Jovem que matou avó não foi ao seu próprio julgamento devido a greve de guardas

Jovem que matou avó não foi ao seu próprio julgamento devido a greve de guardas


Crime ocorreu em dezembro do ano passado. 


O Tribunal da Comarca Lisboa Oeste, em Sintra, iniciou esta quinta-feira o julgamento de um jovem com problemas do foro psiquiátrico pelo alegado homicídio da própria avó, em Mafra. Contudo, devido à greve dos guardas prisionais, o arguido não esteve presente. 

No início da audiência, o presidente do coletivo de juízes, Carlos Camacho, disse que o arguido não se encontrava na sala de audiências devido à greve dos guardas prisionais, tendo a defesa autorizado a realização do julgamento na sua ausência.

Na sessão foram ouvidas várias testemunhas, nomeadamente a mãe do arguido e filha da vítima, que foi quem a encontrou morta e sabia do almoço entre os dois no dia do crime e denunciou o suspeito à GNR por saber da anomalia psíquica de que o jovem padece. 

Militares da GNR e um inspetor da PJ testemunharam que foram encontrados vestígios de sangue e outras provas que indicam que o arguido, de 23 anos, era o homicída da avó. 

Está agora marcado para dia 15 de setembro, próxima quinta-feira, uma audição para ouvir o arguido. 

O jovem está a aguardar julgamento em internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias, estando acusado pelo Ministério Público (MP) dos crimes de homicídio qualificado na forma consumada e de detenção de arma proibida.

Segundo a acusação do MP, acedida pela agência Lusa, no dia 15 de dezembro do ano passado, pelas 15h30, o jovem deslocou-se à  residência da avó, na localidade de Gonçalvinhos, em Mafra (distrito de Lisboa), carregando consigo duas malas e uma mochila com artigos pessoas, entre os quais duas facas de cozinha. 

Depois de conversar com a avó e de a acompanhar pelo quintal até à garagem, "por razões não apuradas, desferiu-lhe pelo menos 63 golpes", atingindo-a na cabeça, pescoço, tronco e abdómen e provocando lesões no coração, aorta, pulmões, diafragma, fígado, estômago e rim direito, entre outros órgãos.

Depois de ter também sofrido ferimentos na mão direita, o arguido lavou as mãos e as facas na casa de banho, tendo de seguida abandonado a habitação e conduzido um automóvel ligeiro até casa, em Mafra, de onde chamou o 112 a pedir auxílio, tendo aí, pelas 17h00, sido transportado pelos pelos bombeiros até ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por causa dos ferimentos na mão.

Segundo o MP, o arguido, com esquizofrenia diagnosticada e em situação de descompensação, "agiu com extrema frieza de ânimo, motivado exclusivamente por um motivo fútil".

O corpo da vítima, uma mulher de 82 anos, foi posteriormente encontrado pela mãe do arguido e filha da idosa, pelas 18h00, por intermédio de terceiros.

Após a denúncia, o jovem foi detido pela Polícia Judiciária fora de flagrante delito no hospital por fortes indícios da prática do crime de homicídio qualificado.