Desculpa lá, Allah!


Sexta-feira é o dia em que, manda o Corão, todos os homens são obrigados a participar da oração comunitária. Corram às mesquitas, criaturas de Allah! Já as mulheres tem o direito de opção: ou rezam todas juntas ou em separado. E ainda dizem que as mulheres não têm direitos aqui nas Arábias! 


Al-Rayann – Esta semana desmentiu uma velha ideia que gosto de sublinhar – a de que os dias passam devagar e os anos é que passam depressa. De repente é outra vez sexta-feira, dia de descanso para os muçulmanos. Jummah, dizem eles. “O melhor dia, no qual o sol nasce, é sexta-feira. É o dia em que Adão foi criado. O dia em que Adão entrou nos Paraísos Celestiais, em que foi expulso dele e também o dia em que morreu. Sexta-feira é o dia em que a Ressurreição ocorrerá”. Ora, ninguém diria. Primeiro porque o diacho da sexta-feira nasceu com nuvens e com o céu carregado de poeiras do deserto. Pode ser conveniente para a morte de Adão, mas é decididamente infeliz para o seu nascimento e para a sua ressurreição que só espero que não venha a acontecer hoje, estou a imaginar a confusão que iria por aí, se tem de ressuscitar que ressuscite depois do Mundial, caramba, está morto há milhões de anos, também não são mais quinze dias que o vão prejudicar. Sexta-feira é o dia em que, manda o Corão, todos os homens são obrigados a participar da oração comunitária. Corram às mesquitas, criaturas de Allah! Já as mulheres tem o direito de opção: ou rezam todas juntas ou em separado. E ainda dizem que as mulheres não têm direitos aqui nas Arábias! Pelo menos poupam em missas. Não sou nem nunca fui um particular admirador de Adão. Francamente é preciso ser-se muito estúpido e muito pau mandado para desperdiçar as delícias do Paraíso só pelo gosto de morder uma maçã camoesa e fazer o gosto a uma gaja, ainda que na altura fosse a única gaja que existia, o que também permite, por outro lado, perceber as frustrações do mamífero. Estou a viver uma inédita versão muçulmana de mim mesmo mas não contem comigo para ir a correr para uma mesquita e dar cabeçadas no chão. Há limites para tudo. Por outro lado não obedeci às escrituras que mandam um fulano tomar o banho ritual e passar óleo e perfume pelo seu corpo. Bem queria, mas faltou a água lá em casa. Allah que me perdoe, mas vai ter de se contentar, no que me diz respeito, a desodorizante e after-shave. Apesar de tudo não fedo. E pode ser que ele esteja constipado e com o nariz entupido.

Desculpa lá, Allah!


Sexta-feira é o dia em que, manda o Corão, todos os homens são obrigados a participar da oração comunitária. Corram às mesquitas, criaturas de Allah! Já as mulheres tem o direito de opção: ou rezam todas juntas ou em separado. E ainda dizem que as mulheres não têm direitos aqui nas Arábias! 


Al-Rayann – Esta semana desmentiu uma velha ideia que gosto de sublinhar – a de que os dias passam devagar e os anos é que passam depressa. De repente é outra vez sexta-feira, dia de descanso para os muçulmanos. Jummah, dizem eles. “O melhor dia, no qual o sol nasce, é sexta-feira. É o dia em que Adão foi criado. O dia em que Adão entrou nos Paraísos Celestiais, em que foi expulso dele e também o dia em que morreu. Sexta-feira é o dia em que a Ressurreição ocorrerá”. Ora, ninguém diria. Primeiro porque o diacho da sexta-feira nasceu com nuvens e com o céu carregado de poeiras do deserto. Pode ser conveniente para a morte de Adão, mas é decididamente infeliz para o seu nascimento e para a sua ressurreição que só espero que não venha a acontecer hoje, estou a imaginar a confusão que iria por aí, se tem de ressuscitar que ressuscite depois do Mundial, caramba, está morto há milhões de anos, também não são mais quinze dias que o vão prejudicar. Sexta-feira é o dia em que, manda o Corão, todos os homens são obrigados a participar da oração comunitária. Corram às mesquitas, criaturas de Allah! Já as mulheres tem o direito de opção: ou rezam todas juntas ou em separado. E ainda dizem que as mulheres não têm direitos aqui nas Arábias! Pelo menos poupam em missas. Não sou nem nunca fui um particular admirador de Adão. Francamente é preciso ser-se muito estúpido e muito pau mandado para desperdiçar as delícias do Paraíso só pelo gosto de morder uma maçã camoesa e fazer o gosto a uma gaja, ainda que na altura fosse a única gaja que existia, o que também permite, por outro lado, perceber as frustrações do mamífero. Estou a viver uma inédita versão muçulmana de mim mesmo mas não contem comigo para ir a correr para uma mesquita e dar cabeçadas no chão. Há limites para tudo. Por outro lado não obedeci às escrituras que mandam um fulano tomar o banho ritual e passar óleo e perfume pelo seu corpo. Bem queria, mas faltou a água lá em casa. Allah que me perdoe, mas vai ter de se contentar, no que me diz respeito, a desodorizante e after-shave. Apesar de tudo não fedo. E pode ser que ele esteja constipado e com o nariz entupido.