O Governo da Etiópia anunciou hoje um acordo com a ONU para um projeto de reconstrução em Tigray (norte), cenário desde novembro de 2020 de um conflito entre o Exército e a Frente Popular de Libertação de Tigray.
Em comunicado publicado na sua página na Internet, o Ministério das Finanças afirma que assinou um acordo com o Escritório da ONU de Serviços para Projetos (UNOPS, na sigla em inglês) para "executar um projeto de recuperação" que faz parte do "programa de recuperação" financiado pelo Banco Mundial.
Os objetivos são "reconstruir e melhorar o acesso a serviços básicos e infraestrutura de recuperação climática" e "melhorar o acesso a serviços multissetoriais dirigidos a sobreviventes da violência de género em comunidades afetadas pelo conflito na Etiópia".
O Ministério das Finanças acrescenta que o UNOPS "lançará as atividades identificadas no primeiro objetivo", enquanto o segundo objetivo "será executado" por outro organismo, com o qual decorrem negociações, mas que não identifica.
As atividades a executar pelo UNOPS iniciar-se-ão somente após consulta às comunidades locais e compreendem a "reconstrução de serviços básicos nas infraestruturas afetadas pelo conflito" e o "apoio a instituições sociais ao nível comunitário".
"O UNOPS executará o projeto até que a situação em Tigray melhore e permita que o Governo prossiga o projeto com a sua própria estrutura, situação em que o UNOPS entregará as atividades ao Governo", acrescenta o ministério, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
O Banco Mundial tornou-se a primeira instituição financeira a liberar fundos para a Etiópia em abril, uma decisão tomada após o início de uma "trégua humanitária" entre o Exército e a Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, no acrónimo em inglês) no final de março, embora as duas partes se tenham desde então acusado mutuamente de inúmeras violações.
O conflito na Etiópia eclodiu após um ataque da TPLF contra a base principal do Exército, localizada na capital de Tigray, Mekele, após o qual o primeiro-ministro Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.
A TPLF acusa Abiy de aumentar as tensões desde que chegou ao poder, em abril de 2018, quando se tornou o primeiro do grupo étnico Oromo a assumir o cargo.
Até então, a TPLF tinha sido a força dominante na coligação de base étnica que governava a Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (EPRDF).
A TPLF opõe-se às reformas de Abiy, que considera uma tentativa de minar a sua influência.