Mario Draghi recusa opção de evitar moção de confiança no Senado

Mario Draghi recusa opção de evitar moção de confiança no Senado


Fonte do Ministério de D’Inca informaram que o ministro “teve uma conversa com Draghi, que lhe disse que a única saída é pedir ao Senado um voto de confiança” sobre o Decreto de Ajuda – uma proposta polémica apresentada pelo Governo, que inclui um ajuda de 26.000 milhões de euros para famílias e empresas para…


O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, rejeitou as tentativas do ministro das Relações com o Parlamento, Federico D'Inca, de evitar a moção de confiança prevista para hoje no Senado e que pode derrubar o Governo.

 

Fonte do Ministério de D'Inca informaram que o ministro "teve uma conversa com Draghi, que lhe disse que a única saída é pedir ao Senado um voto de confiança" sobre o Decreto de Ajuda – uma proposta polémica apresentada pelo Governo, que inclui um ajuda de 26.000 milhões de euros para famílias e empresas para mitigar os efeitos da inflação.

A abstenção já anunciada do Movimento Cinco Estrelas (M5S) — que suporta a coligação governamental – poderá fazer com que esta moção de confiança seja derrotada, levando à queda do executivo de Draghi.

"A confiança será depositada no final do debate geral", disseram as mesmas fontes, citadas pelos 'media' locais.

D'Inca – um membro do M5S que foi contra a linha do seu partido, que promete não aprovar a moção de confiança – tentou esta fórmula de mediação com os líderes parlamentares das formações da coligação de Governo que apoia Draghi, e que incluiu partidos desde a extrema-direita à esquerda.

A proposta de D'Inca era votar o decreto sem recorrer à moção de confiança, uma manobra clássica do Parlamento italiano para agilizar a tramitação das leis, como foi feito na passada segunda-feira, na Câmara dos Deputados, onde o M5S apoiou o Governo.

O executivo está à beira da crise depois de o M5S – um dos seus parceiros mais importantes – ter anunciado na quarta-feira à noite que os seus senadores vão sair durante a votação, em sinal de desacordo, por considerarem insuficientes as medidas do decreto.

O primeiro-ministro já avisou que vai não presidir um Governo sem o M5S e que não haverá um "Draghi bis", eliminando a possibilidade de uma recandidatura ao cargo.

Embora, em teoria, Draghi mantenha os apoios necessários para aprovar a moção, e apesar de o líder do M5S, Giuseppe Conte, ter assegurado que o voto de protesto não significa que o partido queira abandonar a coaligação, a falta de apoio deste movimento de extrema-direita deverá forçar o primeiro-ministro a comparecer para uma reunião com o chefe de Estado, Sergio Mattarella, como fez na passada segunda-feira.

A partir daí, abrem-se vários cenários que vão desde a verificação do apoio da maioria, reivindicado por Silvio Berlusconi, ele próprio parceiro da coligação, até à possibilidade de eleições antecipadas, respondendo à exigência feita pela líder do partido radical Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, a única oposição formal no Parlamento.

A verificação solicitada por Berlusconi – à qual se juntou mais tarde o outro parceiro de extrema-direita da coligação, a Liga, de Matteo Salvini – também foi invocada nas últimas horas por outros membros do Governo, como o líder do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, para tentar a possibilidade de manter Draghi no comando de um Governo sem o M5S.

Este cenário coloca-se apesar da insistência de Conte de que nada disto significa que o seu partido esteja a abandonar a coligação, insistindo em que "está absolutamente disponível para ajudar o primeiro-ministro", desde que numa "fase completamente nova de Governo", alegando que as medidas de ajuda social agora propostas "são insuficientes".

Além de Meloni, também Salvini e Letta se manifestaram a favor da antecipação das eleições, marcadas para a próxima primavera, caso Draghi perca o apoio parlamentar.