A proximidade na política


Sem o devido relevo, o centro do mundo português esteve esta semana nas beiras.


O Governo Português e a Comissão Europeia assinaram o Acordo de Parceria do Portugal 2030 (PT 2030), numa cerimónia que decorreu no Centro de Negócios e Serviços Partilhados, no Fundão, e que contou com as presenças da Comissária Europeia da Política de Coesão e Reformas, do Primeiro-Ministro, e da Ministra da Presidência, Portugal 2030, que terá disponíveis 23 mil milhões, materializa o compromisso que o Governo Português assumiu com a Comissão Europeia para o próximo quadro comunitário (2021-2027).

Há um aspeto formal neste ato que importa sublinhar: a escolha do local para o evento, significando que nunca o poder pareceu estar tão próximo dos cidadãos e fora de Lisboa, de modo que tal prática virou regularidade no dia a dia da governação.

Liga-se o écran e é só proximidade.

1. O Primeiro-Ministro perdoa em direto um ministro  e senta-se no areal como um vulgar cidadão… Entretanto, o Presidente da República bebe uma “imperial” numa praça de uma qualquer vila, rodeado de povo …

É a arte política em plenitude como veículo em serviço permanente, mostrando a existência de “proximidade” aos eleitos do povo, agora com esse registo da selfie crónica.

2. Estamos a falar da dessacralização do poder, muito próximos do que será a vida banal de um titular de cargo politico numa democracia de proximidade e espontaneidade, daqui por vinte, trinta anos.

Prosperidade económica, proatividade social, vivência cívica e natural proximidade dos políticos…

Afinal de contas, um cidadão eleito leva à cidadania e ao contacto popular a única coisa que a digitalização e a inteligência artificial (IA) que vão substituir em tantas tarefas o homem, não alcançarão: a emoção, a reflexão, a sensibilidade, a compaixão, o afeto…

Tudo o que constituirá um ponto de diferenciação em relação aos robots da IA do futuro.

3. Mas esta proximidade do poder nos dias que correm, é ao mesmo tempo surpreendente…

É que nunca como hoje, se instalou a perceção de tanto afastamento e distância entre uns e outros e entre todos e as instituições do Estado.

Isto é, fora o show-off dos telejornais, o que existe é uma verdadeira estagnação do regime, uma mumificação do regime, a sacralização do imobilismo, a submissão a um tratado de empatas nas reformas sempre adiadas.

4. Quem tem o poder na atualidade, anda por aí em regulares exercícios cénicos de proximidade reproduzidos à náusea …

Já quanto às instituições e à sua atual distância marmórea ao povo, as reformas necessárias para que a proximidade seja uma regra comum, uma vivência na cultura permanente de que as pessoas passam mas ficam as instituições, zero vezes zero.  

a) A Assembleia da República é uma instituição próxima? Não é. 

Então porque razão não se reforma de alto a baixo para que, quem seja deputado, supostamente na função de representante do povo, conheça em permanente proximidade e seja conhecido pelos representados e vice-versa? É certo que Westminster é em Londres mas não se aprende um bocadinho de como um PM em Portugal não tem poder limitado como em Londres?

b) As regiões de Portugal estão próximas dos centros de poder? Não estão. 

Então porque não se cria uma segunda Câmara, com forte representação regional, ao mesmo tempo que se reduz o número de deputados?

c) O Estado Central precisa de estar “centralizado” em Lisboa longe de quem deve servir? Não precisa. 

Então porque não se levam as suas instituições para todo o país…?

E por aí fora…

5. Então qual é afinal, a verdadeira natureza desta pseudo-proximidade dos dias de hoje? 

Um celofane de delicadezas, sorrisos e embustes averiguados, uma forma de verdadeiro populismo.

Sim, Portugal, vive um populismo disfarçado que “usa” o povo e deita fora …

Serve para iludir a não realização do verdadeiro ato de uma permanente e vivida proximidade, das Instituições do Estado ao povo: nas mudanças e reformas urgentes.

Portugal vive hoje o pior que a política e a conduta das instituições pode ser: um verdadeiro ato circense! Mesmo quando mostra “proximidade” …

A proximidade na política


Sem o devido relevo, o centro do mundo português esteve esta semana nas beiras.


