Monkeypox. OMS pondera declarar emergência de saúde global

Monkeypox. OMS pondera declarar emergência de saúde global


Especialistas africanos acusam a OMS de apenas tratar como “emergência” as crises de saúde nos países desenvolvidos.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu na quinta-feira para decidir se declara a varíola dos macacos uma “emergência de saúde pública de interesse internacional”. Este é o nível mais alto de alerta da OMS. A agência não declara pandemias, mas começou a usar esta denominação para descrever a covid-19 em janeiro de 2020. Apesar da Monkeypox não se disseminar como o novo coronavírus e existirem vacinas e tratamentos disponíveis, este vírus tem suscitado o alarme internacional.

Entre a comunidade científica africana, esta reunião de urgência da OMS foi vista com maus olhos, pois há anos que este vírus é endémico em várias regiões de África, mas nunca foi tomada uma decisão semelhante para dar resposta a essa crise. Desde o início de 2022, naquele continente foram registados mais de 1500 casos suspeitos, dos quais 66 foram fatais, segundo dados oficiais.

“Quando uma doença afeta os países em desenvolvimento, aparentemente não se trata de uma emergência. Só se torna uma emergência quando os países desenvolvidos são afetados”, acusou o professor Emmanuel Nakoune, diretor interino do Institut Pasteur em Bangui, na República Centro-Africana, que dirige testes de um tratamento contra a Monkeypox.

A contagem de casos do atual surto fora de África supera já os 3 mil infetados em mais de 40 países. Por cá, a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou, na quinta-feira, mais 11 casos de infeção pelo vírus Monkeypox desde quarta-feira, elevando para 328 o número total de pessoas infetadas em Portugal.

A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido identificou como grupo de maior risco os homens que fazem sexo com outros homens e que têm múltiplos parceiros e que participam em sexo em grupo. A transmissão do vírus não está associada especificamente a relações homossexuais, mas é favorecida pela proximidade resultante de qualquer tipo de relação sexual.

De acordo com as autoridades de saúde, a manifestação clínica da Monkeypox é geralmente ligeira, com a maioria das pessoas infetadas a recuperar da doença em poucas semanas. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, nódulos linfáticos inchados, calafrios, exaustão, evoluindo para erupção cutânea.