Paulo Raimundo fez este domingo o seu primeiro discurso como novo secretário-geral do PCP, assegurando o seu "compromisso" com os trabalhadores e com o povo e afirmando querer ligar o partido “ainda mais” às massas, mas não deixou de tecer críticas ao PS, que "tudo fez para forçar eleições antecipadas".
"Um partido mais forte e com mais influência é o garantir dos direitos do povo. Estamos à altura dessa responsabilidade. Se dúvidas houvesse, é pôr os olhos nesta força”, disse o novo líder do PCP.
“O nosso compromisso é o mesmo de sempre, com os trabalhadores e com o nosso povo. Aqui na nossa conferencia não se tratou da defesa dos interesses do capital, aqui tomamos a iniciativa pelo trabalho, dos que produzem a riqueza e garantem o funcionamento da sociedade", sublinhou.
No que diz respeito à guerra na Ucrânia, Paulo Raimundo afirmou que os povos “querem e têm direito à paz".
"Aqui não se tratam os problemas com hipocrisia. Não há vida vivida com dignidade com rendas e juros proibitivos que negam o acesso a habitação, não há políticas ambientais sem transportes públicos de qualidade e gratuitos e não instigamos uma escalada de resultados imprevisíveis”, continuou deixando claro: “fogo não se apaga com gasolina”.
“Aqui, com a autoridade de quem sempre se opôs à guerra, tomamos a iniciativa pela paz. Daqui apelamos a todos os que aspiram a uma vida melhor que se juntem à nossa exigência do fim da guerra e a abertura de negociações com os demais intervenientes, nomeadamente com a federação russa", defendeu o sucessor de Jerónimo de Sousa.
PCP virado para as massas
Paulo Raimundo tem o objetivo de ligar o PCP “ainda mais” às massas: "sobra o maior desafio: com quem e como fazer. Aqui não ficamos pela espuma dos dias, vamos aos problemas concretos do país real. Portugal não está condenado ao atraso, às amarras e à perda de soberania política e económica. Esta é a opção que confronta a política de direita, valoriza o trabalho dos trabalhadores, garante a justiça fiscal, assume a necessidade de uma relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza", afirmou.
PS forçou eleições antecipadas
Paulo Raimundo aproveitou para tecer algumas críticas ao Governo: “O PS tudo fez para forçar eleições antecipadas, queria uma maioria absoluta, conseguiu-a e os resultados estão à vista. Sabemos que há inquietação sobre o presente e o futuro. Temos de fazer as injustiças força para lutar, é esse o nosso papel e a conferência deu esse sinal de força e determinação. Um partido onde a unidade e coesão depende também do papel e intervenção de cada um", atirou.
No final do discurso, deixou uma palavra de agradecimento ao seu antecessor, Jerónimo de Sousa, acrescentando que "não significa um adeus, é um até já".
Mas antes de terminar, deixa ainda um apelo aos comunistas. "Um apelo que alargamos à sociedade. Não percamos a esperança, ganhemos ânimo para a ação do dia-a-dia. Lado a lado juntaremos força à força. Olhemos para a Juventude Comunista Portuguesa e vejamos o projeto humanista e de futuro que aqui se vive. O capitalismo apenas tem para oferecer a guerra, a miséria, a corrupção, degradação ambiental e tem muita força", ressalva.
[Notícia atualizada às 14h04]