Os Obama. Quando a vida melhora depois da presidência

Os Obama. Quando a vida melhora depois da presidência


Deixou a presidência dos EUA em 2017. Porém, não foi isso que o parou. Barack Obama, juntamente com a sua esposa Michelle, tem continuado bastante ativo em projetos que vão desde a literatura, às conferências e ao universo do entretenimento. Desde que abandonou o cargo que o ex-Presidente está ainda mais milionário. 


O que resta fazer a um Presidente depois de comandar aquele que é considerado o país mais poderoso do mundo? A verdade é que, na maior parte dos casos, estes saem do governo mergulhando numa reforma bastante discreta. De terem o seu rosto em todos os ecrãs televisivos do mundo, passam a aparecer pouco, como se tivessem sido uma leve miragem, limitando-se a opiniões políticas nos bastidores de cada um dos seus partidos. Porém, existem exceções e Barack Obama é capaz de ser uma das mais significativas.

Acreditava que a mudança não acontece se esperarmos por outra pessoa ou por outro momento. “Nós somos as pessoas pelas quais esperávamos. Nós somos a mudança que procuramos”, afirmava. “Não há uma América progressista ou uma América conservadora — há os EUA”, defendia também em alguns discursos, depois de em 2008 ter assumido o cargo. Obama foi o 44.º Presidente dos EUA, tendo marcado a história política do país já que foi o primeiro afro-americano a ocupar o cargo. Além disso, chegou a ser aclamado como um dos maiores oradores presidenciais da história moderna. Por isso, talvez não seja assim tão surpreendente que a sua fortuna tenha continuado a aumentar mesmo depois de deixar a Casa Branca.

 

Antes e depois da Casa Branca

De acordo com as declarações de imposto de renda de 2006, antes de se tornar Presidente dos EUA, Barak Obama ganhava um salário de 157 mil dólares por ano, o equivalente a 153 mil euros. Já Michelle, a sua esposa, ganhava quase 275 mil dólares, cerca de 268 mil euros, como diretora do Centro Médico da Universidade de Chicago. A fortuna do casal era, por isso, de 1,3 milhões de dólares, o equivalente a 1,2 milhões de euros. Agora, e quatro anos depois de deixar o casarão presidencial, segundo o El Mundo, o seu património foi multiplicado por cem, ou seja, 135 milhões de dólares, cerca de 131 milhões de euros.

Recentemente e a propósito da publicação do novo livro da ex-primeira-dama, A Luz que Nos Ilumina – Superar Tempos de Incerteza, o jornal espanhol quis destacar a forma como o casal se tornou milionário. Uma vez no cargo, Obama ganhava 400 mil dólares por ano, ou seja, cerca de 389 mil euros – atualmente recebe uma pensão de 200 mil euros por ano, cerca de 194 mil euros, como ex-Presidente – o que, multiplicado pelos oito anos que passou no Salão Oval, chega a 3,2 milhões de dólares, o equivalente a 3,1 milhões de euros.

 

Os Obama na literatura

Há cinco anos, o casal assinou um contrato com a Penguin Random House, uma editora multinacional formada em 2013. Nessa altura, a Reuters noticiou que a editora havia fechado um acordo para publicar dois livros do ex-Presidente e da ex-primeira-dama, Becoming, onde cada volume seria escrito por cada um deles.

O acordo ocorreu após um acalorado leilão pelos direitos globais dos dois livros com lances que chegaram a mais de 60 milhões de dólares, o equivalente a 58 milhões de euros. “Uma soma recorde para as memórias presidenciais dos EUA”, informou o Financial Times. A Penguin Random House também publicou os três livros anteriores de Obama – Os Sonhos do Meu Pai , em 2007, A Audácia da Esperança, no mesmo ano e ainda De ti eu Canto – Uma Carta para as Minhas Filhas, em 2010.

Em comparação, o seu colega democrata e ex-Presidente Bill Clinton ganhou 15 milhões de dólares, 14 milhões de euros, pelos direitos do seu livro de memórias My Life, lançado em 2004. Já o republicano George W. Bush, colheu cerca de 10 milhões com o seu livro Decision Points.

 

Um grande orador

Porém, a literatura está longe de ser o único part-time lucrativo do casal.

No seu site oficial encontra-se um pequeno formulário que permite convidar o ex-Presidente para comparecer em eventos. Além de pedir os dados habituais, o formulário requer que seja detalhado quanto público terá a palestra e quais “os convidados notáveis” que estarão presentes. E, apesar de não estar estipulado qual o valor que Obama e Michelle cobram por cada um destes eventos, de acordo com o jornal espanhol, o ex-Presidente não leva menos de 400 mil dólares – 390 mil euros –, por palestra. De acordo com a mesma publicação, em 2017, o ex-Presidente deu três em Wall Street e, em 2019, na EXMA Conference em Bogotá, chegou mesmo a receber 600 mil dólares, 583 mil euros, por apenas uma. Tendo em conta que este faz, em média, 50 conferências por ano, a sua receita antes dos impostos chegará a 20 milhões de dólares, o equivalente a 19 milhões de euros. Claro que estes números exorbitantes levaram a que o ex-Presidente fosse criticado por políticos de ambos os lados da barricada política norte-americana. Já a sua esposa cobra 225 mil dólares, cerca de 218 mil euros, de todas as vezes que pega no microfone.

