NBA. Franchises procuram salvador

NBA. Franchises procuram salvador


Depois de anos de mediocridade, os Orlando Magic, Oklahoma City Thunder e Houston Rockets, as três equipas que ficaram em primeiro lugar no draft da NBA, procuram uma jovem estrela para guiar o franchise de novo a voos mais altos.


Em 1969, já cantava Mick Jagger, acompanhado pelo London Bach Choir, “You Can’t Always Get What You Want”, uma verdade com que muitas pessoas se conseguem identificar.

Mas e quando conseguimos efetivamente aquilo que queremos? Pode ser uma grande sensação de felicidade, mas esta é acompanhada por uma grande pressão para não estragar esta oportunidade.

Ora, as três equipas que ocuparam os três primeiros lugares da lotaria do draft da NBA, evento anual da liga de basquetebol onde as equipas selecionam os rookies (jogadores de primeiro ano que acabam de entrar na liga), Orlando Magic, Oklahoma City Thunder e Houston Rockets (com, respetivamente, as escolhas 1, 2 e 3) deparam-se com uma grande encruzilhada: escolher o melhor jogador possível que pode conduzir a equipa à glória e ao título ou tomar a escolha errada e continuar a ser uma equipa medíocre.

Numa escolha inesperada, o franchise de Orlando escolheu Paolo Banchero, um jovem atleta de 19 anos pronto para afundar em cima de qualquer adversário, mas que apenas foi associado a este clube pela primeira vez minutos antes de o draft começar.

Porque é que o poste parecia então estar tão longe de Orlando? Ao contrário de Chet Holmgreen e Jabari Smith Jr. (escolhidos em segundo e terceiro lugar), Banchero é um jogador cuja capacidade defensiva suscita muitas dúvidas, com analistas a apontarem como um dos seus maiores problemas a falta de esforço investido no lado defensivo do campo durante os seus dias de basquetebol colegial e universitário.

No entanto, em termos ofensivos, Banchero, comparado a atletas como Chris Webber ou Blake Griffin (um dos melhores atletas a afundar na história da NBA), parece ser um dos rookies com maior capacidade para tornar-se um dos melhores marcadores da liga rapidamente, enquanto possui também uma elevada inteligência que faz dele um distribuidor da bola acima da média para a sua estatura (2,08 metros e 113 kg).

Com esta escolha, os Orlando Magic esperam juntar mais um jovem atleta ao seu jovem plantel, que conta com talentos como Cole Anthony, Franz Wagner ou Jalen Suggs, e contar imediatamente com o seu talento para colocar a bola dentro do cesto, uma das maiores necessidades para o franchise com um dos piores registos ofensivos da liga. 
Escolhido em segundo lugar está Chet Holmgreen, um dos maiores riscos e curiosidades deste draft. Considerado um “unicórnio”, designação atribuída a atletas como Kristaps Porzingis, o ex-jogador da universidade de Gonzaga é um dos projetos mais interessantes deste draft devido à sua capacidade exímia para bloquear lançamentos devido à elevadíssima estatura (2,13 metros), acompanhada pela capacidade para lançar triplos (teve uma média de 41,2% na universidade) e para driblar a bola, tornando-o um pesadelo no contra ataque.

Mas com tanto potencial, porque é que as equipas haveriam de ter medo de escolher este “unicórnio” que foi comparado por Kevin O’Connor do The Ringer a um “Rudy Gobert [jogador francês escolhido por três vezes como o melhor jogador defensivo da NBA] com capacidade de lançar triplos”?

O problema de Holmgreen é o risco associado ao seu corpo. Apesar de ter 2,13 metros, o poste pesa apenas 85 kg, o que preocupa especialistas, que acreditam que não terá a força suficiente para jogar na liga devido à falta de músculos e ao risco associado a lesões que o seu físico acarreta.

Sim, existem muitos riscos associados à escolha de Holmgreen, um “bust” (jogadores com imenso potencial que acabam por desapontar na liga) nesta posição pode colocar em risco um futuro sorridente para estas equipas. No entanto, se tudo correr bem para o “unicórnio”, a turma de Oklahoma pode ganhar um dos futuros melhores “big man” da liga, com uma elevada capacidade para defender o cesto, algo que fazia falta aos Thunder, mas que pode encestar de qualquer lado do campo, servindo como um alvo para os passes do australiano Josh Giddey e para abrir espaço para Shai Gilgeous-Alexander, visto como a estrela da equipa, operar e comandar a ofensiva.

