As projeções demográficas para o nosso país são aterradoras: perdas na ordem de 440 mil, 870 mil e quase um milhão e meio de habitantes, respetivamente em 2030, 2040 e 2050. E, a par disso, perdas qualitativas, ou seja, uma hemorragia dos mais qualificados, privando o país, como já temos vindo a testemunhar em larga escala. Nestes tempos, a globalização assenta também na mobilidade dos recursos humanos, facto que na anterior geração não se fazia sentir.
A emergência das tecnologias, a facilidade no acesso a viagens, o inglês feito língua de trabalho, o afastamento de obstáculos burocráticos à emigração, todos estes aspetos conduzem a uma reapreciação dos projetos de vida tradicionais e escancaram portas a uma disputa pelos mais produtivos em cada setor. Portugal tem assim dois factores críticos que deve superar: reequilibrar a sua pirâmide demográfica e reter os jovens. Em ambos os casos ainda estamos longe e nem começamos a fazer por isso.
Esta empreitada é vital para que não sejamos arrastados para uma mera gestão de declínio, já que é sabido que uma sociedade envelhecida tem uma ordem de preferências mais conformada e avessa à mudança. Esta questão decisiva ainda não está no cerne das opções políticas nem sociais do país, apenas, por vezes, nas parangonas dos jornais ou em algum discurso mais inflamado se houve uma breve referência ou o anúncio de qualquer medida desgarrada insusceptível de inverter esta penosa tendência.
Cabe a todos nós exigir que se faça diferente.
Militante do PSD