Empatia


Quando estamos numa brutal escalada de conflitualidade e no limiar da ameaça nuclear, todos os contributos são importantes e por vezes uma palavra e uma atitude certa no momento certo podem ajudar a ajudar a mudar o jogo.


Esta semana represento o Parlamento Europeu na 145ª Assembleia da União Interparlamentar que decorre em Kigali, capital do Ruanda. A União Interparlamentar é a maior Assembleia Interparlamentar do mundo e nela têm assento 178 Parlamentos Nacionais, além de vários parlamentos regionais associados. São esperados em Kigali mais de 1000 parlamentares, provenientes dos cinco continentes.

No meio da Torre de Babel, tenho consciência da oportunidade que é poder representar o Parlamento Europeu e fazê-lo na qualidade de copresidente da segunda maior Assembleia Parlamentar do mundo, a Assembleia Parlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico/União Europeia que reúne representantes de 106 países soberanos.

O tema da 145ª Assembleia Interparlamentar é a “Igualdade de Géneros e os Parlamentos Sensíveis ao Género como impulsionadores de um mundo mais resiliente e pacífico”. Um tema central e particularmente sensível na Europa, a braços com o regresso da guerra nas suas fronteiras, e no Continente que acolhe o evento, África, onde as fraturas sociais e políticas se têm vindo a agravar e onde os interesses externos e as ingerências na soberania dos povos são cada vez fortes e destruidoras.

Os povos são soberanos. As ações de ingerência externa legais e reconhecidas são muito limitadas e plasmadas no Direito Internacional. No entanto, usando sobretudo as redes sociais e as centrais de propaganda, há claques organizadas para fraturar as sociedades, para as dividir e depois partilhar os despojos para benefício comercial, financeiro e geopolítico.

Acredito que os Parlamentos, como instituições mais próximas e representantes diretos da sociedade civil (por ela eleitos em regimes democráticos) são as instituições que melhor podem fomentar uma cultura de diálogo e empatia entre os povos, que dificulte a progressão das ervas daninhas e a corrosão da confiança. Acredito também que parlamentos sensíveis ao género e, portanto, mais representativos das sociedades em que se inserem, são mais capazes de desempenhar uma diplomacia parlamentar com resultados concretos.

No mundo, as mulheres representam metade da população e cerca de um quarto dos parlamentares eleitos. Esta grave anomalia de representação tem que ser contrariada. O Ruanda, onde se realiza a Assembleia, é o país do mundo com maior percentagem de mulheres deputadas (64%). A média nos países da União Europeia ultrapassa ligeiramente os 30%, com os países nórdicos à cabeça. Na atual constituição do Parlamento Europeu, 41% dos seus membros são mulheres (São 47% na delegação portuguesa em geral e 55% na delegação socialista em Particular). Em Portugal, a Assembleia da República, eleita em 30 de janeiro iniciou funções com 36% de mulheres eleitas).

Muitos pensarão que os tempos não estão propícios para a diplomacia parlamentar. Exigem remédios mais fortes. Talvez tenham razão. Mas quando estamos numa brutal escalada de conflitualidade e no limiar da ameaça nuclear, todos os contributos são importantes e por vezes uma palavra e uma atitude certa no momento certo podem ajudar a ajudar a mudar o jogo. Eu aposto na empatia. 

Empatia


Quando estamos numa brutal escalada de conflitualidade e no limiar da ameaça nuclear, todos os contributos são importantes e por vezes uma palavra e uma atitude certa no momento certo podem ajudar a ajudar a mudar o jogo.


Esta semana represento o Parlamento Europeu na 145ª Assembleia da União Interparlamentar que decorre em Kigali, capital do Ruanda. A União Interparlamentar é a maior Assembleia Interparlamentar do mundo e nela têm assento 178 Parlamentos Nacionais, além de vários parlamentos regionais associados. São esperados em Kigali mais de 1000 parlamentares, provenientes dos cinco continentes.

No meio da Torre de Babel, tenho consciência da oportunidade que é poder representar o Parlamento Europeu e fazê-lo na qualidade de copresidente da segunda maior Assembleia Parlamentar do mundo, a Assembleia Parlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico/União Europeia que reúne representantes de 106 países soberanos.

O tema da 145ª Assembleia Interparlamentar é a “Igualdade de Géneros e os Parlamentos Sensíveis ao Género como impulsionadores de um mundo mais resiliente e pacífico”. Um tema central e particularmente sensível na Europa, a braços com o regresso da guerra nas suas fronteiras, e no Continente que acolhe o evento, África, onde as fraturas sociais e políticas se têm vindo a agravar e onde os interesses externos e as ingerências na soberania dos povos são cada vez fortes e destruidoras.

Os povos são soberanos. As ações de ingerência externa legais e reconhecidas são muito limitadas e plasmadas no Direito Internacional. No entanto, usando sobretudo as redes sociais e as centrais de propaganda, há claques organizadas para fraturar as sociedades, para as dividir e depois partilhar os despojos para benefício comercial, financeiro e geopolítico.

Acredito que os Parlamentos, como instituições mais próximas e representantes diretos da sociedade civil (por ela eleitos em regimes democráticos) são as instituições que melhor podem fomentar uma cultura de diálogo e empatia entre os povos, que dificulte a progressão das ervas daninhas e a corrosão da confiança. Acredito também que parlamentos sensíveis ao género e, portanto, mais representativos das sociedades em que se inserem, são mais capazes de desempenhar uma diplomacia parlamentar com resultados concretos.

No mundo, as mulheres representam metade da população e cerca de um quarto dos parlamentares eleitos. Esta grave anomalia de representação tem que ser contrariada. O Ruanda, onde se realiza a Assembleia, é o país do mundo com maior percentagem de mulheres deputadas (64%). A média nos países da União Europeia ultrapassa ligeiramente os 30%, com os países nórdicos à cabeça. Na atual constituição do Parlamento Europeu, 41% dos seus membros são mulheres (São 47% na delegação portuguesa em geral e 55% na delegação socialista em Particular). Em Portugal, a Assembleia da República, eleita em 30 de janeiro iniciou funções com 36% de mulheres eleitas).

Muitos pensarão que os tempos não estão propícios para a diplomacia parlamentar. Exigem remédios mais fortes. Talvez tenham razão. Mas quando estamos numa brutal escalada de conflitualidade e no limiar da ameaça nuclear, todos os contributos são importantes e por vezes uma palavra e uma atitude certa no momento certo podem ajudar a ajudar a mudar o jogo. Eu aposto na empatia.