O mágico é um mentiroso? A mentira não é bem vista aos olhos da sociedade, mas aqui as pessoas desculpam…
Não só desculpam como isto é um motivo de orgulho, porque nós, na realidade, somos muito honestos. Dizemos que vamos mentir e mentimos! Tudo aquilo que as pessoas veem no espetáculo são mentiras, mas é precisamente por isso que são espetaculares. Acho piada porque há pessoas que dizem: “Eu não acredito que ele tenha feito aparecer o carro!”. Claro, não é para acreditar… É para usufruir. Se eu tivesse a capacidade de voar, isso teria sido notícia no princípio da minha vida, mas hoje em dia já não seria. Deixava de ser uma coisa espetacular. O que é espetacular é que voar é humanamente impossível e eu crio essa ilusão no palco.
Essa admiração, esse aplauso, surge exatamente da mesma maneira como se estivéssemos a ler um livro ou a ver um filme. As personagens não morreram de forma trágica, nem o castelo de Hogwarts existe. No entanto, são-nos dadas pistas para construirmos um imaginário onde a história acontece. Onde nos surpreendemos, nos assustamos, etc.
Na magia também. A grande diferença é que é tão surpreendente aquilo que acontece no palco que não nos é exigido um esforço de imaginação por aí além… Ou seja, não temos de imaginar que, de repente, o carro voou, e isso acontece na nossa imaginação. Não… Nós estamos a ver que o carro está a voar e que se transformou em confetes. Aconteceu diante dos nossos olhos.
A magia é, por isso, a arte de aproveitar os segredos da física, da mecânica, etc., para produzir efeitos surpreendentes. O mágico tem que se desdobrar e ser um físico, matemático, químico, etc. Como é feito esse desdobramento?
No processo criativo há dois caminhos que nos podem levar até à composição final. Nós podemos começar pelo efeito final, ou pelo método. Em ambos os casos é muito interessante termos espíritos curiosos e informados, porque isso ajuda muito. Uma coisa é eu ter uma ideia de algo extraordinário que gostava de fazer acontecer em cima do palco. Esta ideia pode ter surgido vendo um filme, ouvindo uma música, lendo um livro, numa conversa com alguém, a passar na estrada… Esta é a fonte de inspiração, é aqui que começa o caminho. A partir daí é encontrar metodologias que permitam criar essa ilusão para o mais atento dos olhos.
O outro caminho é começar por ver uma técnica, invenção ou descontextualizar um pedaço de tecnologia e pensar: “Se eu disfarçar esta Playstation e lhe juntar um fio invisível com um íman na ponta, se calhar consigo fazer com que…”. Aqui começamos no método e vamos criar uma ilusão que utilize essas pequeninas mentiras de perceção que podem contribuir para a surpresa final dessa ilusão.
E o ceticismo? É também uma característica inerente aos ilusionistas?
Não sei se será inerente a todos, mas comigo essa premissa está muito presente. Como estou habituado a conhecer o resultado final de algo surpreendente, relacionando-o diretamente com o modos operandi, com os fios que seguram as marionetas, olho para tudo com um sentido crítico. Uma ilusão descontextualizada pode servir para um verdadeiro engano. Nós não enganamos ninguém. Porque quando a luz do teatro se apaga e o espetáculo começa, nós estamos todos no domínio da impossibilidade, onde convidamos cada espetador a que nos permita estimular a sua capacidade de sonhar, desafiar a sua imaginação e estar preparado para o assombro, a surpresa.
Mas as pessoas tendem a confundir…
Porque se essas coisas forem retiradas desse contexto e forem colocadas num outro, onde o objetivo não seja criar um bom momento de arte, mas sim criar uma outra realidade – que acontece com muita frequência –, então aí estamos num verdadeiro engano. Reza a história da magia que esta foi usada para maquinar portas de igrejas que sendo de pedra se abriam porque tinham sistemas hidráulicos escondidos, ou que quando se começava fogo numa taça, essa taça abria o altar… Portanto, existem muitos mecanismos usados pelos mágicos ao longo da história – documentadamente a mais antiga das artes, com cinco mil anos. A magia foi sempre muito permeável em enriquecimento e uso, fora dela.
