Nuclear: Presidente iraniano “sem planos” para reunião com Biden nos EUA

Nuclear: Presidente iraniano “sem planos” para reunião com Biden nos EUA


“Não vejo vantagem numa reunião (com Biden). Não tenho planos para isso”, disse Raisi, em resposta a uma pergunta de um jornalista durante a sua primeira conferência de imprensa desde que assumiu o cargo, há pouco mais de um ano, e no momento em que Estados Unidos e Irão procuram recuperar o tratado nuclear de…


O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse hoje não ter "planos" para se encontrar com seu homólogo norte-americano, Joe Biden, durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, pois tal não traria benefícios ao Irão.

"Não vejo vantagem numa reunião (com Biden). Não tenho planos para isso", disse Raisi, em resposta a uma pergunta de um jornalista durante a sua primeira conferência de imprensa desde que assumiu o cargo, há pouco mais de um ano, e no momento em que Estados Unidos e Irão procuram recuperar o tratado nuclear de 2015.

Raisi deve viajar até Nova Iorque para participar na 77ª Assembleia Geral da ONU, em meados de setembro, numa viagem que está a gerar polémica, depois de um grupo de senadores republicanos ter pedido a Biden que não permitisse a entrada nos EUA do Presidente iraniano, que é alvo de sanções por parte de Washington desde 2019.

Além disso, exilados iranianos processaram Raisi num tribunal dos EUA pelo seu alegado envolvimento na execução de 5.000 presos políticos em 1988.

Mas Biden tem demonstrado interesse em manter conversações com Raisi, nomeadamente no âmbito das negociações para recuperar o acordo nuclear com o Irão, de 2015, que os Estados Unidos abandonaram unilateralmente em 2018.

Raisi disse hoje que, antes de se encontrar uma solução para o tratado atómico, é necessário resolver a questão das investigações da agência nuclear da ONU sobre os vestígios de urânio enriquecido em território iraniano.

"Não adianta falar num acordo se a questão das salvaguardas não ficar resolvida", explicou Raisi, referindo-se às exigências de monitorização das centrais nucleares iranianas por parte da agência das Nações Unidas.

Após 16 meses de negociações em Viena entre o Irão e um bloco de países incluindo a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China – e, indiretamente, os Estados Unidos – a restauração do acordo nuclear de 2015 parece mais próxima do que nunca.

Vários analistas consideram que a visita de Raisi a Nova Iorque poderá ser uma oportunidade para Estados Unidos e Irão darem mais um passo no sentido de acelerar uma solução para a recuperação do acordo, mas a declaração do Presidente iraniano parece voltar a remeter a saída do impasse para o palco de conversações em Viena.

A União Europeia apresentou um "texto final" durante a última ronda de negociações, no início deste mês, que os Estados Unidos e o Irão estão a analisar.

Uma das principais questões pendentes é o pedido iraniano para encerrar a investigação da agência nuclear das Nações Unidas sobre a origem de vestígios de urânio encontrados em três locais que o Irão não tinha declarado e que podem indiciar a existência de atividades secretas.