Se no Douro, no Lima, no Cávado e no Ave a situação é maioritariamente positiva, quanto mais a Sul do país estamos, pior se torna o cenário: de Norte – onde existem barragens com disponibilidades hídricas entre os 81 e os 100% – para Sul as também chamadas albufeiras vão ficando progressivamente menos cheias. Contudo, com a chuva que tem vindo a cair nos últimos dias, é provável que a próxima semana nos traga outros números: mais animadores.
O volume de afluências para as 77 (em 80) barragens públicas nacionais monitorizadas traduziu-se numa descida de 1.1%, portanto, 150 hectómetros cúbicos (hm3). A capacidade total de armazenamento na rede pública de barragens é de 13 213 hm3. De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), “a 5 de dezembro de 2022 e comparativamente ao boletim anterior (de 30 de novembro de 2022) verificou-se o aumento do volume armazenado em 5 bacias hidrográficas e a diminuição em 10”, mas se analisarmos todas as albufeiras monitorizadas, 30% apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 34% têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.
Por outro lado, os armazenamentos na primeira semana de dezembro de 2022, por bacia hidrográfica, apresentam-se inferiores às médias de armazenamento do mês de dezembro (1990/91 a 2021/22), exceto para as bacias do Lima e do Ave. Naquilo que diz respeito às bacias que são consideradas “mais críticas”, as Ribeiras do Barlavento, subiram 0,02%, Mira subiu 0,01%, as Ribeiras do Sotavento desceram 0,3%, o Tejo subiu 0,4%, o Arade desceu 0,2%, o Sado desceu 0,1% e as Ribeiras do Alentejo desceram 0,7%.
Entre os dias 30 de novembro e 5 de dezembro, os valores registados nas barragens públicas nacionais assemelhavam-se muito àqueles que haviam sido verificados na primeira semana de novembro. A capacidade total de armazenamento na rede pública de barragens foi de 13 204 hm3, nessa altura, mas no final de outubro situava-se nos 7 712 hm3 (58%).
Neste período, quando a seca extrema ainda predominava e, mesmo quando chovia, os seus efeitos se faziam sentir, os armazenamentos registados pela APA, e por bacia hidrográfica, apresentavam-se inferiores às médias de armazenamento do mês de outubro (entre 1990/91 e 2021/22), mas não era esse o caso das bacias do Lima, Ave, Douro e Arade. Já a barragem do Lindoso, que no final de setembro registara um volume de 75 hm3, ou seja 20% da sua capacidade máxima de armazenamento, no final de outubro reteve 218 hm3 (58%).
Chuva, frio, trovoada e agitação marítima Mas o panorama pode mudar. Choveu tanto em Faro na manhã desta segunda-feira que houve inundações, bloqueio de estradas e várias escolas e estabelecimentos comerciais foram encerrados. O coordenador da Proteção Civil Municipal de Faro, Rui Graça, adiantou à agência Lusa que a chuva que caiu no espaço de uma hora, entre as 7h e as 8h, “provocou inundações um pouco por todo o concelho, sendo o centro da cidade a zona mais afetada”.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vai continuar a chover em Portugal Continental até ao fim de semana, mas com maior intensidade ontem – como já se verificou – e hoje, acompanhada de vento forte e trovada. Nos arquipélagos a agitação marítima, a chuva e o vento forte predominam. Este cenário é já o espelho daquilo que acontecerá no resto do mês de dezembro.
Além disso, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) e a Marinha alertaram ontem para o agravamento da agitação marítima a partir desta quinta-feira, em especial na zona sul de Portugal Continental, com ondulação forte. A autoridade avisou que a previsão aponta para um “um agravamento das condições meteorológicas e de agitação marítima na zona sul de Portugal continental, entre as 18:00 de amanhã [quinta-feira] e as 12:00 de sexta-feira”.
A agitação será caracterizada por uma ondulação proveniente do quadrante Sudoeste que poderá atingir uma altura máxima de 22 metros, com um período médio que pode variar entre os 14 e os 16 segundos.