Putin diz a “febre das sanções do ocidente” é a nova pandemia

Putin diz a “febre das sanções do ocidente” é a nova pandemia


Na ótica de Putin, as elites ocidentais recusam por “teimosia (…) em ver os factos” e os Estados Unidos têm dominado a política internacional com a implementação “ardilosa” de pesadas sanções contra a Rússia, após a invasão da Ucrânia.


O Presidente da Rússia afirmou, esta quarta-feira, que é impossível para os países ocidentais isolarem a Rússia, apesar das pesadas sanções contra Moscovo, que, para Vladimir Putin, vieram substitur a pandemia de covid-19 na mesa das políticas internacionais e que representam uma “ameaça para o mundo inteiro”. 

"Não importa o quanto alguns gostariam de isolar a Rússia, é impossível fazê-lo", assinalou Putin num fórum económico focado na Ásia, em Vladivostok, cidade no extremo oriente da Rússia.

Para o chefe do Estado russo, a pandemia de covid-19 "foi substituída por novos desafios globais, que ameaçam o mundo inteiro”, referindo-se ao que chamou “febre das sanções do ocidente”.

Na ótica de Putin, as elites ocidentais recusam "ver os factos”, por "teimosia", e os Estados Unidos têm dominado a política internacional com a implementação “ardilosa” de pesadas sanções contra a Rússia, após a invasão da Ucrânia.

"Mudanças irreversíveis ocorreram em todo o sistema de relações internacionais", observou.

Ainda que a Rússia tenha sido alvejada por variadas sanções ocidentais, Putin disse que o seu país "não perdeu nada e não perderá nada". "Há alguma polarização a acontecer, mas penso que só será benéfico", adiantou.

Estas declarações foram proferidas perante muitos líderes económicos e políticos asiáticos, particularmente chineses, pelo que o chefe do Estado russo elogiou “o papel crescente” da região Ásia-Pacífico nos assuntos mundiais, em contraste com um ocidente que está em declínio, segundo o próprio, prejudicado em particular pela “inflação”.

Putin salientou que "a agressão tecnológica, financeira e económica do Ocidente" é benéfica para a Rússia, uma vez que este "distanciamento realizado pouco a pouco" da economia russa do dólar, do euro e da libra esterlina, "moedas pouco fiáveis", favorece o yuan chinês.

Note-se que ontem a empresa de gás estatal russa Gazprom anunciou que a China passaria a pagar os seus contratos em rublos e yuans, em vez de dólares, sendo este um sinal de reaproximação entre Moscovo e Pequim enquanto existem grandes tensões com o Ocidente.

"A maioria absoluta dos Estados da Ásia-Pacífico não aceita a lógica destrutiva das sanções", acentuou Putin, ao acrescentar que esta parceria “criativa abrirá enormes novas oportunidades” para estes povos.

Putin vai reunir-se com o Presidente da China, Xi Jinping, nos dias 15 e 16 de setembro em Samarcanda, no Uzbequistão, numa cimeira regional, confirmou hoje a diplomacia russa. Esta será a primeira viagem de Xi Jinping ao estrangeiro desde o início da pandemia.