Considerado a escolha mais segura entre o top 3 da classe de rookies deste ano, e durante muito tempo o favorito para ser escolhido na primeira posição, mas que acabou por cair na terceira posição, reforçando os Houston Rockets, Jabari Smith Jr., filho de Jabari Smith, um ex-jogador da NBA, o poste de 19 anos é, segundo especialistas, o jogador mais pronto para contribuir para a liga entre os seus colegas. Com um lançamento refinado pronto para disparar de qualquer lado do campo (incluindo da linha de 3 pontos, tendo uma eficácia de 43,6% durante a liga universitária) e uma técnica defensiva pronta para importunar os seus adversários, Jabari, de 19 anos, mostra atributos suficientes para entrar no 5 de qualquer equipa. 

No entanto, uma das grandes inseguranças em relação à sua escolha está relacionada com o seu potencial. Analistas apontam que um dos jogadores mais parecidos com Jabari dentro de campo é Rashard Lewis, ex-atleta que passou por equipas como Seattle SuperSonics ou Orlando Magic e que foi All-Star em duas ocasiões, mas que nunca alcançou o estatuto de um dos melhores da liga.

O grande receio em Jabari é este, as equipas escolherem um excelente jogador de apoio e não uma estrela para conduzir a equipa a aspirações maiores. 

Apesar de Jabari não ser, alegadamente, a escolha favorita dos Rockets, estes foram associados durante muito tempo a Banchero, a sua adição na equipa pode ser a mais segura e lógica. Apesar da ideia de Banchero e a estrela a equipa texana, Jalen Green, poderem formar uma das duplas ofensivas mais infalíveis da NBA, Jabari oferece uma maior segurança e maturidade ao plantel, permitindo a abertura de espaço no meio campo ofensivo, dada a sua capacidade para lançar de três pontos, e uma capacidade defensiva que Banchero (ainda) não tem e que os outros postes dos Rockets, nomeadamente o jovem talento turco Alperen Sengun, também ainda não atingiu.

Rumores e promessas não cumpridas Antes do pontapé de saída, muitos jornalistas norte-americanos afirmavam que este draft poderia ser um dos mais animados dos últimos tempos, não por causa dos jovens talentos, mas por causa de trocas de picks por jogadores mais experientes.

Contudo, terminado o certame, esta promessa saiu furada, com a única movimentação desse género mais mediática a acontecer entre os New York Knicks e os Detroit Pistons, que enviaram o contrato indesejado de Kemba Walker e o jogador selecionado na 11ª posição, Jalen Duren, para Detroit em troca de uma pick do próximo ano.

Quem esfregou as mãos de satisfação foram os Pistons, que podem ser considerados um dos grandes “vencedores” desta noite, que não só conseguiram juntar ao seu plantel o tão cobiçado poste, como viram cair para a quinta posição o base Jaden Ivey, um dos melhores jogadores desta classe e que fará um dos mais promissores duos de bases com Cade Cunningham, a escolha número um do ano passado.

Com a inteligência e a capacidade de distribuir a bola de Cade e a velocidade e capacidade de finalizar de Ivey, esta dupla será uma das mais interessantes para acompanhar durante a época.

Quem deixou passar Ivey foram os Sacramento Kings, que optaram por escolher Keegan Murray, um poste com uma capacidade defensiva versátil e com capacidade para lançar de qualquer lado do campo. Muitos analistas ficaram desapontados com a escolha desta equipa uma vez que era esperado que estes trocassem a sua pick por um jogador mais experiente que fosse capaz de ajudar o seu plantel, liderado por De’Aaron Fox e Domantas Sabonis, a terminar a sua seca e finalmente chegar aos playoffs, uma vez que não alcançam esta fase da época há 16 anos.

No entanto, uma surpresa que se pode vir a revelar como o “roubo” do draft foi os Portland Trailblazers terem escolhido Shaedon Sharpe na sétima posição. Também era esperado que o franchise de Portland trocasse esta pick por um jogador mais experiente que fosse capaz de ajudar a estrela da equipa Damian Lillard a alcançar o tão cobiçado anel de campeão. No entanto, a equipa optou por escolher este jovem talento considerado o “homem mistério” da classe, uma vez que Sharpe optou por não jogar durante o seu ano na universidade, preferindo treinar sozinho para se preparar para a NBA.

O sucesso de Sharpe na NBA é uma das grandes narrativas mais aguardadas da próxima temporada da liga americana de basquetebol, mas nada garante que este continue na equipa: há rumores a circular que o jovem talento canadiano possa ainda ser trocado pelo tal veterano, com meios de comunicação a apontar o regresso para a sua terra natal, os Toronto Raptors, como uma possibilidade, dado o desejo dos Trailblazers contarem com o especialista defensivo OG Anunoby no seu plantel.