Ucrânia. Rússia continua sem dar tréguas com novos ataques

Ucrânia. Rússia continua sem dar tréguas com novos ataques


As autoridades ucranianas reportaram uma nova escalada no número de mortes, com 14 vítimas mortais, após novos ataques russos.


Depois de ter lançado os mais ferozes ataques desde o início da guerra, Moscovo continua sem dar tréguas a Kiev, lançando novos mísseis, inclusive para Zaporizhzhia, onde se situa a maior central nuclear da Europa. Segundo as autoridades ucranianas, o número de mortes subiu para 19 e pelo menos 105 pessoas foram reportadas como feridas.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que continuam a lançar ataques aéreos de longo alcance contra infraestruturas militares e que providenciam energia à Ucrânia, uma ofensiva que deixou partes do país sem energia após os ataques de segunda-feira.

Os bombardeamentos, de segunda e terça-feira, atingiram várias cidades ucranianas, incluindo a capital de Kiev, que desde o final de junho não sofria ataques das tropas russas.

Além de Kiev, as cidades de Lviv, Dnipro, Zaporijia, Sumi, Kharkiv e Jytomyr foram também atingidas por mísseis russos na segunda-feira.

Após os mais recentes ataques em Zaporizhzhia, foi registada pelo menos uma vítima mortal como consequência dos ataques que aconteceram durante a noite, com mísseis S-300. “Eles são essencialmente partes de um sistema de defesa aérea que foi adaptado para atingir alvos terrestres, apesar de não serem muito precisos, danificam o suficiente para atingir um stand de automóveis”, disse o jornalista do Al Jazeera, Rory Challands.

Além do disparo de mísseis nesta região, foi ainda reportado que o diretor-geral adjunto da central nuclear de Zaporíjia, Valeriy Martynyuk, foi raptado pelas forças russas, esta segunda-feira, e está detido num local desconhecido, revelou a empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia, a Energoatom, através do Telegram.

Segundo a empresa, a Rússia espera obter “a informação de que necessitam desesperadamente sobre os ficheiros pessoais dos empregados da central nuclear de Zaporíjia”, a fim de os forçar “a trabalhar para a Rosatom [empresa estatal russa de energia nuclear] o mais rapidamente possível” e estará a utilizar “táticas de tortura e intimidação”.

A Energoatom apelou ao chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, para que tome “todas as medidas possíveis” para ajudar a libertar Martynyuk.

ONU condena novos ataques Estes devastadores ataques aconteceram como retaliação, por parte da Rússia, após o ataque contra a ponte de Kerch, que liga a Rússia à Crimeia e que é considerada a joia da coroa do Presidente russo, Vladimir Putin, e estão a ser amplamente criticados pela comunidade internacional.

As Nações Unidas acusam a Rússia de ter violado os princípios desta organização sobre a condução de hostilidades segundo o Direito Internacional Humanitário após os vários ataques com mísseis.

“Estamos seriamente preocupados que alguns dos ataques pareçam ter como alvo infraestruturas civis essenciais, o que indica que estes ataques podem ter violado os princípios sobre a condução de hostilidades sob o Direito Internacional Humanitário”, explicou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, citada por diversos meios de comunicação internacionais. “Pedimos à Federação Russa que se abstenha de uma nova escalada e tome todas as medidas possíveis para evitar baixas civis e danos à infraestrutura civil”.

Contudo, não existem sinais que estes ataques parem tão cedo, com diversas figuras pró-Kremlin a elogiarem a grande série de ataques russos e a apelarem a Putin para manter a intensidade da ação militar.

Os elogios partiram dos comentadores nacionalistas russos e correspondentes de guerra dos media estatais, que há muito esperavam por uma resposta à contraofensiva ucraniana.