No próximo fim de semana realizam-se os Congressos das Federações Distritais e Regionais do Partido Socialista (PS). Eleitos antecipadamente por voto direto os respetivos Presidentes, os Congressos serão momentos de avaliação estratégica e reorganização operacional, que terão que ter em conta o que foram as últimas eleições autárquicas em cada território e começar a preparar o próximo ciclo, incorporando na reflexão e na definição das prioridades o anunciado processo de descentralização e desconcentração de competências e recursos.
Como militante na secção de Évora participarei no Congresso Federativo daquele Distrito que se realiza em Montemor-o-Novo, Concelho que, após ter sido gerido pelo PCP e os seus partidos e movimentos satélites desde o início do processo de escolha democrática dos órgãos autárquicos, se tornou em 2021 uma autarquia gerida pelo PS, com um programa ambicioso de renovação, atração de investimento, valorização do património e envolvimento da sociedade civil e dos agentes económicos e sociais no seu processo de desenvolvimento.
Os Congressos Federativos do PS realizam-se num momento muito exigente para os socialistas, enquanto mandatários da vontade maioritariamente expressa pelo povo português para conduzirem o País nas águas turbulentas da recuperação económica e social em contexto de retração económica global induzida pela guerra, de inflação e de elevada pressão sobre os rendimentos das classes médias e dos mais desfavorecidos e de impactos diferenciados, positivos ou negativos, nos diferentes sectores económicos.
Um tempo assim exige mais do que nunca o exercício da política com valores, convicção, envolvimento, transparência e coordenação. Não seria uma boa prática antecipar nesta minha coluna o que pretendo partilhar no Congresso em que penso estar presente. O que me motiva a escrever sobre este tema é sublinhar a importância destes congressos para o PS e para o País, num momento determinante para o nosso futuro coletivo e em que é fundamental a capacidade de combinar com êxito, os processos de descentralização e de coordenação nas diversas áreas de governação.
Tem sido curioso assistir ao desenvolvimento de uma linha de comentário e de intervenção política que pretende associar as falhas operacionais de coordenação do Governo a uma suposta viragem à direita da governação. É verdade que a sensação de maré vazia política é mais apetecível à Direita do Estado mínimo do que à Esquerda do Estado garante de equidade e de dignidade. No entanto, a boa coordenação em todos os patamares e o bom envolvimento de todos os atores sociais e políticos não são um fim em si mesmas. São instrumentos para cumprir metas e objetivos, concretizar programas e valorizar a função política em contexto democrático.
Com as escolhas eletivas mais mediáticas já feitas e uma revisão constitucional à porta, é provável que os Congressos Federativos do PS não consigam subir à primeira linha da atualidade nacional. No entanto, eles terão que conseguir ser motores de mobilização à escala do território, para que na governação que os portugueses escolheram, se volte a sentir o empolgamento da maré cheia.
Eurodeputado do PS