Enriquecimento porquê? Porque grandes cientistas, criadores, filósofos, como o Leonardo Da Vinci, por exemplo, adoravam magia. Eram bons numa determinada área e colocaram os conhecimentos dessa mesma área ao serviço deles enquanto mágicos como hobby, tal como ao serviço dos seus pares. O outro lado é quando, descontextualizando determinada técnica, um determinado segredo, no sítio certo, na altura certa, pode roçar a vigarice. Há erros de perceção que são característicos do ser humano, nós utilizamo-los, mas para o propósito benéfico e saudável que é o espetáculo. Esses mesmo erros, podem ser explorados para um 100 número de outras coisas. É aqui que o cético também tem de aparecer e duvidar! (risos)
Dizia numa entrevista em 2020 que, nesta profissão, nunca se trabalha na área do conforto. Como se gere esse desconforto? É também uma coisa que o fascina? Que o deixa preparado para qualquer eventualidade?
Acho que uma dose de desconforto, de instabilidade, acaba por, quando convertida em combustível, num catalisador criativo, é extraordinário. Normalmente esses estados de ansiedade podem ser de sofrimento, mas se usarmos todo esse potencial para criar coisas novas, arriscar, as coisas podem correr lindamente. Em 20 ideias, se calhar 18 não veem a luz do dia. No entanto, quer dizer que em 20 há duas, se eu experimentar coisas, se calhar vou ter quatro.
Depois, porque sempre vi a minha profissão tendo esse lado do “nada garantido” e da permanente “necessidade de provar”. Costumo comparar-me aos gladiadores da Roma Antiga. Quando estes iam para o coliseu, lutar com os leões, podiam acontecer duas coisas: ou viviam ou morriam. Se morriam, pronto, estava resolvido. Se vivessem, ganhavam um prémio! Qual? No dia seguinte lutavam novamente.
Sente que há uma exigência diferente dos espetadores para com os ilusionistas, do que com outros artistas ou mesmo outros profissionais de outras áreas?
Não é uma profissão como a de um médico ou advogado, que têm vitórias e derrotas, mas que de repente cria um currículo que nos faz dizer que são bons. Um médico pode já ter perdido um paciente, não é por isso que deixa de ser bom médico. No ilusionismo a nossa cotação é diretamente proporcional ao último espetáculo que fizemos. Portanto, se as pessoas vierem ver um espetáculo e, por algum motivo, não tiver a qualidade que elas esperam, é fácil dizer: “Ah não! Antigamente é que era! Ele agora está muito fraquinho”. É a sentença.
Mas o contrário também é verdade: se fizermos sempre o melhor que podemos, o que vai acontecer é que essa admiração, presença no seu imaginário, se mantém viva e ativa. É por isso que faço sempre os espetáculos como se fossem os últimos. (risos)
Porque existe sempre esse desejo de estar à altura…
Quando o pano se abre e nós olhamos para uma plateia repleta de pessoas, é muito importante ter a consciência de que aquelas pessoas não estão ali por acaso. Aquelas pessoas escolheram estar ali. Decidiram antecipadamente, pagaram antecipadamente, condicionaram a sua agenda, para dedicar duas horas do seu tempo a assistir ao nosso espetáculo. Temos de ser profundamente gratos e eu procuro ter isso sempre presente. Isso alimenta a minha vontade de surpreender.
Para isso, parece-me crucial ter uma equipa polivalente. Neste momento, trabalha com quantas pessoas?
Tenho cerca de 8 a 10 pessoas a trabalhar comigo, algumas são as mesmas há 27 anos. No mundo do espetáculo o mais habitual é o artista ser mais solitário e ter consigo um agente, um manager. Eu nunca os tive. Também não foi um ato visionário ter equipa, foi uma coisa que se deu. As pessoas que trabalham comigo, falam comigo todos os dias. O contacto é sempre muito direto e muito próximo.
Todas elas têm de conhecer os truques para as coisas funcionarem?
