Há quem diga que a Democracia não existe, já que não é possível todos serem iguais, por que os rendimentos são díspares e não era viável viver, hoje em dia, com uma reforma 350€/mês, conservando o mínimo de dignidade.
Num Estado social, cabe ao Estado, através de uma política fiscal justa, nivelar as classes sociais, de molde a diminuir as assimetrias e permitir a todos os cidadãos o acesso ao indispensável à sobrevivência, sem se cair na miséria. Gostávamos de acreditar que em Democracia seria possível a igualdade de direitos e obrigações, além da igualdade de oportunidades, mas como nascemos em 1937 e já assistimos à Segunda Guerra Mundial, sabemos bem que o Estado se organiza fazendo justiça aos amigos e aplicando a lei aos outros… Quando um partido político se torna maioritário, tende a tornar-se arrogante e esquece-se a necessidade de dialogar com terceiros, por que não precisa. São tiques antidemocráticos, mas estão na natureza humana, já que a Democracia, precisa de ser ensinada e apreendida, já que sem Educação não há partilha, seja do que for, e se não existir, torna-se legítimo que seja de outra forma…, ou seja, não democrática. Este é pois o momento de preocupação política já que os “escândalos” económicos são diários e a reputação de alguns governantes está “pelas ruas da amargura”, segundo sondagens recentes o PS está a perder a maioria e a situação política encaminha-se para uma anomia. Se por um lado uma maioria partidária pode dar estabilidade política e social, a perda dessa maioria pode levar a práticas mais fraudulentas, por parte de alguns com menos escrúpulos, e, por falta de um controlo menos “apertado”. Preocupação política, repete-se, já que conhecemos a natureza Humana e sabemos que o Homem não descende “de um anjo decaído”, mas sim de um “macaco evoluído”. Por isso e daí a nossa preocupação até por que já vimos “a Guerra no Planeta dos Macacos”, e diga-se de passagem que era muito cruel.
Ler a história da Primeira República dá-nos a noção do que se passou em Portugal no plano da instabilidade social e política, com revoluções umas atrás das outras, defenestrações, bombas, etc., etc., e Espanha aqui tão perto, com 48 milhões e com melhores condições e podendo oferecer um futuro melhor aos jovens… E sem a necessidade de ter que importar aquilo que se come, como é o caso de Portugal. A Ibéria já foi uma ideia do passado, mas hoje é preciso entender que os jovens são “objetores de consciência”, não juraram bandeira e a Pátria deles é, para muitos, um sítio onde vivam melhor e com menos deveres e obrigações. Este é pois um momento de grande preocupação política pois pode perder-se a ideia de Nação, que levou Renan a dizer “que é um projeto de pessoas com um passado comum, com um presente comum e com vontade de ter um futuro comum”, ou como Malraux acrescentou, uma “comunidade de sonhos comuns para o futuro”.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente