crescimento, nos anos da troika encontrávamo-nos em recessão profunda.

Até ao final do 3.º trimestre de 2022, último momento para o qual se dispõe de dados sobre remunerações:

A remuneração média por trabalhador conheceu um aumento nominal de 4,3%;

A inflação homóloga relevante era então de 9,1%, pelo que a perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador ia em -4,7%.

É praticamente certo que este processo de empobrecimento se vai prolongar por 2023.

O Governo prevê (OE2023) que a remuneração média por trabalhador aumente nominalmente 5,1% em 2023 e prevê ainda que a inflação fique nos 4%. Se se verificassem estes pressupostos, algum ganho de poder de compra se verificaria: exatamente 1,1%. Seria em qualquer caso insuficiente para se recuperar a perda de 2022.

Sucede que as previsões do Governo para 2023 não são corroboradas por outros previsores.

A Comissão Europeia prevê (previsões de outono, novembro) que a remuneração por trabalhador aumente 4,3% e que a inflação seja de 5,8%, o que corresponde a uma nova perda de poder de compra da remuneração de -1,4%.

Neste cenário, a perda de poder de compra da remuneração média por trabalhador no biénio de 2022/2023 será de -6,0%.

 

Ex-deputado à Assembleia da República pelo PSD