Absolutamente! Às vezes pensa-se (e eu acho que é um mito), que são tudo segredos muito bem guardados (e até podem ser), mas hoje em dia, quem quiser, faz a sua pesquisa e descobre mais ou menos como é que é feito. Isso, na verdade, não é muito importante. Não é por eu ver um filme que vou correr a ver técnicas de steadicam ou de cenografia. Vejo o filme, sinto-o… Mas não tenho de estar a pensar muito. Acho que essa é a melhor maneira de assistir a um espetáculo de magia. As pessoas têm de estar disponíveis a sentir. Se estiverem num conflito permanente de tentar descobrir no momento seguinte como é que aconteceu o anterior, não só vão perder o fio à meada, como quero acreditar, sem arrogância, que é difícil que cheguem à resposta. Porquê? Acabaram de ver o resultado final. Nós levámos meses a trabalhar naquilo… Aliás, até é desleal esse tipo de luta.
Numa altura em que o mundo parece virado ao contrário, em que nos parece escassa a beleza da vida, a magia assume, na sua opinião, um papel importante de resgatar esse universo fantástico que nos faz tanta falta?
Acho que sim! Sempre e cada vez mais. Até porque a magia é um ponto de encontro transgeracional. Ou seja, não olha para a idade, para o estrato sociocultural, para nada… Só quer desafiar a capacidade de sonhar… Crias o impossível a acontecer diante de nós. É se calhar dos poucos espetáculos em que os pais podem levar os filhos, sem que estes façam frete. E vice versa…Todos vão levar alguma coisa para casa. Não importa se têm seis anos ou 90. Pode ser que a linha das impossibilidades e possibilidades não coincida. Mas a partir do momento em que, nós mágicos, trabalhamos sempre para lá dessa linha de impossibilidade, então isto vai ser extraordinário para qualquer um. Para a plenitude da experiência mágica, basta-nos ser humanos. Em segundo lugar, acho que o ilusionismo é um bloqueador da nossa desatenção. Hoje em dia temos uma permanente desatenção, fazemos muita coisa ao mesmo tempo. Estamos repartidos por estímulos. Ao desfrutarmos de magia num teatro é extraordinário, porque há um contacto direto. Estamos frente-a-frente!
Portanto, numa altura em que temos de parar para nos recordarmos que somos humanos, a magia ajuda.
Tem algum truque preferido?
O meu preferido é sempre aquele que hei de inventar amanhã! Porque gosto muito mais de olhar para o futuro do que para o passado. Tenho sorte de fazer aquilo que gosto, quando gosto, onde gosto. É um privilégio.
Alguma vez algo correu tão mal em palco que o Luís se viu aflito? Na magia existe espaço para falhas?
Pode parecer estranho, mas o erro é permanente precisamente porque não é algo estanque que fica imortalizado num vídeo, que se repetiu 500 vezes até sair bem, ou que se editou para que seja perfeito. Nenhum espetáculo decorre como eu pensei, porque em cada um, para além de ser feito por seres humanos, resulta muito da interação das pessoas que mudam todos os dias. Se fossem sempre as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, talvez pudéssemos eliminar ou diminuir a percentagem de erro. Agora, o erro é entusiasmante, porque o resultado final positivo depende de estarmos o mais bem preparados possíveis, devemos contemplar essa possibilidade de erro para que ela não seja uma surpresa… Depois, é evidente que quanto mais quilómetros de estrada tivermos, mais facilmente suavizamos esses tropeções. Se houve um erro gigante que tornou as coisas ridículas… Não me lembro! (risos)
Por falar em diferentes públicos… Há vários anos que leva a sua arte aos vários recantos do mundo. Existem algumas diferenças evidentes nos vários públicos para quem já atuou? O público português possui alguma particularidade?
Acho que as diferenças não são extraordinárias. Às vezes está apenas no tempo que as pessoas demoram a perceber a relação entre palco e plateia. Pode existir pessoas que vêm ver um espetáculo de magia pela primeira vez e não sabem bem o que esperar e até perceberem qual é que é a onda, podem estar mais contidas. Se tirarmos uma fotografia às pessoas antes e depois de começar o espetáculo, percebemos que estão tranquilas, satisfeitas. A viver e a ser pessoas. Por isso o que acho é que, consoante os tipos de público, pode ser no mesmo país ou em países diferentes, é só essa a diferença.
Já estive nos Emirados Árabes Unidos, no México, no Japão, Austrália. As coisas não são iguais, claro, mas é muito parecida a reação. Lá está, é universal.
