No filme Interstellar (2014), de Christopher Nolan, a personagem principal, desempenhada por Matthew McConaughey, profere uma frase que ficou para sempre imortalizada no mundo do cinema sobre o espaço: “Costumávamos olhar para o céu e imaginar nosso lugar nas estrelas/Agora apenas olhamos para baixo, preocupados com o nosso lugar na terra”.
O filme já tem quase 10 anos, mas a frase não poderia ser mais atual. Num momento em que o mundo vive uma arrepiante crise global, com a invasão russa da Ucrânia, os rescaldos da pandemia da covid-19 e uma situação de alerta máximo em termos de incêndios florestais, a NASA brindou a Humanidade com uma razão para sorrir e sonhar: as fotografias captadas pelo telescópio James Webb, que se encontra em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, e que é a porta para todo um novo mundo de opções na observação espacial.
Afinal de contas, este telescópio permitiu recolher as imagens mais detalhadas de sempre do Universo, onde é possível vislumbrar as primeiras galáxias formadas logo após o Big Bang, há mais de 13 mil milhões de anos, numa perfeita ‘dança’ cósmica colorida. Isto através da captação de imagens em que a luz se decompõe em diferentes comprimentos de onda – entre eles infravermelho. Daí o contexto ‘único’ das mesmas, já que é este detalhe que permite ao satélite captar, nas imagens agora divulgadas, milhares de galáxias que de outra forma seriam invisíveis ao olho nu.
Imagens que prometem ser o primeiro passo de uma verdadeira revolução científica no que toca à observação espacial, conforme o próprio Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, referiu durante um evento que decorreu na Casa Branca para marcar os seis meses desde o lançamento deste telescópio, considerado o mais poderoso telescópio espacial alguma vez construído.
“É um momento emocional quando vemos a natureza a revelar subitamente alguns dos seus segredos”, considerou o astrofísico Thomas Hansueli Zurbuchen, diretor de ciência na NASA, que se mostrou claramente emocionado com as fascinantes imagens captadas pelo telescópio Webb.
Alvos Mas afinal, que imagens são estas? Conforme a Agência Espacial Europeia (ESA) explicou, em 8 de julho, trata-se de cinco objetos cósmicos, entre eles um planeta extrassolar gigante e uma das maiores e mais brilhantes nebulosas, a Nebulosa Carina, localizada a cerca de 7 600 anos-luz da Terra, na constelação homónima.
Inclui-se também nos ‘alvos’ do telescópio o Quinteto de Stephan, composto por cinco galáxias situado a 290 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Pegasus.