Honrar a viagem do Lusitânia Expresso


Não podemos permitir que o país se transforme numa rota para o engano, para o sofrimento.


Nas raízes milenares do sonho, da vontade, da coragem e determinação de um povo à beira mar plantado, surgiu um Condado que deu origem a uma nação que hoje conta com quase 900 anos de história.

Aqui, ao longo dos séculos cruzaram-se celtas, fenícios, gregos, cartagineses, visigodos, romanos, alanos, judeus, muçulmanos, africanos, ciganos, franceses e tantos outros povos.

Camadas de culturas, de línguas, de tradições, que se foram sobrepondo, sedimentando, e que deram origem ao país que somos. Ao país de que nos orgulhamos de ser.

A fome, o sonho de vidas melhores, fez-nos viajar, descobrir horizontes, rumar a todos os cantos do mundo, sermos acolhidos em geografias tão diferentes. 

Somos um povo que se faz ao mar, e que no mar encontrou uma forma de partilhar o melhor que o mundo pode oferecer.

E tudo isso, nos ensinou desde sempre, a abrir os braços e a acolher quem nos procurava, num vai e vem constante, numa troca permanente de experiências, de cheiros, de sabores e de saberes.

Por isso é doloroso ver Portugal transformar-se numa rota de tráfico de seres humanos, pessoas enganadas por gente sem escrúpulos, quando só procuram uma vida melhor.

Olhar para o Martim Moniz, no velho coração da cidade, e ver jovens timorenses a dormirem na rua, sem comida, sem um casaco para se defenderem das noites frias que começam a chegar.

Foi por Timor que saímos às ruas, foi por Timor que nos manifestámos, foi pela independência de Timor que nos batemos.

Foi por Timor que voltámos a fazer-nos ao mar, na viagem orgulhosa do Lusitânia Expresso, que levava a bordo um punhado de gente que representava o melhor que Portugal queria levar a Timor.

Uma viagem que pretendia levar uma mensagem de esperança a um povo que havíamos deixado à sua sorte, no turbilhão de uma revolução pela democracia e pela auto-determinação dos povos.

E, exatamente pela memória dessa esperança, não podemos permitir que os filhos desse jovem país sejam tratados desta forma indigna.

Jovens que foram enganados com falsas promessas de trabalho, que se endividaram para comprar um bilhete de avião e atravessar o mundo para chegarem a Portugal.

Jovens que não sabem falar a nossa língua, que vinham preparados para o trabalho duro na agricultura e na construção civil, mas não estavam preparados (ninguém está) para o abandono indigno a que foram sujeitos.

E infelizmente, não são só timorenses. Há estrangeiros de várias nacionalidades, que tentaram fugir à fome e à falta de horizontes e estão vulneráveis nas ruas de um país que lhes é estranho.

As autarquias, várias ONGs, o Estado, estão a tentar soluções de trabalho, de abrigo e de alimentação. Soluções de emergência perante um problema que se continua a agravar.

Aos governos (todos!) cabe a tarefa de acabar com este flagelo, de descobrir e punir de forma eficaz quem lucra com o tráfico de seres humanos, quem faz dinheiro com a dor destas vidas.

Nós, como sociedade, temos de nos indignar, de estar atentos aos sinais, não podemos virar a cara quando desconfiamos que alguém é vítima de abusos, que é explorado ou mesmo escravizado.

E não podemos permitir que o país se transforme numa rota para o engano, para o sofrimento.

Temos de continuar a Honrar a viagem do Lusitânia Expresso.

Honrar a viagem do Lusitânia Expresso


Não podemos permitir que o país se transforme numa rota para o engano, para o sofrimento.


Nas raízes milenares do sonho, da vontade, da coragem e determinação de um povo à beira mar plantado, surgiu um Condado que deu origem a uma nação que hoje conta com quase 900 anos de história.

Aqui, ao longo dos séculos cruzaram-se celtas, fenícios, gregos, cartagineses, visigodos, romanos, alanos, judeus, muçulmanos, africanos, ciganos, franceses e tantos outros povos.

Camadas de culturas, de línguas, de tradições, que se foram sobrepondo, sedimentando, e que deram origem ao país que somos. Ao país de que nos orgulhamos de ser.

A fome, o sonho de vidas melhores, fez-nos viajar, descobrir horizontes, rumar a todos os cantos do mundo, sermos acolhidos em geografias tão diferentes. 

Somos um povo que se faz ao mar, e que no mar encontrou uma forma de partilhar o melhor que o mundo pode oferecer.

E tudo isso, nos ensinou desde sempre, a abrir os braços e a acolher quem nos procurava, num vai e vem constante, numa troca permanente de experiências, de cheiros, de sabores e de saberes.

Por isso é doloroso ver Portugal transformar-se numa rota de tráfico de seres humanos, pessoas enganadas por gente sem escrúpulos, quando só procuram uma vida melhor.

Olhar para o Martim Moniz, no velho coração da cidade, e ver jovens timorenses a dormirem na rua, sem comida, sem um casaco para se defenderem das noites frias que começam a chegar.

Foi por Timor que saímos às ruas, foi por Timor que nos manifestámos, foi pela independência de Timor que nos batemos.

Foi por Timor que voltámos a fazer-nos ao mar, na viagem orgulhosa do Lusitânia Expresso, que levava a bordo um punhado de gente que representava o melhor que Portugal queria levar a Timor.

Uma viagem que pretendia levar uma mensagem de esperança a um povo que havíamos deixado à sua sorte, no turbilhão de uma revolução pela democracia e pela auto-determinação dos povos.

E, exatamente pela memória dessa esperança, não podemos permitir que os filhos desse jovem país sejam tratados desta forma indigna.

Jovens que foram enganados com falsas promessas de trabalho, que se endividaram para comprar um bilhete de avião e atravessar o mundo para chegarem a Portugal.

Jovens que não sabem falar a nossa língua, que vinham preparados para o trabalho duro na agricultura e na construção civil, mas não estavam preparados (ninguém está) para o abandono indigno a que foram sujeitos.

E infelizmente, não são só timorenses. Há estrangeiros de várias nacionalidades, que tentaram fugir à fome e à falta de horizontes e estão vulneráveis nas ruas de um país que lhes é estranho.

As autarquias, várias ONGs, o Estado, estão a tentar soluções de trabalho, de abrigo e de alimentação. Soluções de emergência perante um problema que se continua a agravar.

Aos governos (todos!) cabe a tarefa de acabar com este flagelo, de descobrir e punir de forma eficaz quem lucra com o tráfico de seres humanos, quem faz dinheiro com a dor destas vidas.

Nós, como sociedade, temos de nos indignar, de estar atentos aos sinais, não podemos virar a cara quando desconfiamos que alguém é vítima de abusos, que é explorado ou mesmo escravizado.

E não podemos permitir que o país se transforme numa rota para o engano, para o sofrimento.

Temos de continuar a Honrar a viagem do Lusitânia Expresso.