Há uns anos, o ilusionismo estava muito mais presente nas televisões nacionais. Agora, parece-nos que o paradigma mudou. Na opinião do Luís, porquê?
Acho que a magia na televisão passa por ondas. Eu próprio fui criando a minha onda pessoal (faço televisão desde os anos 90) e procuro cada vez que volto, voltar diferente. Mas hoje em dia, a televisão padece de muitos problemas, sendo um dos principais a uniformização. Durante a manhã, todos os canais fazem o mesmo tipo de programa, de tarde o mesmo, à noite igual. Não há diferenças que seriam enriquecedoras. Houve por isso uma estandardização que levou ao seu declínio. A verdade é que isso já foi bom para a magia. Houve formatos internacionais de magia que foram copiados por todo o mundo. O problema é que esse copiar ou duplicar, não é uma coisa que duplique o espírito, ou a qualidade e sentimento com que se fazem as coisas. Depois, acabam por não triunfar. Acho que estamos a passar por esse fenómeno. Uma estandardização atroz que fez dos canais reféns. A cima de tudo acho que também há uma grande falta de coragem e alguma cobardia na forma como se gerem os canais, não só em Portugal.
Foi o primeiro a levar um programa de magia ao prime-time, o primeiro a fazer um programa de magia em direto, o primeiro a conseguir levar espetáculos de magia aos teatros nacionais. O que mudou desde essa altura? O ilusionismo está cada vez mais especializado?
Mudou, porque a magia tem esta capacidade de como os mágicos estão permanentemente a tentar prototipar o futuro, ir mudando. Isto quer dizer que à medida que o mundo evolui, a magia readapta-se, mas está sempre à frente do próprio desenvolvimento do universo. Não é por sermos mais espertos, é apenas por definição. O homem sonha, o mágico concretiza aquilo que sonhou. Claro que apenas está a dar a ilusão daquilo que está a acontecer… Tal como acontece no cinema.
Foi num grupo de teatro e variedades que teve o primeiro contacto com a magia, através do Serafim Afonso. Apaixonou-se pelo ilusionismo nessa altura. Se isso não tivesse acontecido…
Provavelmente estaria a trabalhar no McDonald’s, seria motorista de autocarro, tinha continuado a minha carreira académica e ainda estaria na Escola Superior Agrária de Coimbra, ou qualquer outra coisa. Acho que esta faculdade incrível que nos é dada quando jogamos o jogo da vida, é um livre arbítrio que nos permite ir fazendo escolhas e desenhando um caminho mais ou menos à nossa medida. Temos pelo menos a obrigação, nos vários cenários que nos apresentam, escolher aquele que mais nos atrai. Estava longe de imaginar que quando aprendi a tocar viola e fui para o grupo Amanhecer, que isso me apresentaria ao Serafim, que me apaixonasse por magia… Isso é das coisas mais bonitas da vida. Esse lado surpreendente, a repercussão que, às vezes, pequenas escolhas, têm na nossa vida.
Como é que essa paixão foi vista pelos dois pais professores?
Nos primeiros tempos, não lhes disse! (risos) Mas depois, fui sempre cumprindo com as minhas obrigações académicas… Quando acabei o meu curso fui convidado a trabalhar lá na universidade, enquanto fazia televisão. Até que há uma altura em que o tempo já não estica. Estava a tempo inteiro na Escola Superior, a tempo inteiro a fazer televisão e espetáculos. Tive de tomar uma decisão. O meu lado racional veio ao de cima: “Destas duas vias, quero escolher aquela que me permite, se correr mal, voltar para a que eliminei. Foi o que fiz. “Se escolher a vida académica e depois quiser ser artista, se calhar não dá. Mas ao contrário sim! Posso sempre recuperar a carreira académica”, foi o que pensei. No dia que esta área não tenha mais nada para me dar, ou não tiver mais nada para dar às pessoas, volto a ser professor.
O mágico tem de cativar o público, ser carismático e prender as atenções. Também há alguma magia na forma como o Luís domina os seus espetáculos?