 

Uma aposta no entretenimento

Além dos livros e dos palcos, o casal também quis apostar na sétima arte. Em maio de 2018, através da sua produtora Higher Ground, assinaram um contrato com a Netflix com o objetivo de produzir diferentes tipos de conteúdo como séries, documentários e adaptações literárias por cerca de 60 milhões de dólares, 58 milhões de euros.

Em abril, a plataforma de streaming lançou o documentário Os Parques Nacionais Mais Fascinantes do Mundo, narrado por Barack Obama, produzido pela sua produtora e considerado uma Ode à Natureza. A série de cinco episódios convida os espetadores a uma viagem por alguns dos parques nacionais mais inspiradores do planeta, que vão desde o Quénia à Indonésia, passando pela Califórnia ou pelo Chile.

Contudo, a estreia dos Obama aconteceu em American Factory, um documentário que expõe os efeitos da globalização no mercado de trabalho, através do relato de trabalhadores de uma fábrica no Ohio, gerida por uma empresa chinesa. O filme, que foi lançado em 2019, esteve a cargo dos cineastas Julia Reichert e Steven Bognar e acabou por sair vencedor do Óscar de Melhor Documentário, no ano seguinte. “Parabéns à Julia e ao Steven, os cineastas por trás de American Factory, por contarem uma história tão complexa e comovente sobre as consequências humanas de mudanças económicas violentas. Fico feliz de ver duas pessoas talentosas e francamente boas levarem para casa um Óscar pelo primeiro lançamento de Higher Ground”, escreveu à época Barack Obama no Twitter.

No mesmo ano em que o primeiro documentário da produtora ganhou um Óscar, os Obama lançaram uma outra produção: Crip Camp, um documentário que acompanha uma série de adolescentes com deficiências — que, reunidos num campo de verão, lançam um movimento político que conquista uma série de novos direitos. Apesar de também ter conquistado uma nomeação para os Óscares, o documentário não venceu.

Além disso, a Higher Ground também já produziu duas séries educativas para crianças. Ada Twist, cientista, personagem que em conjunto com as suas duas melhores amigas faz grandes perguntas trabalhando para descobrir as respostas; e Nós as Pessoas, uma série musical com temas inspirados nos direitos civis norte-americanos. Mais recentemente, a produtora lançou o documentário Becoming sobre a digressão de promoção do último livro que foi nomeado para um Emmy.

Relativamente às longas-metragens de ficção, a Higher Ground é responsável por Paternidade, filme lançado em 2021 e protagonizado por Kevin Hart, que conta a história de um viúvo que enfrenta dúvidas, medos, dores de cabeça e fraldas sujas ao tentar criar a sua filha sozinho; e Valor da Vida, um filme com Michael Keaton e Stanley Tucci sobre as indemnizações dadas às vítimas dos ataques terroristas do 11 de setembro, lançado no ano anterior.

Segundo o que foi divulgado em abril, o próximo filme será também para a Netflix. Porém, desta vez, a produtora apostou num drama psicológico que terá como protagonistas dois atores renomados em Hollywood: Julia Roberts e Mahershala Ali. Trata-se da adaptação da obra Leave the World Behind, de Rumaan alam, publicada no final de 2020. “Devido a estranhos acontecimentos ocorridos na cidade, uma família negra volta para a sua casa de campo, que alugaram para uma família branca. À medida que os estranhos eventos continuam do lado de fora, as tensões entre as famílias aumentam”, lê-se na sinopse do filme já disponível. A produção será realizada por Sam Esmail, criador de Mr. Robot, que escreveu a adaptação.

Outro projeto lançado em fevereiro de 2021 pela produtora, na sequência de um podcast estreado em 2020 e comandado por Michelle Obama, Barack Obama sentou-se com Bruce Springsteen, numa conversa sobre a América que resultou em oito episódios. O podcast acabou também por originar um livro com o mesmo nome,

 

Renegades: Born in the USA

No mês passado foi divulgado que Barack Obama poderá fazer parte de um grupo de investimento que quer comprar os Phoenix Suns – o negócio será o maior da história da NBA, a rondar os 4 mil milhões de dólares, o equivalente a 3,8 mil milhões de euros. Por isso, o ex-Presidente poderá vir a ser dono de uma equipa de NBA.

No que toca ao local onde vivem, segundo o El Mundo, os Obama possuem uma residência principal que fica no bairro de Kalorama, em Washington, pela qual pagaram 8,1 milhões de dólares, cerca de 7,8 milhões de euros, assim que deixaram a Casa Branca. Além disso, o casal detém uma casa de férias, na ilha de Martha’s Vineyard, onde também Jackie Kennedy teve o seu refúgio multimilionário.