Guerra na Ucrânia. Ataque a hidroelétrica

Guerra na Ucrânia. Ataque a hidroelétrica


Autoridades ucranianas alertam que a Rússia pode estar a planear um ataque à central hidroelétrica de Kherson, o que pode representar ‘uma catástrofe em grande escala’.


Numa altura em que a Rússia prometeu evacuar 50 mil a 60 mil pessoas de Kherson no espaço de seis dias, continuam-se a registar confrontos nesta zona com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a denunciar que a Rússia planeia destruir uma central hidroelétrica. 

«A Rússia está a preparar um ataque na central hidroelétrica de Kakhovka. De acordo com as nossas informações, os agregados e a barragem de Kakhovka foram minadas por terroristas russos», o presidente ucraniano, que já tinha abordado esta possibilidade durante um discurso ao Conselho da União Europeia. «Se a barragem for destruída o canal da Crimeia do Norte simplesmente desaparecerá», e isso seria «uma catástrofe em grande escala», acrescentou.

Na noite de quinta-feira, Zelensky acusou o Kremlin de plantar minas na barragem na região que é, atualmente, ocupada pelas forças russas e não muito longe da linha de contacto com as forças ucraniana, representando uma ameaça a uma longa rede de canais construída pelos soviéticos de 400 km.

«Com este ataque terrorista, eles podem destruir, entre outras coisas, até mesmo a possibilidade de fornecer água do rio Dnipro à Crimeia. No caso de destruição da barragem da Kakhovka, o canal da Crimeia do Norte simplesmente desaparecerá», alertou o Presidente ucraniano, reforçando que este ataque «significará exatamente o mesmo que o uso de armas de destruição em massa».

As autoridades ucranianas prometeram que «não vão sucumbir à tentativa de paz através de coerção» e prometeu retaliar com mais força caso o plano da Rússia para destruir a central avance.

«Os terroristas russos estão em agonia. A chantagem nuclear não funcionou, agora estão a tentar assustar todo o mundo ao ameaçar explodir a central hidroelétrica. O objetivo deles é fazer iniciar as negociações nos seus termos. Mas eles não terão sucesso. A Ucrânia não sucumbirá à paz por coerção», escreveu o chefe do gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, na sua conta de Twitter, deixando claro que esta «é a resposta certa à chantagem».

«Sanções mais duras, mais desocupação dos nossos territórios, mais armas e uma postura ainda mais dura em relação a cada um dos crimes da Rússia. Eles não vão nos quebrar. Nós vamos retaliar com ainda mais forte», rematou Yermak.

Limitar consumo de eletricidade

Pela primeira vez desde o início da guerra, o Presidente da Ucrânia apelou aos cidadãos para «limitarem o consumo de eletricidade», numa altura em que 30% das centrais energéticas estão danificadas devido a ataques da Rússia.

«Por favor, limitem o consumo de eletricidade e de aparelhos que consumam muita energia», pediu o Presidente ucraniano durante o seu discurso noturno à nação, esta quarta-feira, revelando que mais três centrais de energia foram atingidas por ataques naquele dia. 

Uma das instalações atingidas foi uma grande central termoelétrica a carvão na cidade de Burshtyn, no oeste da Ucrânia.

O governo vai limitar o uso de iluminação pública nas cidades e a empresa nacional de energia da Ucrânia aconselhou ainda os cidadãos a carregarem todos os seus dispositivos eletrónicos até as 7 horas (5 horas da manhã em Portugal), avisaram esta quinta-feira, recordando que poderão acontecer interrupções no fornecimento de eletricidade de até quatro horas seguidas que devem afetar todo o país.

A operadora do sistema de transmissão de eletricidade na Ucrânia, Ukrenergo, reforçou a importância de carregar telemóveis, powerbanks, lanternas e baterias.