Ucrânia. Nova ponte destruída complica retirada de civis de Severodonetsk

Ucrânia. Nova ponte destruída complica retirada de civis de Severodonetsk


Forças russas destruiram mais uma ponte que ligava Severodonetsk à sua cidade gémea, deixando esta região ainda mais isolada e com menos opções para evacuar os seus cidadãos.


A região de Severodonetsk pode estar muito perto de ser controlada pelas forças russas, depois de uma ponte que a ligava à sua cidade gémea, Lysychansk, ter sido destruída, quebrando assim uma possível rota de evacuação para os civis, informaram as autoridades locais, que temem que a derrota possa chegar nos próximos dois dias.

Segundo o governador de Luhansk, Serhiy Haidai, a província onde se situa Severodonetsk, a infraestrutura destruída foi a que se encontrava sob o rio Siverskyi, deixando assim apenas uma de três pontes a ligar as cidades.

“Se após um novo bombardeamento a ponte desmoronar, a cidade ficará efetivamente cortada”, disse o governardor de Luhansk. “Não haverá maneira de abandonar Severodonetsk através de um veículo”, disse Gaidai, acrescentando que ainda não foi oficializado um acordo de cessar-fogo e não foi criado nenhum corredor de evacuação.

As autoridades ucranianas, que afirmam que um bombardeamento russo na cidade gémea Lysychansk fez uma vítima mortal, uma mulher, e destruiu quatro casas e um centro comercial, revelaram que aproximadamente um terço de Severodonetsk está sob controlo ucraniano, enquanto os russos controlam os restantes dois terços. 

Um líder da região separatista da Ucrânia, República Popular de Donetsk, disse que as forças ucranianas em Severodonetsk deviam “render-se ou morrer”. “Eles não têm outra opção”, disse o representante militar da autoproclamada República Popular de Donetsk, no Donbass, Eduard Basurin, citado pelo Al Jazeera.

A situação em Severodonestsk está mais complicada do que nunca, e as próprias autoridades de Kiev estão conscientes, tendo afirmado que a derrota pode chegar nos próximos dois dias.

Severodonetsk é a última cidade da província de Luhansk, em Donbass, que ainda é controlada pela Ucrânia. A sua perda seria um golpe estratégico significativo, uma vez que uma vitória para os russos deixaria o Kremlin um passo mais perto dos objetivos declarados pelo Presidente russo, Vladimir Putin, no que ele considera ser uma “operação militar especial”.

Mais de 1200 corpos não identificados Foram descobertos mais de 1200 corpos até agora na região de Kiev, parcialmente ocupada há várias semanas por forças russas – anunciou a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova –, cuja identidade está a ser muito difícil de descobrir, afirmou o chefe da polícia nacional deste país, Ihor Klymenko.

“Até ao momento, temos 1222 pessoas mortas apenas na região de Kiev”, disse este domingo Iryna Venediktova, numa entrevista ao canal britânico Sky News, em que também relatou 5 600 investigações abertas por alegados crimes de guerra desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Há uma semana, Iryna Venediktova tinha quantificado 410 civis mortos encontrados nos territórios libertados da região de Kiev.

A procuradora admitiu na altura que pudessem existir muitos outros cadáveres que ainda não tinham sido recolhidos e avaliados.

Só na cidade de Bucha, a noroeste de Kiev, que se tornou um símbolo das atrocidades da guerra na Ucrânia, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com um relatório anunciado pelas autoridades ucranianas em 02 de abril.

Segundo Klymenko, entre os mortos cerca de 75% eram homens, 2% eram crianças e os restantes eram mulheres. 

“Esses são civis, pessoas que não tinham nenhuma ligação com as forças armadas ou agências de aplicação da lei”, disse o chefe da polícia, acrescentando ainda que o processo de identificação dos cadáveres está a ser dificultado pela avançado estado de “decomposição”.

Amnistia Internacional acusa Rússia de crimes de guerra A Amnistia Internacional acusou a Rússia de cometer crimes de guerra na cidade ucraniana de Kharkiv, ao utilizar bombas de fragmentação, de uso proibido, que mataram centenas de civis, indica um relatório daquela organização não-governamental.

Intitulado “Qualquer um pode morrer a qualquer momento”, neste relatório a Amnistia condena ataques das forças russas na cidade ucraniana, que causaram morte e destruição durante bombardeamentos realizados em bairros residenciais no final de fevereiro.

Na investigação, é afirmado que foram encontradas provas suficientes que afirmam que as forças russas usaram repetidamente munições “cluster 9N210 e 9N235”, bem como explosivos de dispersão, ambas proibidas por tratados internacionais, devido aos seus efeitos indiscriminados.

“O povo de Kharkiv enfrentou bombardeamentos indiscriminados e implacáveis nos últimos meses, que mataram e feriram centenas de civis”, disse Donatella Rovera, responsável da Amnistia, acrescentando que “pessoas morreram nas suas casas e nas ruas, em parques infantis e cemitérios, enquanto faziam fila por ajuda humanitária ou compravam comida ou remédios”.