Jorge Miranda admite que Portugal tem muitos problemas, mas acredita que país os vai enfrentar com sucesso

Jorge Miranda admite que Portugal tem muitos problemas, mas acredita que país os vai enfrentar com sucesso


“Não negamos o nosso passado. Assumimo-lo serenamente no confronto dos outros povos. Assumimo-lo no presente e voltados para o futuro”, afirmou o constitucionalista. “Portugal”, “portugalidade” e “patriotismo”, foram as palavras que escolheu para evocar o 10 de Junho.


O presidente da comissão organizadora das comemorações do 10 de junho, o constitucionalista Jorge Miranda, afirmou, esta sexta-feira, que não faltam problemas a Portugal "em todas as áreas", mas, ao memo tempo, mostrou-se otimista em relação ao futuro.

"Não é que nos faltem problemas em todas as áreas e que havemos de enfrentar com determinação cívica, através de respostas adequadas e que poderão, legitimamente, variar com a alternância e as alternativas democráticas", disse no seu discurso, em Braga, na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Jorge Miranda defendeu que um melhor aproveitamento do mar. "Um desafio que vem de sempre e que, nos dias de hoje, se torna mais exigente. É o desafio do mar, do mar, inseparável da sensibilidade dos portugueses, o desafio do mar com a zona económica exclusiva e os seus recursos a aproveitar", referiu.

De seguida elencou alguns dos momentos mais importantes da história do país, com "muitos motivos de júbilo, a par de alguns de desgosto e de tristeza".

Os Descobrimentos, a abolição da pena de morte e a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, de Lisboa ao Rio de Janeiro, foram apenas algumas das marcas apontadas como positivas.

Pelo contrário, lembrou como motivos de desgosto, a expulsão dos judeus, a Inquisição, a escravatura, o tratamento dado a muitas populações e o estatuto do indigenato, recordando ainda as "crueldades" do Marquês de Pombal e o surto laicista radical dos primeiros anos da República.

Referiu também o período entre 1926 a 1974, com censura, polícia política, perseguições, prisões, deportações e a "total incompreensão que ele teve das mudanças no mundo desde 1945, levando a três guerras sem sentido, com milhares de mortos".

O presidente da comissão organizadora das comemorações do 10 de junho evocou o pós-25 de abril como “um período de estabilidade sem paralelo desde meados do século XIX". Falou em "avanços importantes" na igualdade entre homens e mulheres, ao Serviço Nacional de Saúde, ao ensino obrigatório até aos 18 anos, à generalização do abastecimento de água e do saneamento e ao desenvolvimento da fiscalização da constitucionalidade.

"Não negamos o nosso passado. Assumimo-lo serenamente no confronto dos outros povos. Assumimo-lo no presente e voltados para o futuro", afirmou.

Evocando o 10 de Junho, o constitucionalista usou os termos: "Portugal", "portugalidade" e "patriotismo".

"E não falo em nacionalismo pelas conotações que o termo poderá comportar", fez questão de explicar, referindo que nos dias de hoje "grassam nacional-populismos radicais e que chegam mesmo a fazer guerras de invasão".