Notas de intervenção no Congresso do PSD


O PSD permitiu, e até incentivou, o nascimento de partidos que disputam eleitorado que tradicionalmente se revia no PSD e perdeu apoio nos setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa.


Ao longo dos últimos anos o PSD tem esbanjado a confiança de que era credor junto dos portugueses e essa circunstância tem-no conduzido a sucessivos desaires eleitorais e, em particular, o que é mais perigoso, à perpetuação no poder do PS e das ideias que conduzem à estagnação política, económica e social do país, com os custos que essa preferência comporta para o presente e para o futuro de todos nós. Ora, essa escolha – a escolha dos portugueses não é inocente nem ingénua:

não é resultado de um bom  governo – porque não o temos; ou de uma boa governação – que não existe; nem, ao contrário do que alguns menos lúcidos entre nós sugeriram, é culpa dos portugueses, porque eles não são tolos; mas é sim da nossa inteira e exclusiva responsabilidade, de cada um de nós, individual e coletivamente, do PSD.

Nós é que nos temos revelado incapazes de responder às angústias dos jovens que querem ter futuro em Portugal e são compelidos a emigrar para terem uma oportunidade, da frustração da classe média que se vê empobrecer ano após ano, sem perspetivas e sem condições de entregar aos seus filhos os que os seus pais lhes entregaram a eles; da insegurança dos idosos com receio da estabilidade nas pensões ou na assistência na velhice. Por isso, temos, todos, não o Luís, o Jorge, ou outro qualquer,  que compreender que o tempo em que quem era líder do PSD – o último a ficar de pé depois de todas as batalhas e de todas as disputas internas, por mais justificadas ou insensatas que fossem,  – estava ungido, estava consagrado, estava escrito nas estrelas, qual aura mística, que desempenharia o cargo de primeiro-ministro acabou.    

O PSD permitiu, e até incentivou, o nascimento de partidos que disputam eleitorado que tradicionalmente se revia no PSD, perdeu apoio nos setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa, porque muitas vezes se viu num estado catatónico, abdicando de fazer política, de ter opinião, de convencer os portugueses a discutir os grandes temas na nossa linguagem, com a nossa ideologia, à luz da nossa maneira de ver o mundo e isso conduz a que as ideias dominantes na sociedade portuguesa, as que que vingam, são as do PS ou da sua esfera de influência, com os prejuízos que tal acarreta. Ora, esperar que os outros façam mal é a negação da política e é a negação de ter condições para fazer diferente no futuro. Repousar nos erros dos outros é preguiça e nós temos sido preguiçosos. Oiço muitos de nós a dizer que a esquerda tem um complexo ideológico, por exemplo, quanto às PPP da saúde, entre outros temas. Discordo. Quem tem um complexo ideológico somos nós que que não defendemos as nossas ideias com a veemência devida, eles têm um falhanço ideológico, porque as soluções deles são incapazes de construir um país melhor.

O PSD tem que liderar, retomar o caráter reformista, de fazer seu o  sobressalto cívico de todos aqueles que não se resignam com um estado que nivela por baixo: não se conformar com a gestão de declínio de um país empurrado para a cauda da Europa, de um SNS sem acesso, de uma escola sem professores naquilo que hoje se antecipa como a destruição da igualdade de oportunidades que arruína a possibilidade de quem é menos abonado de chegar tão longe quanto o seu empenho e o seu talento lhes permitirem. 

Temos governo há 4 meses e já estamos todos cansados. Pior, o próprio governo já está cansado. Eles estão cansados de governar, mas não estão cansados do poder. 

O PSD tem que se fazer mais útil ao país. Útil no escrutínio e útil na alternativa. Conhecemos o caminho maldito e os seus resultados: não fazer oposição firme nem conseguir construir a alternativa.

Ao Luís Montenegro invejo a ousadia de enfrentar este tempo tão desafiante e desejo a tenacidade para reerguer uma força essencial para acreditar num país melhor.