Acho que é sempre uma mistura de muitas coisas. Tudo o que é feito com paixão é magnético. Portanto, o que faço, faço por paixão. Não existe nenhum segredo aqui! (risos) Só que escolho a forma, faço-o com o máximo de entusiasmo, como acho que resulta. E depois tem a ver com a repetição. Mais do que um talento pré-determinado, na minha opinião, o lubrificante da comunicação, é a paixão com que se diz, a forma com que se acredita no que se diz.
Ao longo de cinco semanas ‘Luís de Matos IMPOSSÍVEL’ Ao Vivo estará em cena nas mais prestigiadas salas de: Lisboa, Coimbra, Faro e Porto. Quanto tempo demorou a preparação do novo espetáculo?
Digo sempre que cada espetáculo demorou a preparar a minha vida inteira. Tudo aquilo que vou fazer neste espetáculo, não preparei três ou seis meses antes. Há coisas que aprendi há 15 ou 20, fruto da experiência da tentativa erro.
A história deste em concreto….
A última série que eu fiz para a RTP, foi em 2017, chamava-se ‘Luís de Matos Impossível’ e era em direto, ao sábado à noite, feita diretamente do nosso Estúdio 33. Nele, para além de ter público e orquestra, trazia convidados internacionais, os melhores em determinadas áreas.
Trouxe isso para este novo espetáculo, já que terá ao seu lado quatro dos maiores mágicos mundiais na atualidade, dos EUA, Dan Sperry, da Espanha, Javier Botía, da França, Norbert Ferré e ainda Yu Hojin da Coreia do Sul. Como foi unir esses mundos? É difícil gerir os diferentes egos?
Acho que isso é das coisas mais interessantes… Em primeiro lugar, como sou eu que faço a direção do espetáculo, tenho o meu próprio critério na escolha dos artistas. Até hoje, tive a imensa sorte de todos os que convidei, terem sido sempre a minha primeira escolha…Isto foi válido para o Impossível ao Vivo em 2018, 2019 e vai ser para esta terceira instalação. Tenho três critérios, em primeiro lugar, que sejam artistas muito bons individualmente, depois que a mistura dos quatro mais um faça sentido e seja complementada, em terceiro que sejam pessoas com as quais gosto de trabalhar. Isto parece uma condição muito egoísta, mas reflete-se no resultado final. A cumplicidade que existe entre nós vai transparecer para o público. Tal como o entusiasmo, a alegria. Qualquer um de nós olha para os outros quatro e diz: “Uau! Que fixe!”. Cada um de nós admira os outros. Estamos confortáveis.
E qual será a dinâmica?
Neste espetáculo não é: um entra, depois sai, entra o outro… Tem também interação entre nós. Existem momentos em que estamos os cinco em palco. Se não tivéssemos personagens complementares, que têm um profundo respeito entre si e uma alegria por estarem juntos, esses momentos seriam outra coisa qualquer. Faltaria brilho. Eles estão em áreas muito diferentes, são todos muito bons, com prémios internacionais à escala global. Pessoas que admiro pessoal e profissionalmente. Este elenco é de outro mundo! Porque é! Este espetáculo tem uma variedade tão grande que, mesmo se não gostar dos cinco, uma pessoa vai sempre gostar de algum. Mas arrisco-me a dizer que isso é quase impossível de acontecer! (risos)
O que cada um deles traz ao espetáculo?
O Dan Sperry é uma mistura do David Copperfield com o Marilyn Manson. O Yu Hojin é de uma sensibilidade, de uma mestria, elegância que emociona. Costumo dizer que surge um Yu Hojin, só de 50 em 50 anos. Tenho a sorte de ser amigo deste. O Norbert Ferré é um francês com muito bom humor, um virtuoso, que também foi campeão do mundo, é encenador, empresário… Finalmente o Javier Botía, que é um poço de talento. Faz mentalismo, mas com comicidade. Apesar de entregar, desmonta esta relação que há muito distante e cheia que o mentalismo tem habitualmente. Este espetáculo tem por isso toda esta variedade, este sentido de humor, esta complementaridade. Gostava muito que as pessoas que dizem que não gostam de magia fossem obrigadas a ver. Acredito mesmo que este é o nosso melhor espetáculo de sempre.
E qual será o futuro da magia?
Enquanto existir humanidade haverá a capacidade de sonhar, de misturar sentimentos, de sorrir, de arregalar o olho. Por isso, haverá magia.