O conhecimento científico e o impulso no PRR


Em Portugal o investimento em ciência tem vindo a aumentar ao longo dos anos, mas está longe daquilo que é a média nos países mais desenvolvidos no Norte da Europa, e muitíssimo longe dos investimentos no Japão, Coreia do Sul ou Estados Unidos. 


Não existe desenvolvimento sem conhecimento científico. Este pressuposto não pode ser ignorado por nenhuma sociedade desenvolvida, ou que o ambicione ser. Por mais que a garrote do lucro obrigue a acelerar o desenvolvimento, este não se dá se não existir conhecimento necessário.

O conhecimento científico necessário ao desenvolvimento da sociedade resulta de fortes apostas, a longo termo, em investigação fundamental e aplicada orientadas para a procura de respostas para as grandes questões científicas em aberto a para a resolução dos grandes desafios sociais. O maior produtor de conhecimento, em qualquer país do mundo, é a Universidade. É na Universidade que se fazem as maiores descobertas científicas, e é aí que se estimula a curiosidade para a busca de respostas para muitas questões científicas de soluções para muitos problemas. Muitas vezes a consolidação do conhecimento cientifico é um processo moroso, feito de pequenos avanços, razão pela qual sempre que um governo quer poupar, tem tendência a desinvestir na ciência e na formação superior avançada. Não existe maior erro! A ciência e a educação são os motores do desenvolvimento e traçam a diferença entre sociedades desenvolvidas, inovadoras e competitivas, e as que dificilmente atingem essa linha. 

Em Portugal o investimento em ciência tem vindo a aumentar ao longo dos anos, mas está longe daquilo que é a média nos países mais desenvolvidos no Norte da Europa, e muitíssimo longe dos investimentos no Japão, Coreia do Sul ou Estados Unidos. Para mais, este magro financiamento acaba pulverizado em múltiplas iniciativas que pululam no sistema científico nacional, cujos objetivos muitas vezes se sobrepõem, o que dificulta a criação da vaga de conhecimento necessária ao desenvolvimento do pais. Além disso, as políticas de investigação são muitas vezes “empurradas” por estratégias a curto prazo, que mudam frequentemente, e que não promovem nem a consolidação do conhecimento nem a sua transferência para o setor privado. 

Mas, felizmente, os investigadores portugueses são verdadeiros resistentes, que lutam sem grandes meios para produzir mais e melhor conhecimento. Trabalham com parcas infraestruturas, sob grande instabilidade financeira, asfixiados por legislação pouco flexível e por muita burocracia não adaptadas à realidade da investigação em Portugal. Mas o resultado é extraordinário, pois muitos dos nossos investigadores destacam-se a nível mundial pelas suas descobertas científicas e pelo impacto do seu conhecimento. As empresas portuguesas mais dinâmicas conseguem discernir o potencial que existe no nosso sistema científico nacional, em particular nas Universidades. 

Recentemente, a União Europeia lançou o plano de recuperação económica, conhecido em Portugal como o PRR que pretende modernizar e relançar a indústria e a economia portuguesa. O PRR visa uma economia e uma sociedade baseadas no conhecimento e inovação (ou seja a transformação do conhecimento em valor sócio económico). Os objetivos do PRR só se poderão concretizar se for reunido o conhecimento necessário à resolução dos desafios identificados e para os quais são necessárias respostas e soluções capazes de modernizar, reorientar e a fazer crescer a nossa economia. Portanto, estamos perante o maior desafio das últimas décadas em termos de inovação e transformação do nosso conhecimento em produtos, soluções e valor sócio económica.

O Técnico, a maior escola de engenharia do nosso país não foi alheio a este desafio e os seus investigadores responderam em larga escala. As áreas estratégicas identificadas no PRR são também áreas fortes de investigação e desenvolvimento no Técnico, fortemente reconhecidas a nível nacional e internacional, pelo que está reunido o potencial para dar resposta ás solicitações da indústria, ajudando a desenvolver produtos e soluções inovadoras que irão acelerar o desenvolvimento económico. É uma grande oportunidade para a transferência de conhecimento e para a sua aplicação na recuperação e desenvolvimento de Portugal e da Europa. O Técnico integra alguns dos maiores projetos financiados pelo PRR, um total de 24 de entre os 51 projetos financiados, o que faz do Técnico a instituição universitária com maior envolvimento no PRR. O financiamento global negociado é superior a 40 milhões e irá ser aplicado em projetos liderados por empresas nacionais e que se desenvolvem nas áreas científicas de Tecnologias e Engenharias de Produção, Energia, Ambiente e Mobilidade (nove projetos), Tecnologias de Informação e Comunicação, Materiais e Microtecnologia e Química.

Participar em 24 agendas evidencia o potencial do Técnico e das suas unidades de investigação para abraçar grandes projetos que ambicionam dinamizar o conhecimento e a inovação, reconhecidamente a chave para uma economia saudável e competitiva. Mas, como é óbvio o Técnico e as suas unidades de investigação ambicionam sempre chegar mais além, e antecipam novos desafios e novas oportunidades para gerar mais conhecimento. Lutam por financiamento a nível Europeu com taxas de sucesso que nos deixam orgulhosos. Investir na investigação fundamental, nas infraestruturas e na investigação aplicada, é o caminho para gerar conhecimento que se transforma em inovação de modo a acelerar o desenvolvimento e a competitividade internacional de Portugal. E assim se fecha e completa o ciclo.

