Putin quer manter fornecimento de gás à Europa e acusa EUA de influenciar o mercado

Putin quer manter fornecimento de gás à Europa e acusa EUA de influenciar o mercado


O corte das relações entre a Europa e a Rússia vai custar 300 milhões de euros aos cofres europeus devido ao aumento do preço do gás, declarou o Presidente russo. Mesmo com o romper dos laços, Putin disse que está disposto a fornecer gás sem qualquer limitação, através de um outro gasoduto, mas deixou claro que “a bola está…


O Presidente da Rússia acusou o Ocidente, sobretudo os Estados Unidos, de ser o país atrás dos problemas que têm acontecido no fornecimento de gás russo à Europa. O corte das relações entre a Europa e a Rússia vai custar 300 milhões de euros aos cofres europeus devido ao aumento do preço do gás, declarou Vladimir Putin.

“O setor energético passa por crises sérias devido ao desequilíbrio entre a procura e a entrega e as posições destrutivas de algumas nações, que têm ambições geopolíticas particulares e querem discriminar abertamente a Rússia no mercado internacional”, considerou o líder russo no discurso de abertura do Fórum sobre energia Russian Energy Week (REW), em Moscovo.

Para Putin, o ataque do Nord Stream 2 foi um "ato de terrorismo internacional que beneficia os Estados Unidos, a Ucrânia e a Polónia", para “destruir um canal de gás barato e obrigar a comprar por preços muito maiores”, apontando o dedo neste caso aos EUA.

No entanto, sobre este dossiê, o Presidente russo disse que têm tudo “bem documentado” e que sabe “quem são os seus autores, são aqueles que beneficiam, aqueles que querem ganhar com os conflitos”.

“Por trás disto está aquele que quer acabar definitivamente com as relações entre a UE e a Rússia, que querem acabar com a Europa como sujeito político e tomar o mercado deixado vazio pela Rússia”, afirmou, ao insistir: “Os Estados Unidos que ganham muito com o fornecimento de combustíveis à Europa”.

O afastamento da Europa sobre o gás russo vai trazer mais implicações, sobretudo a nível económico. Segundo Putin, o território europeu vai perder 300 mil milhões de euros devido ao aumento do preço do gás.

Mesmo com o romper desses laços, o líder russo disse que está disposto a fornecer gás sem qualquer limitação, através de um gasoduto que não foi atingido e que pode transportar 27 mil milhões de metros cúbicos de gás para a Europa. Putin deixou claro: “A bola está do lado da Europa”.

“Fomos nós que cortamos os fornecimentos? Não. Estamos dispostos a fazer os fornecimentos de forma completa. Mas há alguns que não querem isso. É vossa decisão. Não deve haver política, mas projetos comerciais em que participam empresas russas e europeias, para resolver os problemas”, sustentou.

E por isso começou a apontar defeitos e prejuízos que a Europa enfrentará caso compre gás aos Estados Unidos: “O gás liquefeito dos EUA é muito mais caro do que o russo, agora muito mais. Há riscos maiores, são instáveis porque os fornecimentos americanos podem navegar para outras regiões, que iam para a Europa e a meio do caminho mudaram de direção, porque noutras regiões propuseram mais dinheiro”.

Já no mercado europeu, “o gás é três vezes mais caro e acelera a inflação”, realçou.

Depois de avisos ao Ocidente, o Presidente da Rússia também acusou a Ucrânia de ataques “terroristas” em infraestruturas, como aquele que aconteceu na ponte que liga a Rússia à Crimeia, no sábado, e também contra centrais nucleares.

“A destruição da ponte para a Crimeia foi organizada pelos dirigentes de Kiev”, disse Putin, classificando os ucranianos como “racistas” que recorrem à “repressão”.

Note-se que esta quarta-feira foi anunciado pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) a detenção de cinco russos e três cidadãos da Ucrânia e da Arménia pela explosão que danificou a ponte da Crimeia.

De sublinhar ainda que, no Fórum sobre energia Russian Energy Week (REW), que decorre em Moscovo, estão presentes o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e o ministro da Energia do Azerbaijão. O único representante europeu é o ministro da Energia da Hungria.