O Atlântico que vive em nós


A abertura de novas possibilidades e de uma voz em uníssono que permita a criação de novas oportunidades para os mais jovens e para os que, não lhes chega o valor para atingir certo tipo de patamares porque simplesmente não lhes é dado palco para tal.


A semana passada tive o privilégio de ser convidado para a Cimeira das Indústrias Criativas do Atlântico na Madeira, mais propriamente no Centro Cultural John dos Passos, no concelho da Ponta do Sol. O evento, organizado por um dos grandes movimentos associativos que aglutinam os países do espaço CPLP (Associação das Indústrias Criativas AIC), versava sobre a criação conjunta e as oportunidades que existem neste espaço comum a todos.

Tendo como lema “Somos todos parte”, incluía agentes culturais, criativos e políticos, que por uma razão de mérito e experiência ou por se encontrarem em esferas de decisão foram convidados a partilhar a sua experiência, o seu pensamento, sobre este mundo muitas vezes desvalorizado mas que representa um mar de perspectivas, em diversas áreas.

Num município a fervilhar de contemporaneidade, com destaque para a programação e excepcional arquitectura da estalagem da Ponta do Sol, foram vários os momentos de interesse, mas gostaria sobretudo de destacar a forma como pessoas de diferentes áreas, latitudes e geografias souberam “casar” entre si, na forma de estar, na motivação que trouxeram na bagagem mas acima de tudo no sentimento de que podemos de facto chegar mais longe se caminharmos todos em conjunto.

Não foram por isso poucas as ideias deixadas em cima da mesa e que servirão de mote para futuras edições que se prevê serem realizadas em cada um dos países participantes, que incluíram no seu formato original a Guiné Bissau, Angola, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe, além de Portugal, e que segundo consegui perceber se deverá estender para outros países africanos como Marrocos ou o Senegal.

Eu, que era já repetente, senti nesta 5ª edição uma ligação como em nenhuma outra, que superou os interesses pessoais ou as ambições de cada um mas que desenvolveu nos convidados um vínculo tão forte que me fez lembrar o famoso filme dirigido por George Clooney, The Monuments Men, em que um conjunto de artistas e museólogos do Programa de Monumentos, Artes e Arquivos, surgiam como guardiões que se predispunham a localizar e resgatar o património posto em causa pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Foi esse o grande desígnio que saiu de um evento tão rico, a predisposição que os presentes demonstraram em sacrificar parte do seu tempo em nome de um propósito comum.

A abertura de novas possibilidades e de uma voz em uníssono que permita a criação de novas oportunidades para os mais jovens e para os que, não lhes chega o valor para atingir certo tipo de patamares porque simplesmente não lhes é dado palco para tal.

Nunca será de mais referir a importância da criação de ecossistemas baseados no mérito e nas circunstâncias em áreas como a cultura ou nas industrias criativas, num mundo cada vez mais carregado de oportunismos e interesses próprios. É fundamental continuarem a existir espaços de diálogo como este, mas que mais do que o dialogo possam ser frutíferos e que signifiquem novos passos num caminho de interação e construção comuns. Sobretudo neste Atlântico que nos une, num Atlântico que (quer queiramos ou não) vive em nós.

P.S. Uma palavra de solidariedade para todos os profissionais deste jornal que sofreram esta semana um vil ataque no ciberespaço que os impediu de colocar nas bancas todo o seu trabalho. Tenho a certeza que não os intimida e que resistirão ainda mais fortes.

O Atlântico que vive em nós


A abertura de novas possibilidades e de uma voz em uníssono que permita a criação de novas oportunidades para os mais jovens e para os que, não lhes chega o valor para atingir certo tipo de patamares porque simplesmente não lhes é dado palco para tal.


A semana passada tive o privilégio de ser convidado para a Cimeira das Indústrias Criativas do Atlântico na Madeira, mais propriamente no Centro Cultural John dos Passos, no concelho da Ponta do Sol. O evento, organizado por um dos grandes movimentos associativos que aglutinam os países do espaço CPLP (Associação das Indústrias Criativas AIC), versava sobre a criação conjunta e as oportunidades que existem neste espaço comum a todos.

Tendo como lema “Somos todos parte”, incluía agentes culturais, criativos e políticos, que por uma razão de mérito e experiência ou por se encontrarem em esferas de decisão foram convidados a partilhar a sua experiência, o seu pensamento, sobre este mundo muitas vezes desvalorizado mas que representa um mar de perspectivas, em diversas áreas.

Num município a fervilhar de contemporaneidade, com destaque para a programação e excepcional arquitectura da estalagem da Ponta do Sol, foram vários os momentos de interesse, mas gostaria sobretudo de destacar a forma como pessoas de diferentes áreas, latitudes e geografias souberam “casar” entre si, na forma de estar, na motivação que trouxeram na bagagem mas acima de tudo no sentimento de que podemos de facto chegar mais longe se caminharmos todos em conjunto.

Não foram por isso poucas as ideias deixadas em cima da mesa e que servirão de mote para futuras edições que se prevê serem realizadas em cada um dos países participantes, que incluíram no seu formato original a Guiné Bissau, Angola, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe, além de Portugal, e que segundo consegui perceber se deverá estender para outros países africanos como Marrocos ou o Senegal.

Eu, que era já repetente, senti nesta 5ª edição uma ligação como em nenhuma outra, que superou os interesses pessoais ou as ambições de cada um mas que desenvolveu nos convidados um vínculo tão forte que me fez lembrar o famoso filme dirigido por George Clooney, The Monuments Men, em que um conjunto de artistas e museólogos do Programa de Monumentos, Artes e Arquivos, surgiam como guardiões que se predispunham a localizar e resgatar o património posto em causa pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Foi esse o grande desígnio que saiu de um evento tão rico, a predisposição que os presentes demonstraram em sacrificar parte do seu tempo em nome de um propósito comum.

A abertura de novas possibilidades e de uma voz em uníssono que permita a criação de novas oportunidades para os mais jovens e para os que, não lhes chega o valor para atingir certo tipo de patamares porque simplesmente não lhes é dado palco para tal.

Nunca será de mais referir a importância da criação de ecossistemas baseados no mérito e nas circunstâncias em áreas como a cultura ou nas industrias criativas, num mundo cada vez mais carregado de oportunismos e interesses próprios. É fundamental continuarem a existir espaços de diálogo como este, mas que mais do que o dialogo possam ser frutíferos e que signifiquem novos passos num caminho de interação e construção comuns. Sobretudo neste Atlântico que nos une, num Atlântico que (quer queiramos ou não) vive em nós.

P.S. Uma palavra de solidariedade para todos os profissionais deste jornal que sofreram esta semana um vil ataque no ciberespaço que os impediu de colocar nas bancas todo o seu trabalho. Tenho a certeza que não os intimida e que resistirão ainda mais fortes.