Portugal e o Futuro


As previsões de crescimento para 2022 são bons sinais da abertura de um novo ciclo.


Por Carlos Zorrinho, Eurodeputado do PS

Embora o título deste artigo retome o que foi utilizado pelo General António de Spínola para em fevereiro de 1974 publicar um livro sobre a sua visão para o futuro do Portugal, num quadro de dissolução do Estado Novo e grande pressão nacional e internacional sobre as opções coloniais, nele apenas pretendo refletir um pouco sobre as ameaças e oportunidades que se colocam a Portugal no atual contexto geopolítico, aproveitando a “boleia” do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que num recente encontro sobre o tema afirmou que Portugal é “beneficiário líquido” da atual situação internacional.

Segundo os relatos divulgados, o mais alto magistrado da Nação baseou a sua contabilidade numa aferição de proximidades, ou seja, no facto de Portugal estar próximo na sua ação solidária com o povo ucraniano e com a coligação internacional que pugna pela soberania e liberdade dos povos, mas ao mesmo tempo estar territorialmente afastado do teatro da guerra, o que pode reforçar a centralidade de Portugal para as novas apostas de investimento e localização de serviços, indústrias e pessoas. 

Num mundo cada vez mais interligado pelas tecnologias, pelas redes e pelos fenómenos naturais que não respeitam fronteiras, a medição dos efeitos de um contexto internacional complexo num território ou País em concreto é um exercício que só pode ser feito com base em cenários prováveis. Portugal, enquanto País rede, com amarrações múltiplas e sólidas no contexto internacional, ganhará se reforçar o seu posicionamento nessa rede e se a interdependência com autonomia estratégica for a malha prevalecente face à invasão da Ucrânia pela Federação Russa e conseguir suplantar a tendência para a formação de dois blocos geopolíticos antagónicos. 

O nosso posicionamento no eixo atlântico e o nosso reconhecido potencial diplomático e estratégico poderá dar-nos vantagens mesmo no quadro de um mundo fraturado e dentro do bloco democrático, mas a dinâmica relacional é a “praia” em que sempre nos inserimos melhor e assegurámos melhores resultados.

Portugal merece estar e está na moda, para o turismo, para o investimento externo, para os nómadas digitais, para os apreciadores de políticas progressistas e sustentáveis. Temos muito mérito coletivo em ter voltado a estar nos radares globais depois do empobrecimento enquanto estratégia ter ocupado o palco da nossa governação no ciclo politico da primeira metade da década anterior. As previsões de crescimento para 2022 são bons sinais da abertura de um novo ciclo.

Desta vez, no entanto, temos que ir mais longe e conseguir embeber os efeitos da moda e no ciclo na nossa estrutura económica e social. Temos que potenciar as competências e os quadros institucionais que permitam transformá-la num novo patamar de convergência e desenvolvimento sustentável. Mais do que “beneficiários líquidos”, temos que pugnar pela solidez no aproveitamento da oportunidade. Ser solidário externa e internamente não é uma escolha em alternativa, mas antes um conjunto que se complementa e permite ambicionar um melhor futuro para Portugal e para o mundo. 

Portugal e o Futuro


As previsões de crescimento para 2022 são bons sinais da abertura de um novo ciclo.


Por Carlos Zorrinho, Eurodeputado do PS

Embora o título deste artigo retome o que foi utilizado pelo General António de Spínola para em fevereiro de 1974 publicar um livro sobre a sua visão para o futuro do Portugal, num quadro de dissolução do Estado Novo e grande pressão nacional e internacional sobre as opções coloniais, nele apenas pretendo refletir um pouco sobre as ameaças e oportunidades que se colocam a Portugal no atual contexto geopolítico, aproveitando a “boleia” do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que num recente encontro sobre o tema afirmou que Portugal é “beneficiário líquido” da atual situação internacional.

Segundo os relatos divulgados, o mais alto magistrado da Nação baseou a sua contabilidade numa aferição de proximidades, ou seja, no facto de Portugal estar próximo na sua ação solidária com o povo ucraniano e com a coligação internacional que pugna pela soberania e liberdade dos povos, mas ao mesmo tempo estar territorialmente afastado do teatro da guerra, o que pode reforçar a centralidade de Portugal para as novas apostas de investimento e localização de serviços, indústrias e pessoas. 

Num mundo cada vez mais interligado pelas tecnologias, pelas redes e pelos fenómenos naturais que não respeitam fronteiras, a medição dos efeitos de um contexto internacional complexo num território ou País em concreto é um exercício que só pode ser feito com base em cenários prováveis. Portugal, enquanto País rede, com amarrações múltiplas e sólidas no contexto internacional, ganhará se reforçar o seu posicionamento nessa rede e se a interdependência com autonomia estratégica for a malha prevalecente face à invasão da Ucrânia pela Federação Russa e conseguir suplantar a tendência para a formação de dois blocos geopolíticos antagónicos. 

O nosso posicionamento no eixo atlântico e o nosso reconhecido potencial diplomático e estratégico poderá dar-nos vantagens mesmo no quadro de um mundo fraturado e dentro do bloco democrático, mas a dinâmica relacional é a “praia” em que sempre nos inserimos melhor e assegurámos melhores resultados.

Portugal merece estar e está na moda, para o turismo, para o investimento externo, para os nómadas digitais, para os apreciadores de políticas progressistas e sustentáveis. Temos muito mérito coletivo em ter voltado a estar nos radares globais depois do empobrecimento enquanto estratégia ter ocupado o palco da nossa governação no ciclo politico da primeira metade da década anterior. As previsões de crescimento para 2022 são bons sinais da abertura de um novo ciclo.

Desta vez, no entanto, temos que ir mais longe e conseguir embeber os efeitos da moda e no ciclo na nossa estrutura económica e social. Temos que potenciar as competências e os quadros institucionais que permitam transformá-la num novo patamar de convergência e desenvolvimento sustentável. Mais do que “beneficiários líquidos”, temos que pugnar pela solidez no aproveitamento da oportunidade. Ser solidário externa e internamente não é uma escolha em alternativa, mas antes um conjunto que se complementa e permite ambicionar um melhor futuro para Portugal e para o mundo.