“É uma vitória”. Bares do Bairro Alto já não vão pagar multas da pandemia

“É uma vitória”. Bares do Bairro Alto já não vão pagar multas da pandemia


Um erro da ASAE levou o tribunal a dar razão aos donos de alguns bares multados em julho do ano passado.


Os bares do Bairro Alto que em julho de 2021 foram multados pela Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em julho do ano passado por alegadamente estarem em incumprimento de atividade já não vão ter que pagar essas multas, decidiu o tribunal. A decisão deve-se a um erro da própria ASAE, como explica ao i o proprietário do Alface Hall, que está ligado a este processo. 

“Houve uma falha na maneira como a ASAE criou a acusação. No entanto, nós fomos até ao fim, lutámos até ao fim”, diz, acrescentando que em causa esteve “a questão dos CAEs [Classificação Portuguesa das Atividades Económicas]. Tínhamos os CAEs todos, tínhamos de bar, que eram os que estavam proibidos, mas também tínhamos de restauração”, explica.

A ASAE esteve então, em julho de 2021, a fiscalizar os bares que usaram os CAEs alternativos para poderem continuar a trabalhar “e aplicou a multa e fez um processo”.

Os bares em causa responderam à multa da ASAE mas “eles mantiveram o processo e mantiveram a coima”, o que fez com que os bares recorressem ao tribunal, tendo-lhes sido dada a razão quase um ano e meio depois. “No entanto aquilo que o tribunal fez foi ler o processo com atenção e viu que havia ali falhas na forma como a ASAE interpretou porque a ASAE, no processo todo, não colocou a questão do CAE”, explica o proprietário do espaço visado. “É uma vitória”, considera. “Soube ainda melhor porque estávamos a querer sobreviver. Estivemos fechados, depois deixaram-nos abrir, depois mandaram-nos fechar outra vez, depois a ministra disse que puséssemos o CAE ou trabalhássemos como pastelaria podíamos funcionar. As pessoas foram fazer isso e depois a ASAE cai em cima por questões processuais, porque não comunicámos à Câmara Municipal que tínhamos essa alteração do CAE”, explica o responsável, garantindo que essa alteração foi feita nas Finanças.

“Isto foi uma espécie de um ataque”, acusa. “Porque estamos a falar da história toda das pessoas dos bares a manifestarem-se, das pessoas a fazerem greve de fome à frente da Assembleia, várias coisas que foram acontecendo. E depois houve esta atuação por parte da ASAE e da DGS, baseada, na realidade, em nada”. 

Apesar da decisão, os responsáveis estão “indignadíssimos”. Acham “estranho até como é que não há uma diretiva geral a dizer que todas as coimas e todos os processos durante a pandemia que sejam anulados. Para mim era de caras que tinha que se anular tudo”, lembrando que as pessoas “estiveram dois anos fechadas a lutar, a pagar ordenados, espaços, tudo. Foi cruel”.

O processo agora “fica por aqui, transita para anulação”, o que significa que os proprietários já não vão ter que pagar qualquer valor. D.S.F.