Professora Catedrática

VP do IST para a Investigação 

e Assuntos Internacionais

O conhecimento científico e o impulso no PRR


Em Portugal o investimento em ciência tem vindo a aumentar ao longo dos anos, mas está longe daquilo que é a média nos países mais desenvolvidos no Norte da Europa, e muitíssimo longe dos investimentos no Japão, Coreia do Sul ou Estados Unidos. 


Não existe desenvolvimento sem conhecimento científico. Este pressuposto não pode ser ignorado por nenhuma sociedade desenvolvida, ou que o ambicione ser. Por mais que a garrote do lucro obrigue a acelerar o desenvolvimento, este não se dá se não existir conhecimento necessário.

O conhecimento científico necessário ao desenvolvimento da sociedade resulta de fortes apostas, a longo termo, em investigação fundamental e aplicada orientadas para a procura de respostas para as grandes questões científicas em aberto a para a resolução dos grandes desafios sociais. O maior produtor de conhecimento, em qualquer país do mundo, é a Universidade. É na Universidade que se fazem as maiores descobertas científicas, e é aí que se estimula a curiosidade para a busca de respostas para muitas questões científicas de soluções para muitos problemas. Muitas vezes a consolidação do conhecimento cientifico é um processo moroso, feito de pequenos avanços, razão pela qual sempre que um governo quer poupar, tem tendência a desinvestir na ciência e na formação superior avançada. Não existe maior erro! A ciência e a educação são os motores do desenvolvimento e traçam a diferença entre sociedades desenvolvidas, inovadoras e competitivas, e as que dificilmente atingem essa linha. 

Em Portugal o investimento em ciência tem vindo a aumentar ao longo dos anos, mas está longe daquilo que é a média nos países mais desenvolvidos no Norte da Europa, e muitíssimo longe dos investimentos no Japão, Coreia do Sul ou Estados Unidos. Para mais, este magro financiamento acaba pulverizado em múltiplas iniciativas que pululam no sistema científico nacional, cujos objetivos muitas vezes se sobrepõem, o que dificulta a criação da vaga de conhecimento necessária ao desenvolvimento do pais. Além disso, as políticas de investigação são muitas vezes “empurradas” por estratégias a curto prazo, que mudam frequentemente, e que não promovem nem a consolidação do conhecimento nem a sua transferência para o setor privado. 

Mas, felizmente, os investigadores portugueses são verdadeiros resistentes, que lutam sem grandes meios para produzir mais e melhor conhecimento. Trabalham com parcas infraestruturas, sob grande instabilidade financeira, asfixiados por legislação pouco flexível e por muita burocracia não adaptadas à realidade da investigação em Portugal. Mas o resultado é extraordinário, pois muitos dos nossos investigadores destacam-se a nível mundial pelas suas descobertas científicas e pelo impacto do seu conhecimento. As empresas portuguesas mais dinâmicas conseguem discernir o potencial que existe no nosso sistema científico nacional, em particular nas Universidades. 

Recentemente, a União Europeia lançou o plano de recuperação económica, conhecido em Portugal como o PRR que pretende modernizar e relançar a indústria e a economia portuguesa. O PRR visa uma economia e uma sociedade baseadas no conhecimento e inovação (ou seja a transformação do conhecimento em valor sócio económico). Os objetivos do PRR só se poderão concretizar se for reunido o conhecimento necessário à resolução dos desafios identificados e para os quais são necessárias respostas e soluções capazes de modernizar, reorientar e a fazer crescer a nossa economia. Portanto, estamos perante o maior desafio das últimas décadas em termos de inovação e transformação do nosso conhecimento em produtos, soluções e valor sócio económica.

O Técnico, a maior escola de engenharia do nosso país não foi alheio a este desafio e os seus investigadores responderam em larga escala. As áreas estratégicas identificadas no PRR são também áreas fortes de investigação e desenvolvimento no Técnico, fortemente reconhecidas a nível nacional e internacional, pelo que está reunido o potencial para dar resposta ás solicitações da indústria, ajudando a desenvolver produtos e soluções inovadoras que irão acelerar o desenvolvimento económico. É uma grande oportunidade para a transferência de conhecimento e para a sua aplicação na recuperação e desenvolvimento de Portugal e da Europa. O Técnico integra alguns dos maiores projetos financiados pelo PRR, um total de 24 de entre os 51 projetos financiados, o que faz do Técnico a instituição universitária com maior envolvimento no PRR. O financiamento global negociado é superior a 40 milhões e irá ser aplicado em projetos liderados por empresas nacionais e que se desenvolvem nas áreas científicas de Tecnologias e Engenharias de Produção, Energia, Ambiente e Mobilidade (nove projetos), Tecnologias de Informação e Comunicação, Materiais e Microtecnologia e Química.

Participar em 24 agendas evidencia o potencial do Técnico e das suas unidades de investigação para abraçar grandes projetos que ambicionam dinamizar o conhecimento e a inovação, reconhecidamente a chave para uma economia saudável e competitiva. Mas, como é óbvio o Técnico e as suas unidades de investigação ambicionam sempre chegar mais além, e antecipam novos desafios e novas oportunidades para gerar mais conhecimento. Lutam por financiamento a nível Europeu com taxas de sucesso que nos deixam orgulhosos. Investir na investigação fundamental, nas infraestruturas e na investigação aplicada, é o caminho para gerar conhecimento que se transforma em inovação de modo a acelerar o desenvolvimento e a competitividade internacional de Portugal. E assim se fecha e completa o ciclo.

Professora Catedrática

VP do IST para a Investigação 

e Assuntos Internacionais