O Governo Português e a Comissão Europeia assinaram o Acordo de Parceria do Portugal 2030 (PT 2030), numa cerimónia que decorreu no Centro de Negócios e Serviços Partilhados, no Fundão, e que contou com as presenças da Comissária Europeia da Política de Coesão e Reformas, do Primeiro-Ministro, e da Ministra da Presidência, Portugal 2030, que terá disponíveis 23 mil milhões, materializa o compromisso que o Governo Português assumiu com a Comissão Europeia para o próximo quadro comunitário (2021-2027).

Há um aspeto formal neste ato que importa sublinhar: a escolha do local para o evento, significando que nunca o poder pareceu estar tão próximo dos cidadãos e fora de Lisboa, de modo que tal prática virou regularidade no dia a dia da governação.

Liga-se o écran e é só proximidade.

1. O Primeiro-Ministro perdoa em direto um ministro  e senta-se no areal como um vulgar cidadão… Entretanto, o Presidente da República bebe uma “imperial” numa praça de uma qualquer vila, rodeado de povo …

É a arte política em plenitude como veículo em serviço permanente, mostrando a existência de “proximidade” aos eleitos do povo, agora com esse registo da selfie crónica.

2. Estamos a falar da dessacralização do poder, muito próximos do que será a vida banal de um titular de cargo politico numa democracia de proximidade e espontaneidade, daqui por vinte, trinta anos.

Prosperidade económica, proatividade social, vivência cívica e natural proximidade dos políticos…

Afinal de contas, um cidadão eleito leva à cidadania e ao contacto popular a única coisa que a digitalização e a inteligência artificial (IA) que vão substituir em tantas tarefas o homem, não alcançarão: a emoção, a reflexão, a sensibilidade, a compaixão, o afeto…

Tudo o que constituirá um ponto de diferenciação em relação aos robots da IA do futuro.

3. Mas esta proximidade do poder nos dias que correm, é ao mesmo tempo surpreendente…

É que nunca como hoje, se instalou a perceção de tanto afastamento e distância entre uns e outros e entre todos e as instituições do Estado.

Isto é, fora o show-off dos telejornais, o que existe é uma verdadeira estagnação do regime, uma mumificação do regime, a sacralização do imobilismo, a submissão a um tratado de empatas nas reformas sempre adiadas.

4. Quem tem o poder na atualidade, anda por aí em regulares exercícios cénicos de proximidade reproduzidos à náusea …

Já quanto às instituições e à sua atual distância marmórea ao povo, as reformas necessárias para que a proximidade seja uma regra comum, uma vivência na cultura permanente de que as pessoas passam mas ficam as instituições, zero vezes zero.  

a) A Assembleia da República é uma instituição próxima? Não é. 

Então porque razão não se reforma de alto a baixo para que, quem seja deputado, supostamente na função de representante do povo, conheça em permanente proximidade e seja conhecido pelos representados e vice-versa? É certo que Westminster é em Londres mas não se aprende um bocadinho de como um PM em Portugal não tem poder limitado como em Londres?

b) As regiões de Portugal estão próximas dos centros de poder? Não estão. 

Então porque não se cria uma segunda Câmara, com forte representação regional, ao mesmo tempo que se reduz o número de deputados?

c) O Estado Central precisa de estar “centralizado” em Lisboa longe de quem deve servir? Não precisa. 

Então porque não se levam as suas instituições para todo o país…?

E por aí fora…

5. Então qual é afinal, a verdadeira natureza desta pseudo-proximidade dos dias de hoje? 

Um celofane de delicadezas, sorrisos e embustes averiguados, uma forma de verdadeiro populismo.

Sim, Portugal, vive um populismo disfarçado que “usa” o povo e deita fora …

Serve para iludir a não realização do verdadeiro ato de uma permanente e vivida proximidade, das Instituições do Estado ao povo: nas mudanças e reformas urgentes.

Portugal vive hoje o pior que a política e a conduta das instituições pode ser: um verdadeiro ato circense! Mesmo quando mostra “proximidade” …