Dia 25 de Outubro de 1961. Por causa dos mouros, os lisboetas andavam num pagode

Dia 25 de Outubro de 1961. Por causa dos mouros, os lisboetas andavam num pagode


O 814.º aniversário da Tomada de_Lisboa aos Mouros foi dedicado a uma maciça distribuição de bibliotecas por parte do município e um grande número de instituições. Se Lisboa era a cidade da diversão, nada como um bom livro para entreter as almas livres…


Havia um velho dichote, bem português, que ia assim: “Braga reza; o Porto trabalha; Coimbra estuda; Lisboa diverte-se”. Vícios antigos que não se arreigaram tanto como isso, embora não seja muito discutível que Lisboa é uma cidade um pouco mais divertida do que as restantes, talvez porque tem mais espaços abertos e um céu mais clemente. No dia 25 de Outubro de 1961, para provar que nem só Coimbra estudava, o 814º aniversário da tomada da capital aos mouros começou com bibliotecas distribuídas pelo presidente do município a mãos largas: Hospital Miguel Bombarda, Associação Portuguesa de Surdos, Casa Pia Atlético Clube, Grupo Desportivo da Mouraria, Clube de Campismo de Lisboa, Águia de Fonte Santa Football Club, Casa de Comarca de Figueiró dos_Vinhos, Grupo Dramático Escolar “Os Combatentes” – eis algumas instituições que foram presenteadas com centenas de livros para que os seus membros pudessem descobrir uma forma útil e satisfatória de preencheram os seus tempos livres. A ideia era boa! Não parece ter correspondência nestes novos tempos, 59 anos decorridos entretanto. O brigadeiro França Borges estava francamente entusiasmado com a movimentação. E prometia desde logo que haveria mais bibliotecas a caminhos de outros locais, tal como o refeitório dos Paços do Concelho e o matadouro-frigorífico do_Bairro das Furnas. Divirtam-se lendo, podia muito bem ser o moto.

Mas nem apenas de livros se entretinham as comemorações lisboetas. Vários jogadores do Benfica (alguns estavam ausentes, em Londres, representando a Selecção nacional), foram agraciados com uma medalha vistosa por terem conquistado a primeira Taça dos Campeões Europeus para Portugal. Outra figuras, não tão espectaculares, não foram igualmente esquecidas, reparem, por exemplo, nos prémios entregues aos proprietários das melhores confeitarias de Lisboa, que apresentaram receitas diversas do Bolo Henriquino, ou nos funcionários municipais vencedores de troféus em honra das suas habilidades criativas – o engenheiro José Rodrigo ganhou o concurso de pintura, Maria Teresa Viegas Dias o de escultura, o dr. Joaquim Macedo de Barros o de desenho, a drª Maria Rafael Vicente da Silva Florentino o de cerâmica e D._Odete de Jesus Carvalheiro da Silva a de lavores. Mais na intimidade, nas salas das sessões preparatórias, eram os funcionários com 20 e 30 anos de serviço as personagens a medalhar. Um dia de livros e troféus que até deu para esquecer o Martim Moniz.