Presidente do PSD Algarve

Notas de intervenção no Congresso do PSD


O PSD permitiu, e até incentivou, o nascimento de partidos que disputam eleitorado que tradicionalmente se revia no PSD e perdeu apoio nos setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa.


Ao longo dos últimos anos o PSD tem esbanjado a confiança de que era credor junto dos portugueses e essa circunstância tem-no conduzido a sucessivos desaires eleitorais e, em particular, o que é mais perigoso, à perpetuação no poder do PS e das ideias que conduzem à estagnação política, económica e social do país, com os custos que essa preferência comporta para o presente e para o futuro de todos nós. Ora, essa escolha – a escolha dos portugueses não é inocente nem ingénua:

não é resultado de um bom  governo – porque não o temos; ou de uma boa governação – que não existe; nem, ao contrário do que alguns menos lúcidos entre nós sugeriram, é culpa dos portugueses, porque eles não são tolos; mas é sim da nossa inteira e exclusiva responsabilidade, de cada um de nós, individual e coletivamente, do PSD.

Nós é que nos temos revelado incapazes de responder às angústias dos jovens que querem ter futuro em Portugal e são compelidos a emigrar para terem uma oportunidade, da frustração da classe média que se vê empobrecer ano após ano, sem perspetivas e sem condições de entregar aos seus filhos os que os seus pais lhes entregaram a eles; da insegurança dos idosos com receio da estabilidade nas pensões ou na assistência na velhice. Por isso, temos, todos, não o Luís, o Jorge, ou outro qualquer,  que compreender que o tempo em que quem era líder do PSD – o último a ficar de pé depois de todas as batalhas e de todas as disputas internas, por mais justificadas ou insensatas que fossem,  – estava ungido, estava consagrado, estava escrito nas estrelas, qual aura mística, que desempenharia o cargo de primeiro-ministro acabou.    

O PSD permitiu, e até incentivou, o nascimento de partidos que disputam eleitorado que tradicionalmente se revia no PSD, perdeu apoio nos setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa, porque muitas vezes se viu num estado catatónico, abdicando de fazer política, de ter opinião, de convencer os portugueses a discutir os grandes temas na nossa linguagem, com a nossa ideologia, à luz da nossa maneira de ver o mundo e isso conduz a que as ideias dominantes na sociedade portuguesa, as que que vingam, são as do PS ou da sua esfera de influência, com os prejuízos que tal acarreta. Ora, esperar que os outros façam mal é a negação da política e é a negação de ter condições para fazer diferente no futuro. Repousar nos erros dos outros é preguiça e nós temos sido preguiçosos. Oiço muitos de nós a dizer que a esquerda tem um complexo ideológico, por exemplo, quanto às PPP da saúde, entre outros temas. Discordo. Quem tem um complexo ideológico somos nós que que não defendemos as nossas ideias com a veemência devida, eles têm um falhanço ideológico, porque as soluções deles são incapazes de construir um país melhor.

O PSD tem que liderar, retomar o caráter reformista, de fazer seu o  sobressalto cívico de todos aqueles que não se resignam com um estado que nivela por baixo: não se conformar com a gestão de declínio de um país empurrado para a cauda da Europa, de um SNS sem acesso, de uma escola sem professores naquilo que hoje se antecipa como a destruição da igualdade de oportunidades que arruína a possibilidade de quem é menos abonado de chegar tão longe quanto o seu empenho e o seu talento lhes permitirem. 

Temos governo há 4 meses e já estamos todos cansados. Pior, o próprio governo já está cansado. Eles estão cansados de governar, mas não estão cansados do poder. 

O PSD tem que se fazer mais útil ao país. Útil no escrutínio e útil na alternativa. Conhecemos o caminho maldito e os seus resultados: não fazer oposição firme nem conseguir construir a alternativa.

Ao Luís Montenegro invejo a ousadia de enfrentar este tempo tão desafiante e desejo a tenacidade para reerguer uma força essencial para acreditar num país melhor.

Presidente do PSD Algarve