Nos hipermercados vê-se o desfilar de pais com os carrinhos, mais os filhos a pedir os extra coloridos de unicórnios e afins que as grandes superfícies não se inibem de colocar nos pontos de passagem. Tratar do material escolar, que também é suposto ser um momento de entusiasmo e motivação para as crianças, torna-se mais um exercício pedagógico de que o dinheiro não estica. Um inquérito revela que muitos portugueses esperam gastar 250 a 500 euros neste regresso às aulas. Pode parecer muito, mas não é difícil chegar a estes montantes.
Os manuais gratuitos vieram ajudar muitas famílias – deixando de fora os alunos do privado, que convém lembrar que não têm todos pais ricos, mas não discuto que haja prioridades. Agora as famílias com baixos e médios rendimentos também compram material escolar e baixar o IVA para 6% era o mínimo, como chamou a atenção este fim de semana Paulo de Morais, contrapondo a taxa máxima que é paga pelas famílias nestes produtos à taxa mínima que se paga na hotelaria, mesmo num hotel de cinco estrelas. Não se trata de colocar setores uns contra os outros, mas de justiça social. Como também se exigia um maior escrutínio dos preços e jigajogas de promoções praticadas pelas grandes superfícies.
Fiquei espantada quando percebi este ano, já feitas as compras, que na papelaria de bairro os mesmos lápis, canetas, etc, estavam em alguns casos a metade do preço do que paguei no hipermercado, que já se sabe que daqui a umas semanas voltará a vender tudo a preço de saldo, com promoções que são maiores do que as que agora vão praticando para tentar convencer os pais de que devem comprar já a mochila nova, etc.
É a oferta e a procura ou é aproveitamento? Algumas escolas têm cooperativas de material – é uma boa iniciativa, mas não deixa de ser o reflexo do país onde infelizmente, para muitas famílias e crianças, é impossível ter material próprio. E outras tantas se endividam para que seja possível. É o mais importante da escola? Não é, mas é um círculo vicioso.