Ainda no início de legislatura, após uma maioria absoluta, já se desenhava no horizonte o esgotamento do Governo. Uns afirmam-no cansado, outros tomado pelas rivalidades dos delfins de Costa, talvez ambos tenham razão. Não há, lamenta-se, mobilização para um qualquer desígnio, nem o menor esboço de sobressalto cívico para ambicionar resgatar o país de um estado de letargia que se assemelha a uma mera gestão de declínio. E, ao contrário de tempos recentes, nem se pode sustentar que aspetos críticos da governação se encontram num estado de latência ou ainda não foram expostos à projeção mediática que os coloque na ordem do dia.
É confrangedor verificar a absoluta ausência de soluções para gravíssimas questões na saúde, desde os médicos de família até às escalas das urgências, passando pelas indisfarçáveis listas e tempo de espera, as quais negam o direito à saúde a quem não tem meios. Na educação, é inconcebível que muitas dezenas de milhares de alunos passem um ano inteiro sem ter todas as disciplinas por falta de professor. Do que se trata quando se verificam estes fenómenos é da derrocada da igualdade de oportunidades, entendida não apenas na dicotomia entre ricos e pobres, mas já também, porque esse é o plano em que as questões hoje em dia se colocam, na dimensão global para a qual os nossos jovens devem estar preparados.
No fim de contas, o que se percebe é que os anos de governação do PS estão a revelar-se. São tempos de situacionismo, de hábil – porém nefasta – subserviência a corporativismos, de aversão a qualquer mudança que promova exigência e inquiete algum poder instalado. É o PS a ser PS, nada mais. Sem razão útil para governar, mas desfrutando do poder.