Quem quer ir ao Espaço? “Daqui por 100 anos qualquer pessoa lá vai”

Quem quer ir ao Espaço? “Daqui por 100 anos qualquer pessoa lá vai”


Interrompemos a tarde de verão em Belém para ouvir os anseios espaciais em vésperas da primeira viagem de um português para lá da atmosfera. Encontrámos quem esteja pronto para embarcar e quem não se aventurava nem que fosse rico ou lhe pagassem. Mateus, alpinista, não hesitava: “Se tivesse mulheres, hambúrgueres e sorvete, me chama que eu…


Roseleine Silva, 56 anos, turista

“Claro que ia, é uma grande aventura. Só ver a Terra ia deixar o meu coração cheio de amor pelo planeta”, diz Roseleine, que espera um dia fazer turismo em Marte, “se o meu joelho estiver bem”. Custa 300 mil euros. “Agora. Quando comprei o meu primeiro celular também era caro!” Conta ter até aos 100 anos, sorri. Para já, é a quinta vez em Portugal para esta brasileira de Rio Grande do Norte. “O meu filho estudou cá. Gostamos muito”.

Horário Contador, 52, publicitário

Achámos um candidato a sério. “Desde pequeno que me fascina. Construía telescópios rudimentares. Havia menos poluição e viam-se muito mais estrelas do que hoje. Sigo a NASA e a ESA. Pormo-nos no sítio em que realmente estamos, muito pequenino, relativiza até males que achamos que são muito grandes”. Só não sabe se convencia a família. “Aquele pontapé nas costas de estar em cima de uma pilha de combustível é assustador mas deve ser brutal”.

Maria Santos e Joana alves, 19 anos, estudantes

Pausa no jogo de ‘Pepe rápido’. Iam ao Espaço? Joana diz logo que não. “Hummm… depende do tempo”, hesita Maria, à espera de saber se entrou no curso de Design ou Artes Visiuais. A viagem de Mário Ferreira vão ser mais ou menos 10 minutos, indicamos. “Então sim, ia. Gostava de ver lá de cima a Terra”. E custa 300 mil euros, acrescentamos. “Isso é mais uma coisa a adicionar ao meu não. A outra é ter medo”, diz Joana, estudante de Psicologia. “Acho que, assim sendo, só para ir e vir, preferia dar a outras pessoas”, recua Maria. “Se fosse lá para cima para fazer investigação ou algo mesmo necessário, gastava. Mas ir só para ver, por turismo, nesse caso preferia gastar numa coisa mais útil”. 

Mateus Xavier, 27 ANOS, Alpinista

“Eu iria, na boa”, diz Mateus Xavier, brasileiro a viver em Portugal, alpinista. Portanto em forma também. “Gosto de aventura e altura”. Custa 300 mil euros. “Vou já, é amanhã ou é hoje?”, ri-se. “Ir ia, agora viver lá, não tem vida. Se tivesse mulheres, hambúrgueres e sorvete, me chama que eu vou”. Algum dia viveremos noutro planeta? “Do jeito que isto está rolando, acho que o ser humano vai destruir esta m* toda. Não vai ter Espaço, não vai ter nada. Só Deus pode ajudar-nos”.

Francisca, Leonor, Isabel e Aldina, 10, 6, 58 e 61 anos, de férias

Alguma das senhoras gostava de ir ao Espaço? Só Francisca diz que sim. É a neta aventureira, a mana Leonor não se metia ainda nisso. “Gostava de conhecer o Espaço, como é, o que se consegue ver”, diz a mais velha do alto dos seus 10 anos. Além de aventuras, adora roupas. A avó Isabel também não ia e aposta em Francisca, a Leonor ainda é mais “cagarolas”, sorri. Aldina, emigrante em França de férias com a família, resume: “Não me interessa nadinha, nadinha, estou bem com os pés assentes na terra. Nunca andei de avião, muito menos ia agora ao Espaço”. E se fossem muito ricas? “Também não, havia mais onde gastar. Numa extravagância talvez fosse ao Brasil”.  

José António, 54 anos, vendedor

“Não tenho dinheiro”, diz José António. Mas e se fosse muito rico? “Claro, era isso e dar a volta ao mundo, gostava” Já estava a par da viagem de Mário Ferreira “e também desses problemas que tem havido aí com ele. Vai ao Espaço com o dinheiro dele, espero bem que sim”, sorri. Eram precisos quantos anos de trabalho na banca de uvas e garrafas de água? “Aí uns 50. Não se vê nada, mas deve ser giro”.

Francisca e Salvador, 19 anos, estudantes

Salvador ia: “Deve ser interessante, sentir o que é estar sem gravidade”. Francisca até gostava, mas o medo fala mais alto. “Tenho curiosidade mas espero que outra pessoa vá lá e diga como é. Conhecendo-me como conheço, acho que não tinha coragem.” Não é de adrenalina? “Para dar um exemplo, tive a oportunidade de ir agora estudar para Berlim, chegou a hora H e não tive coragem, portanto…”. Bons voos por cá.

Luís Fernandes, 61 anos, taxista

Tinha 300 mil euros, metia-se num foguetão? “Eu não, tinha tanta família para ajudar, não pagava.” Mas gostava? “Talvez lá para a frente, tinha de ver se isto é seguro ou não. É uma tentação, só que a curiosidade tem um preço. A primeira vez que andei de avião há sete anos adorei. Não foi Lisboa-Paris mas foi ao lado, Beauvais. O Espaço era outra coisa, mais interessante. Daqui por 100 anos qualquer pessoa vai lá. Mas gostava, nem que fosse para ver a muralha da China!”.